Foto ilustrativa

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domingo, 24 de outubro de 2010

O Espelho da Verdade-Episódio 66

Episódio 66


-Aikaaaaaaaaaaa!Nãaaaaaaaaaaaao!
Aquela voz potente ressou como um estalo para Rei, como se levasse um choque elétrico, de repente.
Protegidas agora pelo "guarda chuvas" protetor da barreira mágica,as meninas e também Juuchi correram para Aika, mas Rei foi a primeira.O choque traumático foi feroz!Olhos esbugalhados, ela não consguia acreditar ao ver a amiga de infãncia cravada de flexas, morta nos braços da mãe, que pranteava desabaladamente, gritando histérica:
-Aika! Filhaaaa! Filha, pelo amor dos Deuses , fala comigo, filhaaaaa!Porquê?Porqueê justo você?Porqueeeeeeeê?Filhinha, filhinha da mamãe,por favor, abra os olhos, abra os olhos...Aikaaaaaa!
Rei olhava para as duas, chocada, consternada, seus olhos se encheram de lágrimas.
As outras garotas, pasmas ,também choravam.
Mas para Rei era pior.Ela se sentia mais culpada do que nunca,sentindo que não deveria ter amado Juuchi, que deveria ter repartido a ele com ela,em o quanto ela esteve sendo egoísta por querer ele só para si e por tê-la ignorado desde a noite anterior, em como tinha sido cruel para a amiga.
Kareni,no entanto, levantou-se, depositando a filha nos braços de Rei,de cabeça baixa, e sacou sua espada.De seus olhos molhados de dor surgiu um rubro brilho-ela agora via tudo vermelho, estava completamente fora de si, enlouquecida!
Os bandidos finalmente apareceram e as cercaram. Ao verem a menina morta, caíram na risada.
Mas a revolta de Kareni era temerária.Uma aura vermelha a envolveu, e seus olhos brilharam tétricos como a própriam morte na escuridão.
-Seus covardes, seus brutos, porcos, cães vadios, monstros insensíveis, voc~es mataram minha filha, minha filhinha querida,estúpidos,sem vergonha,ordinários,safados,desgraçadoooooos! Eu vou levar todos vocês para o inferno, vocês vão pagar muito caro pelo que fizeram,e vai ser agoraaaaaaaa!
Kareni irrompeu no meio deles com uma ferocidade digna de uma loba que defende a ninhada morta!
Rei repousou Aika no chão e fêz o mesmo.Todas as outras, além de Juuchi, revoltadas, atacaram cegamente, matando a torto e direito, promovendo um verdadeiro massacre!
O que se viu foi um verdadeiro banho de sangue,uma carnificina.Nenhum, absolutamente nenhum dos criminosos que os cercavam, voltou vivo dali.
As ruas estavam tintas, e corpos se amontoavam.
Kareni e Rei eram as mais ferozes e que mais matavam.Minoko nunca pensou que Kareni pudesse lutar assim tão bem,e nunca a tinha visto lutar assim.Perto do número de traficantes mortos por ela,os números de Kareni eram pelo menos o dobro!
A fúria assassina desta mãe que perdera a filha era indomável, e não havia quem a segurasse.O coração dela estava negro de ódio,e vingança era tudo o que pensava.
Enquanto sua espada temerária assoviava, em seu canto da morte, ela só gritava, histérica e descontrolada:
-Matar!Matar! Matar!
Finalmente o último traficante caiu morto, feito em fatias por Kareni.Ela estava cheia de ferimentos superficiais, mas coberta de sangue dos mortos,quase não se via mais sua pele alva.Até seus cabelos curtos, normalmente tingidos de azul, estavam ensopados de sangue,endurecidos pelo líquido vital rubro e coagulado.
Ao terminar, ela voltou imediatamente para o corpo da filha,abraçando-a em desespêro.Sua maior dor era a de que todas aquelas mortes nãotrariam a vida de sua filha de volta.
Rei também veio, e abraçou-a e ambas choraram no ombro uma da outra.Logo vieram Juuchi, Minoko e todas as outras.Não havia clima para comemoração.Aquela vitória tinha o gosto amargo da derrota.
