Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

sábado, 4 de setembro de 2010

Episódio 16  



Kinji estava nervoso!
Sempre fora um fraco, um covarde a vida toda, que nunca aprendeu, nem nunca gostou de lutar a vida toda.Agora, além de se desviar de sua missão especial, estava ao lado da mulher que amava, e que tinha de proteger, ele sentia que tinha de proteger, e desconfiava que se ele e ela se rendessem, ele seria morto, e ela ,estuprada em série e presa,para morrer na prisão, ou mesmo servir de escrava sexual dos guardas da prisão pelo resto da vida.E isto, ele pensava, não podia acontecer! Era preferível que ela morresse,do que um destino tão cruel,e ele tinha certeza de que ela também pensava desta maneira.Era preciso, pela primeira vez na vida,tomar uma atitude de homem, e dar a sua vida para tentar preservar a dela.Mesmo com todo o medo e nervoso da situação,ele resolveu soltar sua voz:
-Minoko, querida,eu vou defende-la!Para trás, fique atrás de mim que eu a protegerei e a defenderei até a morte!
-Agora não é hora de piadas,Kinji!Fica quieto, eu luto muito melhor que você.Depois, que estória ridícula é esta de me defender, proteger,de "querida"?Quem disse que você tem alguma coisa comigo?Esquece que eu sou homem?Só o corpo é de mulher!E vê se não me atrapalha !
-Mas, Minoko!Eu te amo!
-Grrrr...você está me atrapalhando,Kinjiiiii!
-Os dois namoradinhos já terminaram de brigar?Pois agora vão morrer!Homens, preparar, apontar, e...
Fuuuuuuuuuu!
Dois deles tombaram mortos no chão.
-Quem fez isto?Quem matou meus homens?O Samurai e seu companheiro estavam preocupados, pis as flexas tinham vido de trás.
Foi a deixa para Minoko saltar e, ainda no ar, cortar a cabeça de um deles, que caiu no chão, morto por este momento de distração.
Chitose e Kareni apareceram.
Ao ver Chitose , com o arco na mão, Minoko disse:
-Olha, amiga, você chegou na hora certa ! Me poupou um trabalhão!
-Ei, vocês aí, ficam conversando como se já tivesse acabado tudo, mas eu ainda estou aqui!.E você aí com esta espada, que matou meu amigo,você se acha muito valente, não é?Então, porque não duela comigo até o inferno?
Disse o Samurai restante, vendo-se cercado.
-Ah, você quer me enfrentar?Já que está pedindo para morrer, deixem ele comigo, pessoal! Disse Minoko.
-Ah,morrer...você cometeu um erro muito grave, mocinha, pois eu sou um mestre do estilo Ganryu,então,quem morrerá é você, porque já fui informado de seu estilo, e o seu é um estilo novato, decadente,não tem comparaão com o meu,que tem séculos de tradição!Disse o Samurai, sacando uma espada enorme, reta,a maior que Minoko já vira.
Mas nossa heroína não se assustou.Tomou das mãos de Kinji a espada dele, e passou a ficar com uma espada em cada mão.
-Huum, você acha que dá conta de lutar no estilo Musashi, com duas espadas?Esta é que eu quero só ver ,seu atrevimento vai custar sua vida !
-Cala a boca e luta, velhote !
Foi então que as espadas começaram a regirar e assoviar seu canto da morte.
A cada golpe do seu oponente, Minoko cruzava as espadas para deter o golpe dele, e rápidamente tentava um contragolpe, mas a enorme espada parecia aparar tudo.
Na verdade, ela funcionava com um escudo,impenetrável,e a rapidez dos golpes faziam com que o samurai parecesse ter mãos nas costas, e estava cada vez mais difícil apará-los.Na verdade as espadas de Minoko eram espadas comuns, sem muita tradição,e sem muito esmero na forja.
Mas nossa heroína lutava bravamente, com sua agilidade,enquando o samurai ficava práticamente parado.Ela percebeu então, aterrada, que até agora ele só estava brincando com ela,e não estava lutando para valer, enquanto ela já estava desesperada, caindo em si que o uso de sua prodigiosa agilidade só a estava fazendo gastar energia e ficar cansada, e que logo não aguentaria mais acompanhar a velocidade alucinante da lâmina gigantesca, que desta vez passou a menos de um centímetro do seu nariz.
Este ela conseguiu aparar, mas o segundo, frações de segundo depois, rasgou os músculos do seu braço, e espirrou muito sangue.O terceiro, logo em seguida, quebrou as lâminas de suas duas espadas, que se partiram em pedaços.Se ela não tivesse saltado ágilmente para trás, agora estaria morta!
Caída no chão,desarmada,era evidente que ela tinha perdido a luta.
A Espada quase tocou sua ponta entre os seios de Minoko.
-Garota, você tem muito que aprender ainda !Você não é páreo para mim.Não é  ainda uma adversária digna, mas,se eu matá-la agora, você não terá a oportunidade de aprender.Procure pela rounin Mutsumi Kanoshima, ela é a minha melhor discípula e vai poder te ensinar técnicas que farão com que você tenha condições mínimas de me enfrentar um dia.Não seria honrado da minha parte matar uma oponente assim tão fraca.Siga para o Norte, ela não deve estar longe.Eu vou despistar os meus homens por enquanto para lhe dar o tempo que precisa, mas é melhor aprender depressa,porque a nossa próxima luta só terminará mesmo no inferno.Agora, com licença, tenho de ir.Ah, sim,nem pensem em tentar me matar com flexas,primeiro que sou capaz de interceptar flexas no ar com minha espada, e segundo, se me matarem, não poderemos ter um novo encontro,e a amiguinha de vocês ficará desonrada, se é que ela tem alguma honra...sayonará!
