Foto ilustrativa

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terça-feira, 26 de abril de 2011

O Espelho da Verdade Volume 2-Episódio 147




Episódio 147


Já eram altas horas da noite quando Chitose, Kin, Rei,Aika ,Fuu e Mana chegaram vitoriosas na Hospedaria.
O resto da trupe esperava no saguão da entrada,ansiosos e quando Toppei viu a irmã, que também era sua esposa,correu a abraçaá-la com um largo sorriso no rosto e após o forte e apertado abraço, veio  o beijo na boca, cinematográfico.Os dois voltaram-s para a trupe, e fizeram o tradicional cumprimento japonês, abaixando o torso e a cabeça, e disseram:
-Muito obrigado por nos salvar!
-De nada, amigos,não precisam ser tão formais!
-Como não, Chitose,você foi a grande heroína do dia, hoje!Sua performance foi admirável,mais até,lendária!Onee-chan, tenho o orgulho de lhe contar que a discípula superou seu mestre,Chitose agora é ainda mais hábil que você no arco e flexas!
Disse Mana, ainda comovida.
Toppei, igualmente emocionado, deu um forte abraço em Chitose, e lhe disse:
-Meus parabéns!A partir de agora me curvo diante de ti,minha Sensei!
-Sensei?Eu?Mas, Mestre?
-Sim, você é a sensei agora.De hoje em diante não há mais o que eu te ensinar,eu é quem humildemente vou aprender com você!
Chitose tinha os olhos marejados:
-Obrigada, Mestre, muito obrigada, eu não tenho como agradecer tudo o que me ensinou!Se sou alguma coisa hoje, devo tudo a você!
-Não, minha cara Chitose,você deve a você mesma, se não fosse o seu esfôrço e empenho em aprender eu não seria capaz de te ensinar coisa alguma.Nunca se esqueça de que você é como uma filha para mim!
-E você como um pai para mim,Toppei...
-San,Chitose-Sensei!
Chitose o abraçou de novo, tão forte que seus seios se comprimiram contra o peito de Toppei até doerem, que ficou vermelho de vergonha, e Mana ficou enciumada!
Não eram só eles que estavam comovidos,a trupe toda estava,e Minoko era a que mais chorava.
Depois que todos se recompuseram, a animada Kurumi bradou:
-Vamos então comemorar esta vitória !Arata-sama, traga bastante sakhê!
-Eh,Kurumi-san, calma, agora é hora do jantar e elas devem estar morrendo de fome, venham, venham todos o jantar está servido!
Todos se sentaram à mesa farta,e jantaram,comemorando muito com várias garrafas de sakhê, com muita alegria no coração.Só uma pessoa ali não estava assim tão alegre;Rei.
Repentinamente ela começou a sentir uma saudade muito forte de sua Mestra Mutsumi, e aida não se conformava com a morte dela.A visão da cabeça dela explodindo ante o golpe brutal da espada de madeira daquele brutamontes no Torneio de Niigata,não lhe saía da cabeça!
Ela demorou muito a dormir, e as cenas da morte de sua Mestra continuaram em seus pesadêlos, até que acordou no meio da madrugada.
-Ai,Mutsumi-sensei...você me faz tanta falta, você me ensinou tanto...eu devo tanto a você e fui tão estúpida com você,tão ingrata...me perdoa, Mutsumi-sensei, me perdoa, por favor...
Rei murmurou diante do espelho iluminado pelo luar.
Logo depois, começou a se formar uma imagem no espelho, leitosa, alva, meio transparente, com uma forma que foi ficando cada vez mais humana.
Inicialmente Rei quis gritar de pavor do que lhe pareceu um fantasma.Então sentiu um ki muito conhecido, e seu coração ficou aquecido,com uma grande sensação de paz e amor no peito.Ela se acalmou e disse;
-Mutsumi..Sensei!
-Sim, sou eu, Rei-san...você me invocou, e eu estou aqui com você!
-Mutsumi-Sensei!
Rei, emocionada abraçou o fantasma de Mutsumi, que também tinha lágrimas nos olhos.
-Obrigada por me vingar,minha querida Rei, filhinha..
-Eu não podia fazer outra coisa, mamãe, eu te amo...
-Eu também te amo, querida.E a admiro muito,meu bem!Quem dera eu pudesse voltar a vida, mas não posso...mas o seu amor me levou ao Nirvana,então, apesar das saudades de você, estou muito bem lá.Mas vejo que você ainda necessita de mim, eu tenho acompanhado sua trajetória e seu coração, então ,Buda me concedeu um desejo muito especial:minha habilidade na espada agora habitará a sua espada, e quando tiver de lutar, nossos espíritos por alguns momentos se fundirão, e  eu a ajudarei a ser ainda mais invencível,ah, eu tnho tanto orgulho de você, filhinha...
-Obrigada, mamãe!Você irá morar na minha espada?
-Sim, minha filha,por favor tire-a da bainha!A partir de agora, sua espada será mágica e você receberá grandes poderes espirituais!
Rei foi até sua espada e tirou-a da bainha.
O fantasma de Mutsumi então deu-lhe um beijo no rosto e outro na testa, depois transferiu-se para a lâmina afiada da espada de Rei, que começou a brilhar intensamente, e alguns segundos depois a transferência estava completa.
Uma aura branca surgiu em volta de Rei e sua espada, e na lâmina se refletiu o rosto de Mutsumi,sorrindo para ela.Por fim o brilho e a aura desapareceram, e Rei beijou a espada com carinho.Agora iria cuidar dela ainda melhor do que antes!
Ela voltou a dormir, e desta vez o sono foi profundo, pacífico, tranquilo, e os sonhos doces ,puros  e inocentes como o coração da menina pré-adolescente, que era capaz de vencer num duelo qualquer adulto!

