Foto ilustrativa

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Naquela Fria manhã de Outono-Episódio 1

Caros(as) amigos e amigas, leitores e leitoras:por conta de problemas técnicos em meu computador,o primeiro epiaódio do novo folhetim, que era para ter estreado anteontem, só pôde se colocado no ar hoje.Peço desculpas pelo atraso.Com vocês, o primeiro episódio do novo folhetim!
Boa leitura e...divirtam-se!

Cristiano Camargo



Naquela Fria manhã de Outono

Episódio 1





Kyoto,Japão,22 de Setembro de 2007:






.Naquela fria manhã de outono, as folhas multicoloridas caíam, levadas pelo vento,enquanto o sol raiava majestoso trazendo ao novo dia que se iniciava todo seu brilho e esplendor,enchendo toda a paisagem de cores, banhando-as de luz, e, qual maré que recua, também as sombras se afastavam.


A brisa macia e leve que carregavam as folhas coloridas como o céu que resplandecia também carregava lágrimas cujos olhos queriam esquecer...


Nem o trinado alegre e inocente dos pássaros conseguia aliviar daquele pequeno coração a mágoa e a tristeza que tanto lhe pesavam. Um sentimento profundo de saudades inundava aquela alma atormentada e aumentava o ritmo das lágrimas que caíam, que aquelas mãozinhas tão pequenas já não podiam mais cobrir.


A angústia pulsante denunciada pelos suspiros e soluços descompassados parecia não querer deixá-la mais, contrastando fortemente com a alegria de viver que a rodeava.


Maki olhava para si mesma e não tinha coragem de olhar para o céu.


Os campos verdejantes que se viam a perder de vista na verdade eram parte de um cemitério, e as pessoas que lá passavam impassíveis para ela não tinham expressão, nada significavam.


Ela não tinha vontade de ir a lugar algum.Do bolso aberto de seu casaco de camurça marrom pendia um pequenino retrato,de certa forma responsável por tanta dor.


Era doloroso perceber que a vida continuava, enquanto para ela havia cessado, ou ao menos, havia cessado de fazer sentido.


Sua saia xadrez esvoaçava com o vento que aumentava, mas ela parecia não se importar.


Ela se sentou no chão e abraçou as próprias pernas, e o que procurava não estava sequer em si mesma.


Uma mão pousou em seu ombro direito.


-Ei, ei, o que foi que aconteceu, menina?


Disse uma voz macia, de timbre algo grave.


Assustada, ela se levantou imediatamente, cabisbaixa.Estava envergonhada por estar chorando na frente de um estranho.


-Por favor me desculpe, senhor...


-Não há o que desculpar, mocinha.Como você está triste !


-Obrigada, senhor.Ai, que vergonha, devo estar horrível deste jeito...


Maki não queria que ele percebesse que ela estava assim tão desolada.


-Imagine! Olhe para mim, garotinha, deixe-me ver seus olhos. Ah, não precisa me chamar de senhor, não sou tão velho assim...pode me chamar de Tetsuo.


Disse o rapaz , segurando o queixo da menina delicadamente.Ele carregava no seu visual e em seu rosto, talvez o efeito dos seus óculos de desenho clássico e sóbrio, um certo ar professoral.Seu olhar meigo e firme transmitia a ela uma sensação de segurança e afeto.


Ela permaneceu silenciosa.


-Mas que lindos olhos verdes...belos demais para ficarem vermelhos com tantas lágrimas.


-Ai, que vergonha! Disse a menina, escondendo o rosto.


-Existe vergonha em chorar? Existe vergonha em estar triste?Não é algo natural da vida? Todos que aqui vem perderam alguém e estão tristes, não há porque se envergonhar.Deixe-me limpar estas lágrimas,por favor.


Tetsuo pegou um lenço limpo e pôs se a limpar o rosto da menina com carinho e delicadeza. E ela percebeu,o que muito significou para ela.


-Obrigada, Tetsuo - sensei.


-Ah, não precisa me chamar assim tão formalmente, por favor me chame de Tetsuo – sempai .Afinal, quero ser seu amigo.Digamos,um amigo mais velho!


-Obrigada.


O rapaz então sentou-se de pernas cruzadas ao lado da menina.


-Sabe, não sou assim tão estranho para você.Se você se esforçar um pouquinho, vai se lembrar de um retrato no quarto de sua irmã.


Maki tirou do bolso o retrato que trazia consigo e olhou para ele, dizendo:


-Nami...hoje faz um ano que você me deixou ...


Maki voltou a chorar convulsivamente. Parecia que a dor lhe vinha em ondas contínuas, que a martirizavam e que as mãos em seu rosto não conseguiam esconder, pois as lágrimas escorriam por entre seus dedos.


-Nami foi minha namorada, a pessoa que mais amei na vida...mas ela não iria querer vê-la chorando assim deste jeito,Maki - san...por favor,não fique assim...


Tetsuo a abraçou com um carinho que só um pai teria.


-Quando ela foi tomar aquele avião, depois de vir me visitar, sabe qual a ultima coisa que ela me disse?


-O que ela lhe disse?


