Foto ilustrativa

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Espelho da Verdade-Episódio 50




Episódio 50

Kogyo observava Fuu com deleite.Aquela menina-raposa, apesar de parecer tão frágil e graciosa,tinha uma força física estraordinária, mas também uma graciosidade e uma delicada feminilidade que transparecia em todos os movimentos e trejeitos.
Ela parecia absolutamente encantada,olhar vidrado na cauda espessa e balançante da garota-raposa.Tinha então de conversar com ela, mas estava envergonhada, e com receiro que ela, ou pior ainda, as outras garotas,percebessem seus sentimentos.
Por fim, depois de horas de observação,tomou coragem e perguntou,colocando-se ao lado de sua nova amada;
-Fuu,quantos anos você tem?
-É mesmo, ainda não sabemos quase nada sobre você, a Kogyo tem razão, conta um pouco de sua vida para a gente!
-Tudo bem, Fushiko, vou contar.Tenho dezessete, e vou fazer dezoito na semana que vem.Eu nasci em  Nagoya,e meu pai era carpinteiro, e construía casas,e minha mãe era dona de casa.Nós vivíamos bem até o ano passado, quando o Xogum de nossa cidade pediu para meu pai fazer parte da construção de uma nova ala do castelo, mas ele caiu de cima do telhado e morreu.Minha mãe ficou muito triste, adoeceu,e eu e meus irmãos tivemos de cuidar dela,mas sem a renda do meu pai, não tínhamos mais como sobreviver.Minha mãe fora esposa a vida inteira e não sabia fazer nada além dos afazeres domésticos.Ainda assim, depois que melhorou,conseguiu um emprego de serviçal no castelo xogunal,mas foi acusada de roubar peças de roupa da amante do xogum,injustamente, e foi presa.Eu era a filha mais velha, e tinha que cuidar da minha irmã e do meu irmãozinho.No dia seguinte da prisão de minha mãe recebi uma carta dela, dizendo para que eu e meus irmãos fôssemos para a casa de uma tia minha, que mora em Matsumoto, e então eu e meus irmãos partimos para lá.
Porém, pouquinho depois de passarmos por Gifu, fomos assaltados por bandidos,que mataram meus irmãos.Só eu consegui fugir e escapar deles.Depois de enterrá-los, continuei a viagem, e acabei encontrando com a bruxa na estrada.Eu estava muito deprimida, e estava revoltada, querendo vingança pelos meus irmãos.Contei a ela o que me aconteceu, e ela disse que poderia me ajudar, que ela era uma bruxa, e que mataria os bandidos para mim,mas que isto tinha um preço.Cega pelo ódio em meu coração,nem perguntei que preço era este e aceitei a ajuda dela.Ela realmente encontrou e matou os bandidos, mas depois me achou novamente na estrada e me cobrou o preço: eu teria de matar uma criança que tinha sido malcriada com ela na estrada, e a mãe dela também.Eu me recusei, claro, nunca matei ninguém,e então ela me jogou este feitiço como castigo, e me disse que eu iria viver como uma raposa pelo resto dos meus dias!Vocês não tem idéia do quanto foi difícil este tempo todo vivendo como um animal, caçando e comendo animais pequenos, comendo carne crua,fugindo de animais maiores, fugindo do assèdio de outras raposas no cio, olha,vocês nem imaginam, um pesadêlo!
E Fuu colocou as mãos diante dos olhos e começou a chorar.
Kogyo compadeceu-se dela na hora, e a abraçou com ternura, e então, sentiu seu coração quente bater mais rápido.Começou a sentir intenso desejo por ela, e apertou o abraço, e lhe deu um beijo no rosto, e ao virar a cabeça para beijar do outro lado, seus lábios quase roçaram os de Fuu,e sentiu o hálito dela.Sem nem perceber, suas mãos estavam indo cada vez mais para baixo nas costas dela, fazendo carícias amorosas.
Mas a menina-raposa percebeu, e,num sexto sentido, uma intuição talvez, percebeu o desejo de Kogyo por ela e a empurrou com fôrça , jogando-a sentada no chão.Fuu estava com as pupilas dilatadas,bastante assustada, chegando mesmo a tremer.
As outras garotas pararam de caminhar.
Também Kogyo estava assustada, e tão corada de vergonha quanto sua amada,e sentiu-se rejeitada, recusada, na hora.Ela começou a chorar, e saiu correndo estrada afora,até perder o fôlego.
Ninguém estava entendendo nada.
-O que foi, Fuu?Porque você está assustada deste jeito?Porque empurrou a Kogyo deste jeito?
-Ai, Namya...que vergonha, que vergonha...
-Conta para a gente, o que foi que a Kogyo te fêz para você ficar assim?
-Minoko...ela...ela tentou me beijar, e já ia fazer mão boba em mim!
-Eeeeeee?Disseram todas ao mesmo tempo,espantadas.
-Calma, calma,Fuu, tenho certeza de que não foi por mal, vou falar com ela e pedir à ela que te peça desculpas, está melhor assim?
-Ela me assusta !Não quero ficar perto dela!
-Olha, eu conheço bem a Kogyo, e ela não é uma pervertida.Ela tentou ser a namorada da Minoko por muito tempo, mas não conseguiu.
-Que horror! Ela namora outras mulheres?
-Fuu, não é tão assustador assim.Eu e a Namya namoramos por um bom tempo.Mas depois que o Juuchi chegou na vida dela, ela não quis mais saber de namorar.Mas te confesso que ainda prefiro namorar homens do que outras mulheres, só que ainda não achei nada interessante ainda.