Agora Rei estava ainda mais hábil e poderosa, mas por outro lado,o também poderoso demônio Mefiro ainda não desistira de suas maldades e já planejava outro ataque.O perigo continuava rondando a trupe naquele que seria o último dia deles em Matsumoto, pois logo depois eles iriam pegar a estrada para Gifu!
Qual será a armadilha de Mefiro desta vez?Quais os novos perigos que esperam por nossa trupe?
Saibam no próximo episódio, não percam!

(Por continuar)

Sessão Aventura: Homem Mau,Lobo Bom-Capítulo 1

 

Homem Mau, Lobo Bom



Capítulo 1: Na alvorada de uma nova amizade


 Amanhecia novo dia no bosque selvagem das terras do Norte.
Estamos na Primavera, o gelo acabou de derreter ,o frio já foi esquecido.
Uma madrugada serena e morna, que se inicia com a saída das estrelas e do céu negro de Lua nova, pelas manchas coloridas do amanhecer ,ao ritmo tranqüilo e compassado dos grilos ; o firmamento se ilumina, de início fracamente, com tons de vermelho, laranja, roxo, amarelo, ouro; das tonalidades mais claras às mais fortes . O majestoso azul anil começa à aparecer, de mansinho, até ficar forte, junto com o Sol, glorioso em sua majestade e todo o horizonte ilumina-se, o dia finalmente chegou!
. Mas no bosque a vida ferve; e alguns animais não podem se dar ao luxo de admirar o magnífico espetáculo que a toda sabia Natureza oferece :
A respiração é pesada e profunda, profundamente ritmada por um coração poderoso, batendo quase com violência. Os olhos, injetados de ódio rancoroso, as quatro patas, firmes como rochas, respondendo ao nervosismo com energia: começa um galope veloz, o alvo está à sua frente, não pode errar; as presas afiadas saindo dos cantos da boca brilham.
 O javali vinha correndo em direção ao grande lobo, preso pela perna traseira direita por uma armadilha de caçadores. Via a morte certa chegar, debatendo-se sem sucesso, tentando inútilmente escapar.
Mas havia uma testemunha para esta cena: uma bela e ruiva raposa-vermelha, que saltou da moita onde estava, com muita agilidade e com a habilidade da experiência que tinha, abriu e soltou as garras da armadilha, pisando no botão da trava.
A reação foi rápida e fulminante: o lobo desviou-se do javali, que espumava de fúria , não tardando em atacá-lo, suas presas navalhinas rasgando a carne gordurosa do porco selvagem, o sangue escorrendo generosamente , doce e oleoso, sendo bebido com delicia, até que as mandíbulas se fecharam de pronto, e os ossos do pescoço suíno estalaram, esmagadas e despedaçadas pelos dentes fortes e afiadíssimos do Lobo. O javali tombou morto.
 -Hey, venha cá , raposa vermelha!  Almoce comigo desta farta refeição ! Não é comum alguém salvar-me a vida, mas já que o fez , tenho de agradecer-lhe. Qual seu nome? Eu me chamo Akilah, chefe da Alcatéia dos lobos do Norte.
-Eu sou Fewh. Apenas uma raposa vermelha do bosque. Não serei eu, por acaso, sua segunda refeição?