-Tetsuo, meu amor, se algum dia alguma coisa acontecer comigo, cuide da Maki.Eu ainda não tive oportunidade de apresentá-la a você,mas ela é uma menina adorável.Ela é muito sofrida porque perdemos nossos pais muito cedo, e tive de ser mais do que uma irmã mais velha, tive de ser uma mãe para ela...eu simplesmente adoro minha irmãzinha, e ela não tem ninguém no mundo que não seja a mim...nunca a deixe sofrer, Tetsuo, eu conto com você!


Maki não conseguia proferir palavra, só permanecer em seu pranto...


Tetsuo continuou a falar:


-Ela era um anjo, e tenho a certeza de que ela está velando por nos lá de cima, e nos receberá de braços abertos quando chegar o dia em que tivermos de ir reencontrá-la.Nós íamos nos casar em questão de meses, pois não agüentávamos mais namorar à distância, já que vocês moram aqui em Kyoto, e eu,até pouco tempo atrás, em Okinawa. Finalmente eu te achei, Maki, já que você passou por tantas dificuldades e ficou sendo jogada de orfanato para orfanato pela cidade tantas vezes, como fiquei sabendo.Agora você vai ter um lar, um lar de verdade, e eu quero ser o seu tutor, já que este foi o último desejo de sua irmã antes de o avião dela cair, e já que você ainda é menor de idade.Na verdade, eu já conversei com o pessoal do seu orfanato atual e já entrei com a papelada no Juizado de menores, e me autorizaramm a ficar com você, por isto que eles liberaram você para vir visitar o túmulo da sua irmã- eles sabiam que eu viria encontrá-la aqui .No mês que vem você faz quatorze anos, não é?


Maki continuava em sua profunda tristeza e mágoa do mundo.


-Ah, Maki, não fiques triste assim...já não basta minha tristeza em lembrar dela também...alguém aqui tem de ser forte para poder ampará-la, não é? Mas eu também estou sofrendo muito...


Tetsuo se levantou e abriu os braços.


-Estou aqui para te querer bem e te proteger, cuidar de você! Conte comigo para sempre, Maki! Agora vem, vem para o meu coração,eu a recebo de braços abertos, você sempre será para mim como se fosse minha filha!


Maki o abraçou com desespero. Dos olhos dele também botaram lágrimas. Parecia que ele abraçava à Nami, como se ela vivesse novamente. O calor do abraço era o mesmo!


-Ah...se Nami pudesse ver isto agora...ela iria ficar tão feliz, estaria tão orgulhosa de nós...


Disse Tetsuo soluçando, e era com esfôrço que as palavras lhe eram arrancadas da garganta,um sentimento, uma saudades que a ele parecia rasgar-lhe o coração.E ele podia sentir em seu peito o ritmo pesaroso do coração da menina ,o que lhe dava a certeza de que o sentimento dela era o mesmo que ele sentia. Dois corações, um só sentimento: o amor por Nami...


Agora podia –se entender porque Maki não tinha coragem de olhar para o Céu!


-Quando ela foi viajar para se encontrar com você,naquele dia, Tetsuo-sempai,ao contrário de outras vezes, eu não pude dizer à ela : boa viagem, boa sorte! Como eu sempre fazia. E ela foi embora para nunca mais voltar, Tetsuo- sempai. Eu não me despedi dela...não me despedi dela...Nunca vou me perdoar por isto!


-Ah, minha pequena Maki,não pense assim...você sempre a teve em pensamento, e mesmo que as palavras não tenham saído, você desejou a ela uma boa viagem.Depois, ela não sofreu, porque foi tudo muito rápido,e isto mostra que de certa forma você a protegeu, não a deixou sofrer na hora de ir embora...


A menina olhou comovida nos olhos rasos de Tetsuo. Ele não tinha idéia do quanto este gesto significava para ela!


Ela o abraçou mais forte ainda.


-Obrigada, Tetsuo-san,muito...muito obrigada!


-De nada, minha queridinha! Vem, vamos embora deste lugar triste. Nami era tão alegre, tão cheia de vida, não iria gostar daqui. Vamos para casa, moro com meus pais aqui agora, e lá você será sempre querida!


Agora sim ela percebia a luz do sol, sentia a brisa,se eternecida ao ouvir o canto dos pássaros, a beleza da vida parecia ter voltado aos seus olhinhos, de um brilho estrelado,e um sorriso iluminou seu rostinho, enquanto seus cabelos negros e longos esvoaçavam ao vento. Ela sentia a presença de Nami pertinho de seu coração, aquecido pelo amor que sua irmã tão querida sempre lhe dedicou.Ela beijou o rosto dele e disse, em tom alegre:


-Vamos !


Tetsuo a levantou do chão e girou –a no ar, com o coração parecendo que iria arrebentar só de ver a alegria dela voltar!


Abraçou- a de novo, e sentiu como se Nami estivesse juntinha dele novamente.Ele sorria de orelha a orelha.


E foram embora pelas campinas, caminhando abraçados, enquanto o sol inundava de luz e vigor os caminhos por onde passavam, iluminando seus passos confiantes...






Maki agora seria adotada por uma nova família,conseguirá ela se adaptar?


O futuro para ela era incerto,e novas revelações poderão acontecer,como ela as receberá?


Conseguirá ela mitigar sua dor e superar seus traumas e começar assim uma vida nova?


As respostas, no próximo episódio! Não percam!










(Por continuar)