-Vocês estão me deixando apavorada, gente !Não chega perto de mim, Fushiko!
-Deixem, deixem ela em paz.Namya vá conversar com a Kogyo, por favor.Fuu, fique tranquila, ninguém aqui vai te agarrar mais, está certo?Eu não vou deixar!
A segurança que Minoko passou para a garota-raposa foi tanta, que ela ficou mais calma.
Enquanto isto, Namya conversava com Kogyo.
-Eu a amo! Eu estou apaixonada por ela ! Eu estou morrendo de desejo por ela, eu não consigo mais me segurar,Namya, o que é que eu faço?Eu estou tão magoada por ela ter me rejeitado...
-A cabeça dela é de criança ainda, embora ela já seja práticamente adulta,ou pelo menos daqui uma semana o será oficialmente.Agora, você foi muito agressiva ao demonstrar o seu amor,Kogyo,calma, vai por mim, começe pela amizade, e vá conquistando a confiança dela aos pouquinhos, quem sabe ela mude de idéia e desenvolva algum sentimento por você mais para a frente?Mas você precia ter mais paciência!
-Você acha mesmo, Namya?
-Acho sim. Vá pedir desculpas à ela, mas por enquanto não fique muito próxima, nem a toque, ela está muito fragilizada, chocada ainda , e novos avanços só a farão se afastar ainda mais de você!
-Obrigada, Namya, você tem toda a razão! Como você é sensata!
As duas voltaram ao encontro da trupe.
-Fuu, por favor me desculpe, não sei onde estava minha cabeça por ter feito aquilo,eu...eu estou muito envergonhada e muito arrependida, me perdoe por favor...eu te prometo que isto nunca mais vai acontecer!
Novamente as duas estavam coradas de vergonha.
-Tudo bem, Kogyo,eu aceito suas desculpas...mas a culpa foi minha também, você só quis ser gentil comigo...
-Bom,a conversa está boa, mas meu estômago está roncando ! Acho melhor a gente procurar uns macacos para comer!
-Não existem macacos nesta região,Kurumi.Mas posso ajudá-las na caça, meu faro de raposa é excepcional para isto!Inclusive agora, eu captei  cheiro de água, deve ter um riosinho por aqui, e lá podemos pegar peixes!
-Então vamos, Fuu, guie a gente, por favor!
-Tudo bem Kurumi! Sigam-me !
Fuu farejava o ar, e ia na frente,e de fato, num alargamento da estrada tinha uma pequena mata, e depois, um riacho raso.A água era cristalina, e dava para ver os peixes, muitos, muitos deles, alguns relativamente grandes.Kurumi, com sua lança captou vários, e começaram a fazer o almoço.
Fome matada,estômago forrado,era hora de seguirem em frente, e duas horas deposi, já mais ou menos próximo de anoitecer,deram de cara com a entrada para o mal afamado Passo dos Determinados.
Começaram a subir pela estradinha minúscula, práticamente uma picada na mata,muito, mas muito íngreme mesmo, toda esburacada, com espinhaços dos dois lados da trilha,cheia de pedras soltas, muito, muito escorregadia.Levaram horas para chegar ao fim, e agora o sol já começava à se por.Nunca estiveram tão cansadas em suas vidas!
-Não é à toa que chamam isto de Passo dos Determinados, olha, nunca vi uma subida tão inclinada como esta!
-Isto não é nada, Fushiko, olha para cima!
E ela olhou.E depois de ver, caiu sentada no chão, de queixo caído, quase sem acreditar:
-Eeeeeeeee?Nós vamos ter de escalar isto aí?Mas isto é suicídio!
As demais garotas olharam para cima.De fato, era um paredão de noventa graus, e devia ter uns trezentos metros de altura, cheio de pedras e galhoos e raízes meio soltos, e quase sem pontos de apoio confiáveis.Era realmente um desafio super difícil!
-Bom, agora já está escurecendo, e estamos demasiadamente cansadas. Vamos todas descansar agora, e dormir.Amanhâ, como vêem,teremos um dia muito duro pela frente !
Disse Minoko.

Agora as garotas e as crianças estavam diante do maior desafio da vida delas:escalar aquele paredão traiçoeiro,sem qualquer garantia de que conseguissem chegar vivas lá em cima!
Enquanto todas dormiam, Kogyo ainda pensava numa maneira de se confessar para Fuu, e olhava para ela dormindo, encantada.
Ela olhou para cima,e,ainda sob os últimos raios de sol,divisou algo que tornaria a subida ainda mais perigosa, e que as demais não tinham notado: Haviam ninhos de Falcôes no caminho, e estes,para defendê-los, certamente as atacariam com suas garras e bicos afiados!
Kogyo nem sabia se estaria viva na noite seguinte, ou mesmo se haveria outra noite...
Conseguirão as garotas completar esta dificílhima escalada?E o que realmente encontrarão lá?
As garotas não sabiam, mas já há algum tempo estavam sendo observadas por alguém , jovem e misteriosa,que agora contemplava, lá no alto, a lua cheia...
Quem seria esta pessoa misteriosa?Quais suas intenções?Seria amiga ou inimiga?
Saibam as respostas amanhã, no próximo episódio, não percam !

(Por continuar)

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Cristiano Camargo