-Ah,ahahahah! Claro que não , nunca ouviu falar da dignidade e honra dos Lobos, tão famosa? Você é meu amigo e aliado agora; e doravante jamais terá de temer a lobo algum. Eu comando todos desta floresta e todos me obedecem fiel e lealmente.
-Sim, por decerto. É que sou desconfiado. Prezo por minha vida; e minha companheira , saudosa, foi morta e devorada por um de vocês . A fome fala mais alto. Dê -me um cantinho.
-Sirva-se, Fewh. Queira desculpar-me por este infeliz incidente em sua vida. Não precisa temer à ninguém agora.
-À não ser o homem e seus cães.
-Bom, tem razão . Eles são cruéis . Temos de tomar cuidado. Sós são inofensivos, mas armados e em grande número...soube que por causa deles não existem mais lobos no sul, eles mataram todos! Mataram lobas prenhes e deixaram ninhadas inteiras morrerem de fome, após matarem os pais! Eles nos matam por medo e covardia; por irresponsabilidade também. Destroem as florestas e matam nossa caça de fome para erguerem suas fazendas; e nós , morrendo de fome, sem ter o que caçar, depois não querem que caçemos galinhas e ovelhas. Se tivéssemos boa caça para nos alimentar, não  precisaríamos chegar à este ponto.
-Fossem só os lobos...às raposas eles fazem caçadas terríveis e matam à toa : pura e cruel diversão !
-Você sabe , sabe o que é ouvir os uivos, os lamentos dos filhotes ainda sequer desmamados, chamando inútilmente pela mãe , temerosos da própria morte ? O quanto isto é agônico ? E pior, sem poder ajudá-los ? Sim, já vi isto em minha vida, espero jamais ver isto novamente...
-É uma crueldade. Também já tive esta experiência, sei muito bem o que sentiu...
-Sim...mas, está devidamente satisfeito, Fewh?
-Empanturrei-me de fato.
 -Ora, eu também. Sobrou pouco, mas os abutres sem duvida vão gostar muito desta refeição . Não hesite em pedir-me ajuda, se precisar, devo-lhe a minha vida, é uma dívida de honra, à qual anseio restituir-lhe de modo grato. Conte comigo para o resto de sua vida, terá  sempre a minha pela sua!
-Muito obrigado. Devo ir agora. Mas, por curiosidade: nesta época , os lobos andam em casais, sempre juntos; e você está só ? E sua companheira?
-Morta pelo homens, ela o foi...quanta tristeza em meu coração ao lhe contar isto, morta covarde e cruelmente por eles, em meados da primavera passada...eu estava longe, procurando comida para ela, eles a cercaram na toca, mataram-na e deixaram os filhotes à míngua. Quando voltei, todos estavam mortos. Os cães dos homens mataram os filhotes, que pude ouvir ganirem e lamentarem até o silêncio. Com os homens ainda por perto, nada pude fazer. Ter-me-iam matado também. Mas está chegando a época do cio do povo lobo; e lutarei por uma nova fêmea. E criaremos nova ninhada!
-É revoltante, Akilah. Mas, só podemos recomeçar tudo de novo. As raposas também não tardarão a ter seu cio, então, também escolherei minha companheira; e a ajudarei a criar a ninhada. Até qualquer dia!
-Até qualquer dia, Fewh. Se precisar de mim, é só uivar !
Os dois se separaram, cada qual seguindo uma direção.

(Por continuar)