Chorando,Kareni retirou uma a uma, todas as flexas do corpo da filha.
-Minoko, por favor, cure à ela! Cure à ela! Por favor, eu te imploro, cure minha filhaaaa...
Minoko estava consternada diante de sua impotência:
-Desculpe, Kareni, eu não posso...eu...eu só posso curar quem ainda tem um fio de vida,mas a Aika-san,ela...ela está morta...não há o que eu possa fazer !
-Ressucite à ela! Você tem tanto poder, tanta magia, ressucite à ela, por favor...
-Droga, droga, Kareni!Eu não posso ! Não tenho poder suficiente para isto, não entende?Satochiro-sensei me disse claramente que não há maneira, dentro da magia branca,que é a que ele me ensinou, de ressucitar os mortos !
-Satochiro-sensei que se dane, sua inútil! Você não consegue sequer trazer minha filha de volta?Então dane-se você também, cadela!Prostituta, ordinária!
Minoko ficara calada. Ela sentia que merecia cada palavra, pois se sentia imensamente culpada por não ter conseguido fechar a barreira mágica antes que Aika fose atingida.
Rei também estava desesperada,e abraçada agora a Juuchi,sofria sem parar.Nãoconseguia sequer olhar para a mãe,muito menos para Kareni, mas entendia erfeitamente a revolta dela.
Finalmente, as portas das casas se abriram e os moradores, em multidão,vieram apoiá-los.Especialmente as mulheres tentavam fazer de tudo para consolar, especialmente à Kareni, Rei, Minoko e Juuchi, os mais fragilizados.
Mas especialmente as duas primeiras estavam inconsoláveis.
Uma dona de hospedaria,penalizada,ofereceu abrigo pa toda a trupe.
Reservaram um quarto só para o corpo de Aika,mas Kareni, inconformada,permaneceu ao lado da filha a noite  inteira, não quis comer, nem tomar banho, descansar,ir ao banheiro, nada.Quando o dia amanheceu ela permanecia ainda chorando ao lado da adolescente morta,cujo corpo rígido, já cheirava muito mal.
Toda a trupe fora ao cemitério da cidade, onde ocorreu o enterro.Uma multidão  compareceu á cerimônia xintoísta presidida pelo Sacerdote local.E acompanharam o corpo ser abrigado debaixo da terra.Kareni e Rei caminhavam na saída abraçadas,e não paravam de chorar.A volta à hospedaria foi dura e triste.Especialmente para Kareni, era muito duro voltar ao quarto e não ver a filha esperando por ela com um sorriso.
-Por favor, venham tomar o café da manhã no refeitório!Ah, eu esqueci de me apresentar:sou Arata Mori, a dona da Hospedaria.
-Desculpe, Arata-dono, eu, melhor, nós estamos sem fome, estamos de luto.
-Entendo,Minoko-san. Por favor, tenho um oratório aqui, onde podem acender um incenso pela alama da coitadinha da Aika-san, que Buda a tenha em seus préstimos, eu entendo o que vocês estão sentindo, especialmente  a Kareni-san, pois eu também já perdi meu filho,morto pelos traficantes.O nome dele é Goro.Já fazem três meses que ele faleceu.
-Meus pêsames por seu filho, Arata-dono.Ao menos esperamos tê-lo vingado!
-Ah, vingaram sim.Eu olhei os corpos.Os três que o mataram estavam entre os mortos.Eu e a cidade inteira estaremos eternamente agradecidos à todos vocês!Só sinto uito isto ter custado a vida de uma jovem tão linda e promissora!
Enquanto elas conversavam, Kareni estava reclusa num canto do quarto escuro onde ela tinha velado o corpo da filha,calada em meio às lágrimas, sentada, abraçando as próprias pernas, olhando para as paredes, sentindo-se mais só do que nunca, como nunca se sentira em toda a sua vida.A depressão lhe batia fundo na alma,e ela parecia que nunca mais iria sair daquela tristeza.A mágoa e a culpa corroíam sua alma, mas era a solidão,as saudades, o buraco na alma, o vazio do seu espírito o que mais a desesperava.

