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domingo, 27 de março de 2011

O Espelho da Verdade Volume 2 -Episódio 129




Episódio 129



-Obrigada por me salvar!
Disse a mulher -lobo.
-Quem é você?Por que tinha um ferimento tão sério,e que a transformou em lobo?
Minoko já tratou de bombardear a moça com perguntas.
-Whooa !Calma, uma coisa de cada vez !Meu nome é Yuki, e sou uma Maga.Ninguém me transformou,eu sou uma mestra na arte da transfiguração,posso me transformar no animal que quiser, na pessoa que quiser, homem, mulher,criança, velho, como eu quiser.Quanto ao ferimento, bom, me pegaram de surpresa.
-Mas se você é uma maga tão poderosa, como foi pega de surpresa?Meu nome é Kareni.
-Muito bem, Kareni-san...digamos que me especializei tanto em transfiguração que acabei esquecendo a parte de detecção e controle de ki.
-Huuum, isto ainda não está satisfatório...
-Bom, depois conto mais, mas primeiro estou morrendo de fome, alguém tem comida aí?Disse Yuki.
-Teríamos de caçar..eu acho que tenho um bolinho de arroz no bolso, mas está gelado...
Disse Kogyo.
-Serve!
A mulher -lobo devorou o bolinho com uma rapidez incrível,para depois dizer alegremente:
-Bom, agora podemos sentar e conversar, aí vou contar minha estória para vocês em detalhes!
-Não, sua folgada, estamos viajando, então terá de nos contar em pé mesmo, caminhando.
Disse Minoko, levemente irritada.
-Yuki-san, quando entrei em sua mente, vi uma grande dor.Mas não parecia ser só do ferimento!
A mulher loba olhou nos olhos de Aika, e respondeu para ela:
-É algo muito íntimo.Prefiro não contar, se não se importam.
-Ih, deve ter sido traída..devem ter roubado o namorado dela!
Exclamou Fushiko.
Yuki soltou um rosnado feroz, e os pêlos de sua cauda se eriçaram todos,dizendo depois:
-Não se meta na minha vida e não fale bobagens...
-Ih, ih, está bem, está bem, não está mais aqui quem falou.Acho melhor nós todas nos apresentarmos para ela.Aliás, você  não está com frio, assim pelada?Nem com vergonha?O Juuchi não pára de olhar para você, está taradinho !
-Juuchiiiii
Disseram Aika e Rei juntas, morrendo de raiva.
O garoto corou de vergonha na hora!
E não só ele, pois só agora Yuki reparara na presença do menino, e além de corar, tentou cobrir os seios e a virilha com as mãos e braços, sem muito sucesso.
-Eu vou criar roupas para você, Yuki-san!
E depois de falar, Aika fez um feitiço, e um kimono  de inverno apareceu, e Yuki o vestiu correndo.Deposi que toda a trupe se apresentou para ela, ela então começou a contar a sua estória:
-Como eu já disse, sou uma Maga.Eu nasci na cidade de  Nagoya,e meus pais eram magos.O segredo da trasmutação é a grande especialidade da família, que meus pais e avós me passaram, são segredos seculares.
Mas tinha, em nossa cidade, um clã rival, também de Magos,e há séculos nossos clâs são inimigos.Um dia, eles venceram a guerra, e mataram todo o meu clã.Eu fui a única sobrevivente,  mas eles descobriram meu disfarçe de lobo, e "travaram" meu feitiço com outro, de um modo que posso virar lobo, ou mulher-lobo, mas nunca uma mulher completa.
-Mas você disse que pode se transformar em qualquer animal, e qualquer pessoa...
-Sim, Kareni-san, é verdade, eu posso.Animal, tudo bem, eu consigo mesmo, mas quanto a pessoas, eu também consigo, só que as orelhas e cauda de lobo permanecem sempre.Não tem jeito!
-Então sua habilidade não serve para muita coisa...
-É por isto que estive este tempo todo procurando por vocês, Sete Incríveis!Vejam, o Mago que me fez isto também fez com que minha pele ficasse sempre negra, para que eu ficasse marcada com o estigma dele, e  carregasse para onde eu fosse a vergonha de ter sido derrotada.Ele considerou isto um castigo pior que a morte,por isto poupou minha vida e me expulsou de Nagoya.E eu soube dos incríveis poderes da Aika-san, e queria que me ajudassem a voltar ao normal!
Enquanto isto, bem mais para a frente na estrada:
-Papai, o velho morreu! E agora?
-Ah, Nanase-san, ele iria morrer de qualquer jeito...
-Não senhor, papai! Ele morreu porque você disse que ia matar a neta dele!
-Nanami-san, você é muito jovem ainda para entender certas coisas.Deixe ele para lá.Vamos prosseguir na nossa viagem.
-Não! Ele precisa pelo menos de um enterro digno! Afinal foi sua culpa ele ter morrido! E porque matar a menina, se ela não te fez nada?Só por que as duas famílias são inimigas por gerações a coitada tem de ser morta?
-Nanase-san, quer se acalmar!Eu não vou enterrar meu inimigo!
-Bruto! Reclamou Nanase.
-Insensível! Disse a outra gêmea, e ambas ficaram de cara fechada.
-Deixem de ser turronas ! Vamos, vamos embora, é uma ordem!
As duas fizeram um sinal negativo com a cabeça e mostraram a língua para ele.
-Ah, mas será possível?Está bem, está bem, eu enterro o infeliz então!Que droga!
Disse Narumeshi.
Mas ele não estava com paciência para cavar buracos, então ,resolveu apelar para a magia e criou em suas mãos uma bola de energia e a jogou no chão, criando um grande buraco como resultado da explosão.
As duas gêmeas ficaram estupefatas:
-Pai, o senhor é mago?
-Sim,filhas, eu tenho um pouco de poder mágico,era o poder da Minoko, mas a maior parte da magia  e do conhecimento mágico ficaram com ela, que é bem mais poderosa que eu.
-Ooooh! Que incrível !O que mais sabe fazer de magia?
Ah, não muito...fazer bolas de energia, soltar raios pelas mãos,criar um escudo protetor,agora, eu não sei fazer roupas aparecerem do nada, nem invocar monstros, ou teletransportar, como ela.
-Puxa, esta Minoko é mesmo poderosa!
-Nem tanto, Nanami-san, a Aika, que é da idade de vocês, é muito mais !