-Ei, espere ai, seu..seu...
Mas o homem sumiu no meio do matagal.
Minoko estava absolutamente humilhada.Perdeu a luta, e dependeu da piedade daquele Samurai arrogante para viver.Era insuportável tamanha desonra!Começou a chorar como bebê.
Kinji se sentiu pior ainda, um inútil, fracassado,que no fim, não ajudou em nada, acabou, apesar de ter se sentido compelido a reagir,só assistindo.Era impotente para defender sua amada, e ele começou a achar que não era mais merecedor dela.Ele se aproveitou que Chitose e Kareni abraçavam Minoko, tentando consolá-la, e sumiu nomeio do capinzal , desapareceu.Ele queria isto mesmo, sumir, desaparecer, fugir de sua mediocridade,de sua vergonha, de sua auto-piedade,de sua covardia.
Uma vez recomposta,Minoko se levantou, ainda de olhos vermelhos e cabeça baixa e disse as suas amigas:
-Vamos procurar pela Fushiko ,pela Kogyo e pela Namya.Depois então remos sair deste maldito capinzal e vamos procurar pela tal de Mutsumi.Eu juro que vou matar aquele homem, eu juro !Agora vamos...
O clima era tal que nem notaram a falta de Kinji.
Continuaram caminhando pela chuva torrencial, até que foram encontrando uma a uma suas companheiras.Finalmente a chuva acabou e conseguiram sair do capinzal.
Agora havia um rio,de águas limpas, onde puderam tomar banho.
As poucas que ainda tinham roupas a vestir,estavam com estas em completa ruína, tão rasgadas que estavam sem condições de uso.Teriam de ficar nuas mesmo, por enquanto,mas precisavam arranjar novas roupas com urgência.O grande problema:não havia mais dinheiro!
Sim, mais nenhuma moedinha que seja.Nada.Estavam no zero absoluto.
-Como faremos agora,Minoko?Não temos como comprar roupas, comer, os cavalos se perderam no capinzal,e estamos no meio do nada!
-Não sei, Namya, eu realmente não sei !
-Teremos então duas escolhas:ou roubamos, ou nos prostituímos.Nós já somos criminosas procuradas mesmo, então...
-Não podemos nos desonrar e nos rebaixar desta maneira,Fushiko.
-Ora, dane-se seu orgulho, Minoko! Não estamos preocupadas com honra aqui! Estamos com fome! Com fome, entende?
Disse Fushiko, e não deu dez segundos os estômagos de todas elas roncou alto:
-Roooooonc!
-Acho que vou desmaiar de tanta fome...Disse Chitose, já meio desfalescida.
A lua cheia brilhava no céu, entre as estrêlas, pois já era noite.Só então,  Namya subiu o barranco do rio e viu, ao longe, uma pequena aldeia.
-Tem uma aldeia ali a diante ! Acho que dá para chegar lá em poucas horas!
-Em poucas horas já teremos morrido de fome,Namya...
-Não desista assim tão fácil,Kareni!Está pertinho!
-É, e vamos chegar lá peladas, sem ter onde dormir, sem ter o que comer, vamos fazer o quê?
-Aliás, agora que vi...onde está o Kinji?
-Deve ter fugido, o covarde...
-Não seja tão maldosa com ele, Minoko, ele é um bom homem, e te ama!
-Um inútil, isto sim,Namya! Disseram Kogyo e Minoko juntas, ao mesmo tempo.
Namya suspirou, não tinha jeito mesmo!
-Então vamos lá na cidade mesmo.Já que vocês são orgulhosas, eu me prostituo para vocês!
-Não precisa, Fushiko. Não agora. Ainda temos nossas armas, podemos tentar trocá-las por roupas e comida.
-Você é tão romântica,Namya...estas armas são velhas, não vale nada!
-Alguma coisa devem valer, Fushiko !
-Tuo bem, que se dane! Se vocês vão ficar paradas feito idiotas aqui na beira do rio para morrer de fome, eu vou na cidade!Disse Fushiko, e subiu o barranco e foi em direção das luzes da cidade.
Vendo que não havia outra maneira, as restantes resolveram ir também, a duras penas, quase desmaiando de fome,caminhando como bêbadas, tamanha a tremedeira e fraqueza.
Ao chegarem na aldeia,começaram a vagar pelas ruas. Todas as portas e janelas fechadas.Todavia, depois de algum tempo,acharam uma casa ainda aberta,e a luz das velas bruleava lá dentro.Da janela vinha um aroma irresistível de guisado caseiro.Uma menininha, de uns seis anos de idade, saiu pela porta para alcançar um gatinho fujão.E ela viu o bando de moças peladas trôpegamente caminhando pela rua deserta, até que uma delas desmaiou.Outra,com o braço ensanguentado, com um ferimento que já começava a se infeccionar, também tombou.E as outras já reviravam os olhos,mal se aguentando em pé.
A menininha assustada, soltou um grito:
-Aaaaaaah!
-Arumi, o que foi, filha?
Foi a voz que saiu de dentro da casa.
-Mamãe, tem gente morrendo na rua !
A mãe de Arumi foi para fora ver o que era.Ao se deparar com aquele bando de mulheres, caídas no chão, mortas de fome,a ponto de já parecerem estar agonizando,ela não teve dúvidas:Arrastou com dificuldade uma a uma todas para dentro.
Como o ronco do estômago delas estava muito alto, ela não pestanejou em dar guisado para elas,depois de acordá-las com água na cara.

Agora as meninas estavam salvas por enquanto.Mas, e agora?Conseguiriam elas achar Mutsumi, a grande guerreira?Aceitaria ela ter Minoko como discípula?
Será que o Xogum mandaria contra elas outra expedição punitiva?E qual será o destino de Kinji?
Não percam, no próximo episódio!

(Por continuar)