Mas depois de uma noite inteira sem dormir, da longa caminhada, e dos últimos dias difíceis que teve de enfrentar,o corpo dela acabou não aguentando mais e ela adormeceu.E sonhou.
Sonhou que corria por uma campia verdejante, cheia de passarinhos e borboletas,e flores também, que o céu estava azul, fazia um lindo dia, morno e fresco,com uma brisa gostosa, e á sua frente ia Aika.
A menina então parou de correr, e abriu os braços, e Kareni a envolveu num quente e carinhoso abraço.
Ao notar que a mãe chorava,Aika, com um sorriso alegre no rosto, luminoso e angelical,lhe disse:
-Não se preocupe, mamãe!Eu estou bem,está vendo, estou feliz aqui! Eu nunca vou estar longe de você, porque aqui, onde moro, é o seu coração, e é onde sempre estarei e onde você sempre vai me encontrar!Diz para a Rei que eu também a amo, como amo a você,mamãe, e que nunca, nunca, nunca esquecerei dela, nem de você
,do Juuchi, de todo mundo!Obrigada por ser minha mãe e ter me feito feliz,você sempre me fará feliz,porque você vive em mim e eu vivo em você, e eu te amo muito,muito, muito,de coração!Não fica mais triste não, mamãe, senão não poderei mais vir te visitar, está bem?
Aika lhe deu um terno beijo na testa.E as duas ficaram abraçadas, e ela podia sentir o calor quentinho da filha,do amor dela a aquecê-la, sentindo o coraçãozinho dela batendo suavemente com carinho.E foi assim, com esta sensação, que Kareni acordou.
Ao acordar, ela podia jurar sentir sua testa úmida,com um líquido que ela jurava para si mesma que era a saliva da filha.Seu coração bateu mais forte,parecia doer-lhe dentro do peito, como se alguém tivesse entrado lá.Com as mãos sobre o grande seio esquerdo,apertando-o até sentir o pulsar do seu coração,ela disse para si mesma:
-Filha...então você veio para cá...filhinha...
Quando abriu a janela do quarto, era dia, um dia de sol esplêndido,e tinha acabado de chuviscar.Ela viu então um arco-íris, lindo, o mais belo que já vira em sua vida, e disse:
-Minha filha está sorrindo para mim !Aika-san está sorrindo para mim!Que lindo...obrigada, filha,obrigada,que presente maravilhoso você me deu agora...
Pela primeira vez em muito tempo, abriu um sorriso luminoso e jovial, e gritou ,com a cara para fora da janela:
-Eu te amo, filha ! Eu amo! Mamãe te ama muito!
As pessoas que ouviram ficaram se perguntando quem seria aquela doida, com metade do corpo para fora da janela do segundo andar, quase caindo, gritando estas coisas de braços abertos...
Então seu estômago roncou forte,e Kareni se lembrou de que não comia há quase dois dias!
Desceu as escadas correndo,foi até a cozinha, e comeu uma montanha de bolinhos de arroz recheados com carne e molho.Havia muito tempo não comia daquele jeito.
E algo acontecera em sua mente:tudo ela pensava no plural, e dialogava com sua filha mentalmente e ela mesma respondia!
Quando suas amigas escutaram o barulho na cozinha, e a viram comendo sem parar, ficaram emocionadas, e foram correndo abraçá-la.No final, eram todas companheiras, e eram amigas de verdade, que se amavam,e nunca deixavam ninguém da trupe na mão!


Agora as coisas tinham se acalmado.Mas apesar do enorme banho de sangue, os mortos não eram mais do que metade do bando inteiro.O Chefão do bando agora respeitava suas inimigas,já que elas lhe tinham dado um grande prejuízo,mas arquitetava um novo e cuidadoso plano para derrotá-las.Ele sabia que elas poderiam fazer enormes estragos em seus esquemas fraudulentos  e lhe causar enormes prejuízos financeiros,e o quanto eram perigosas, então tudo tinha de ser muito bem pensado, para não ter a quadrilha exterminada, afinal,ele perdera duzentos e cinquenta e dois homens numa só noite.Não podia se dar ao luxo de perder mais ninguém.Números não eram a solução.
Enquanto ele pensava, as coisas estavam pacíficas, mas todos sabiam que isto não iam durar.
Outra razão para esta paz não ser duradoura foi uma avalanche de neve e pedras na montanha onde as bruxas e Daichi estavam selados.Uma enorme pedra bateu naquela onde eles esttavam presos, e quebrou não só a pedra, mas o sêlo.
Agora as garotas corriam risco duplo:bruxas e traficantes, querendo matá-las!
Como conseguirão enfrentar tudo isto?
Resposta no próximo episódio, não percam !

(Por continuar)