 Já mais à frente na estrada...

Depois do idoso devidamente enterrado,Narumeshi e as gêmeas prosseguiram enfim a viagem.
No fim do dia, levantaram novo acampamento, para dormir sob a luz das estrêlas,pois não encontraram qualquer abrigo.
Porém a noite estava gelada, e as gêmeas correram a dormir abraçadinhas com Narumeshi.


Quem foi que castigou Yuki?
Será que Aika conseguirá ajudá-la?
Ayako estava para revelar seus poderes e sua natureza verdadeira-quais seriam?
Respostas, no próximo episódio, não percam !

(Por continuar)

Série Especial: Consciência de Viver- Capítulo 3




Capítulo 3

Talvez ela, quem sabe, também tivesse no seu íntimo o sonho, um desejo como o dele, que queria de qualquer maneira ser uma caixa, de se tornar um ser humano. Afinal, ela era bonita!
Ocorreu-lhe que alguém mais poderoso poderia guardá-la e protegê-la: Ah, o armário! Quem mais?
 Sim, é claro! O todo poderoso amigo armário, como Ele agora o chamava.
Mas, se ele era assim tão poderoso, não ameaçaria a Ele nem à caixa?
Agora Ele já não sabia mais. Tamanha confusão lhe aumentou ainda mais a dor de cabeça. Pensou em investigar o ruído. Mas não se atrevia a isso. Apavorava-lhe a idéia de pensar quem ou o quê teria produzido tal ruído. Achou que talvez até soubesse o que fosse, mas evitava dizê-lo a si mesmo por puro pavor.
Mas pavor do quê? Ele não queria pensar nisso e começou a ficar irritado. Ordenava a seu cérebro que parasse de pensar nesse assunto. Achou que pensar nisso lhe traria qualquer misterioso malefício, que ele sequer sabia qual e tinha medo de pensar qual seria. Mas teimou que, fosse lá o que fosse, aconteceria mesmo se continuasse insistindo nessas coisas.
Outro ruído. Agora Ele estava realmente apavorado. O silêncio e a escuridão juntos não lhe amedrontavam, pois estava acostumado a não ouvir sequer a própria voz, já que fazia muitos anos que não a soltava. Mas a quebra do silêncio na escuridão o apavorava tremendamente. Sua face exibia o ríctus do horror; seus pêlos e cabelos arrepiavam-se; suas mãos tremiam; suava frio; seu coração disparava; suas pernas bamboleavam no frêmito horripilante de quem espera a morte exasperadamente. Que barulho era aquele?
Seu cérebro continuava a atormentar-lhe ainda mais, desobedecendo-lhe temerariamente. Os castigos que ele esperava por contrariar-se e debater-se tanto mentalmente se avolumavam de modo infinito, com mínimos meandros e detalhes labirínticos tais que sua enxaqueca martelava furiosamente sua cabeça!
Repentinamente, porém, lembrou-se de que o ruído poderia ser apenas alguma coisa insignificante. Sua face ruborizou-se, aliviada da pressão que suas quimeras lhe estavam impondo até então.
Sorriu um sorriso tímido, embora fosse grande a sua sensação de vitória sobre o ruído. Enfim, percebeu que a torneira da pia estava pingando vagarosamente.
Fechou o armário, mas não antes de apanhar alguns biscoitos amarfanhados, moles e malcheirosos de um pote gorduroso e pegajoso. Mastigou-os rapidamente, saiu da cozinha e entrou no corredor.
Viu, então, a porta do toalete aberta e se enfiou lá dentro. De pé, observou os ladrilhos do chão e os azulejos decorados das paredes, admirado, e ponderou que tinha passado muito tempo sem ir lá.
Anotava em sua mente cada detalhe. Os azulejos amarelados, cheios de limo pegajoso, decorados com laços outrora róseos, entrelaçados com dourados que formavam belas flores. Alguns possuíam apenas estrelas rubras e esparsas, e ambos os tipos de decoração se intercalavam caoticamente, sem qualquer sinal de organização. Tanto que, para Ele, tudo aquilo encontrou um nebuloso e misterioso significado: o céu. Ou um céu, nunca se sabe; afinal, o cérebro dele não costumava funcionar com lógica. Mas precisava encontrar um solo para o seu céu imaginário, e isso... bom, isso não lhe foi difícil. Bastou-lhe olhar para o chão. Logo se excluiu desse pequeno universo, sentou-se no chão encardido e se colocou mentalmente como o todo poderoso Narrador. Ele viu os ladrilhos pequeninos e multicoloridos. Agora sim! Aqueles ladrilhos eram a sua cidade. E o limo era o efeito das bombas jogadas pelo pente ensebado (que fazia as vezes de avião). Dentro do "aeroplano" ficavam os "inimigos" – indivíduos inexpressivos, que não tinham outro fim senão destruir a cidade.
