Episódio 93
Os ventos açoitavam as ondas, que se agigantavam como verdadeiros paredões de água,a ponto de o navio de quase cem metros de comprimento parecer uma casquinha de noz no oceano, que estava em fúria!
As garotas estavam em pânico, agarradas umas nas outras.Os raios explodiam em miríades de luz,raios como nunca vistos em terra, e os trovões ribombavam ensurdescedoramente.As pessoas eram jogadas de um lado a outro dentro do navio, e os mastros balançavam perigosamente.
Os marujos , corajosos, tinham cordas gorssas amarradas nas amuradas e estavam amarrados, tentando recolher outras cordas, velas, e outros objetos que não podiam ser perdidos, mas vez ou outra o mar reclamava mais uma vida para si.
Muitas vezes a proa do navio se afundava nas ondas e inundava até a cabine,;mesmo lá estavam todos molhados.
Foi quando um dos mastros cedeu e caiu em cima da cabine, fazendo um rombo.
Uma poderosa onda entrou lá dentro.
O Capitão já tinha providenciado cordas nas paredes e amarrado as garotas nelas, mas novamente Kareni teve azar:Sua corda se rompeu e a onda começou a arrastá-la para o mar.
Isao viu isto acontecer, e desesperado, com outra corda a laçou e a tentou recolher.Ela já estava para fora da proa, sendo açoitada pelas ondas,ameaçando cair da lateral do navio e ganhar o mar.
O valente e apaixonado marujo, porém, não se deu por vencido:com todas as suas forças, escalou a proa, agora muito inclinada e escorregadia, segurando-se cm suas mãos muito calejadas e experientes na corda, e inclinou-se para fora da amurada, puxando Kareni, apesar da surra que levava das ondas e da dificuldade para respirar!
Ela finalmente foi colocada para dentro novamente e amarrada à uma segunda corda de segurança.Ele a abraçou com força e lhe disse, aos berros:
-Eu não vou deixar você morrer !
Súbitamente porém, a proa submergiu, e um enorme tubarão abocanhou as pernas do marinheiro e o puxou para fora.
-Não! Isao !Socorro! Não, não me deixe!
-Kareni-san...eu te amo !Minha vida será levada, só para te proteger !
Consternada e apavorada com a quantidade de sangue que ele perdera, já sem as pernas,ela disse:
-Isao! Isao-kun!Eu...te aceito,te aceito como meu namorado,eu também te amo!
O Tubarão o puou ainda mais forte, e ele já estava quase perdendo a conscência, mas ainda assim respondeu:
-Morro feliz,minha amada, nunca a esquecerei! A..adeus!
-Isaaaao !Nãaaaao!
Ele foi engolfado pelas ondas em meio a um turbilhão de tubarões devorando o corpo já inconsciente.E desapareceu numa pequena lagoa de sangue que logo se espalhou com as ondas.Então ela sentiu mais uma corda laçando-a e a puxando para dentro da cabine novamente.Era o Capitão, que viera em seu socorro.
Pouco depois a tempestade começou a arrefecer, e depois de algumas horas, acabou de vez.
Kareni chorava, grudada na filha, e abraçada com Fuu.
-Ele morreu...morreu...Ai, meu coração, ele morreu...
Era só o que ela dizia.
A culpa por tê-lo recusado a corroía, os remorsos pareciam lhe pesar toneladas!
Agora as águas eram calmas e o céu estrelado.
Os marinheiros postaram-se a cornsertar o navio.Fuu e Kurumi,as mais fortes da trupe, se ofereceram para ajudar e trabalharam duro.Os marinheiros ficaram impressionadoscom a fôrça física de Fuu!
Fizeram até um pequeno torneio de queda de braço com ela, mas todos inexorávelmente perderam feio.Ninguém ali era páreo para a mulher-raposa.
No dia seguinte, o Capitão descobriu que eles estavam completamente fora da rota!
Mais algumas horas e chegariam na Coréia!
Ele ordenou ao timoneiro a correção da rota, e com uma vela a menos, a viagem seria mais longa que a planejada.
Naquela mesma manhã foi feita uma homenagem a Isao, o marinheiro apaixonado, como ficaria conhecido.
E Kareni ficava pensativa, com a cabeça nas poucas lembranças dele...
Seria necessário um dia inteiro de viagem para voltar de onde a tempestade os pegou.
Mas ao menos o navio era dos bons e não afundara.Ainda assim os reparos foram muito trabalhosos.
Agora pelo menos as garotas e as crianças já estavam mais acostumadas ao balanço do navio e já não passavam mal mais.
Como não tinham muito o que fazer, resolveram todas ajudar aos marinheiros nos reparos no navio e nas tarefas diárias.
As crianças gostavam de descer aos deques inferiores, abrir as escotilhas e olhar os golfinhos que seguiam o navio, e alguns deles passavam bem perto.
Outras vezes ,no costado, o Capitão chamava a trupe para ver as baleias,que emergiam e soltavam seu jato no ar, durante a respiração, e especialmente as crianças ficavam encantadas!
Depois de um dia inteiro viajando, ao cair da noite, finalmente chegaram ao Porto da cidade de Sano.
Todas agradeceram ao Capitão pela viagem, e as garotas cumprimentaram os marinheiros à moda ocidental, ou seja, com beijinhos na face,o que os deixou maravilhados.
Finalmente em terra firme,elas procuraram por uma Hospedaria.
Mas nem precisavam.Não se passaram ais que cinco minutosaté darem de cara com uma figura conhecida:
-Toppei! Eu não acredito, você? Aqui?
-Sim, Minoko-san, vim recebê-las !
-Ainda bem, porque só agora atinei para um detalhe importante:nâo sabemos o nome do sacerdote-mago que fará a fissão de almas e corpos na Minoko !
-É mesmo,Namya, bem lembrado!
-Mas sabem o que me intriga?Como o Toppei-sempai consegue sempre estar na nossa frente, e nos encontrar!
-Isto é fácil de responder, Fushiko-san:eu já sabia para onde vocês estavam indo porque eu é que lhes contei sobre o sacerdote.E vocês viajam a pé, eu viajo a cavalo, então, chego mais rápido que vocês.Então, vocês ficarão hospedados no Santuário deles, vamos indo?
Estava se aproximando a grande hora da perigosa e decisiva Fissão de Almas e Corpos! Conseguirão Minoko e Narumeshi sobreviver?O feitiço dará certo?
As respostas, no pro´ximo episódio, não percam !
(por continuar)