Sentado no chão, Ele comandava o espetáculo com o prazer típico de criança nova. Aquilo lhe dava alívio, lhe tranqüilizava a alma e o fazia esquecer todos os problemas, aborrecimentos, enfim, tudo o que lhe era desagradável; um prazer nervoso, que lhe dava a sensação de onipotência e tirania absolutas sobre todas aquelas suas fantasmagóricas criaturas, servas humildes de tão poderoso senhor que manipulava seus destinos ao seu bel prazer, e podiam estar tanto vivas ou mortas... mortas-vivas ou ressuscitadas, bem administradas ou não. Cuidava delas sem moral nem regras fixas; só a vontade momentânea dele é que importava realmente. E a sensação desse poder divino lhe enviesava a mente, em delírios e quimeras de conquista que tornavam seus personagens, fossem quais fossem os status (variáveis da sua vontade) que possuíssem, em escravos humilhados, que lhe exigiam atenção e lhe causavam preocupação, já que Ele era para todos uma mãe déspota e poderia ser um pai tanto paranóico quanto esquizofrênico, conforme seus caprichos ocasionais, mas sempre de maneira devastadora.
Mas, para a desgraça dele, era à noite que suas criaturas podiam rebelar-se, escapar de controle e controlá-lo com uma vingança de tal maneira maligna que transformavam agonia em pesadelo torturante sem fim, mesmo que Ele dissesse que amava suas criaturas e elas dissessem igualmente a mesma coisa, embora o tivessem na conta de um ódio enfurecido como o chicoteio do mais bravio dos furacões, e bombardeavam sua mente dolorida com a força de mil dragões, e malversavam suas desventuras retirando-lhe todo o mais singelo sentido da vida, ao qual se agarrava com uma força vital, instintiva. E o seu desespero agonizante daquelas noites de tortura feroz que não acabavam nunca se acometia das mais delicadas nuances, detalhes de preocupações vazias, que se esmeravam em todos os requintes da crueldade, aprofundando-se cada vez mais no abismo de suas agonias que intencionavam explodir seu cérebro.
Ele sempre achou que, caso se preocupasse demais, sua cabeça voaria pelos ares.
Só acordava no auge dos pesadelos para negar a existência delas – as suas criaturas. E assim passava o dia planejando intrincadamente sua maléfica vingança contra elas, para dias depois colocar seus planos em ação, tão furiosos que promoviam verdadeiras carnificinas em suas personagens. Após todo esse extermínio e depois da terrível sensação de culpa e esvaziamento total de seu poder, as abraçava e ressuscitava hipocritamente amando-as de forma doentia, restabelecendo seu poder divino, algo como um deus falsamente piedoso de suas criaturas vãs, protegendo-as e requerendo delas proteção, tal como fazia com a caixa.
Mas, naquele exato momento, ele estava sentado no chão do banheiro e fazia a conversação do "general" com o "ajudante", em que o primeiro ordenava ao segundo mais um bombardeio sobre a "cidade". E o pente voava de um canto até o outro, despejando "bombas", ou seja, bolinhas de gude estragadas. Ele adorava estas brincadeiras. E, não raras vezes, como fazia exatamente agora, Ele gostava de percorrer os labirintos da casa de pente em punho, como se fossem as viagens e as jornadas do tal avião bombardeiro. E enfrentava mil perigos, fosse o velho aspirador de pó quebrado, a tomada do abajur, o travesseiro mofado etc. Ele se divertia.
E assim passou o dia. No fim, recolocou o pente no lugar como o avião que retorna ao seu hangar, sendo o armário do espelho do banheiro o prédio do quartel general da força aérea da qual fazia parte o maltratado pente. E fez com que o general e o ajudante fossem dormir.