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sábado, 9 de abril de 2011

O Espelho da Verdade Volume 2-Episódio 134




Episódio 134



-Senhor, com todo o respeito, meu Mestre está aguardando a sua resposta!
-É claro que irei resgatar a minha irmã!Diga que estou a caminho!Pode ir !
Disse Narumeshi intempestivamente.
Assim que o mensageiro foi embora,Minoko tomou a palavra:
-Eu vou com você, Naru-kun!
Todo o resto da turma se manifestou em apoio, menos as gêmeas.
Elas estavam deprimidas.E estavam em dúvidas se iriam se juntar à trupe ou não.
Vendo que deste jeito a coisa estava difícil, Fushiko chamou as duas para um canto e cochichou para elas:
-Deixem de ser bobas! Vão aparecer muitas oportunidades para vocês fazerem amor com ele,eu conheço o Narumeshi desde pequena, e fidelidade nunca foi o forte dele!E daí que não são as esposas, sejam as amantes, é muito mais divertido!
Elas olharam uma para a cara da outra e viram que Fushiko tinha razão.
Então Nanase disse:
-Pai, nós vamos aceitar.Aceitaremos Minoko como nossa mãe, e Rei como nossa irmã.E vamos com o senhor ajudá-lo a resgatar nossa tia !
O rosto de Narumeshi se iluminou e ele abraçou as duas com carinho.Elas deram beijos no rosto dele e depois, de pirraça, mostraram a língua para Minoko .
Mas Minoko estava preocupada com coisas mais sérias e nem ligou.
Seguiu-se então uma reunião para discutir um plano de ação.
Tudo combinado,todos pegaram suas armas e ganharam as ruas.
O dia começava a amanhecer quando a agora numerosa trupe chegou no ponto de encontro:um descampado atrás do Santuário onde os Monges estavam hospedados.
A trupe passou pelo Santuário e desceu uma longa escadaria, morro abaixo, onde se via um grande descampado, cercado de morros cobertos de mata.Um lugar perfeito para uma emboscada, pois não havia uma rota de fuga fácil, nem rápida, e também abrigaria bem quem quisesse vigiá-los ou atacá-los de cima.
Quando Minoko ,Narumeshi, Rei e Kin, os quatro melhores espadachins da trupe,terminaram de descer as escadas, Minoko, a chefe do bando dissse:
-Muito bem,estamos entrando numa emboscada, uma armadilha, preparem suas armas e muito cuidado,deve ter muitos inimigos aqui!
Atrás dos espadachins estavam  as gêmeas,Kareni, Fushiko,Namya e Kogyo, e depois delas, na retaguarda, Juuchi,Mira,Kurumi e Chitose.
Aika ficou na Hospedaria, tomando conta de Ayako,pois como a batalha não envolvia magia, não haveria necessidade de ela ir, a a filha de Rei ainda era muito pequena para lutar.
Quando a neblina finalmente se dissipou no descampado, nosos heróis e heroinas puderam ver, amarrada nua num pilar de madeira , bem no centro, Susumi nua e amarrada.De sua virilha, fios de sangue corriam pelas pernas, e ela estava coberta, em muitas pertes do corpo, por uma gosma amarelada, o que indicava que ela tinha sido recentemente abusada sexualmente.
Narumeshi ficou furioso:
-Vocês vão pagar pelo que fizeram com a minha irmã, seus canalhas! Monstros!
Uma risada sinistra ecoou pelos morros ainda nebulosos.Uma ordem se seguiu:
-Atacar !
Trinta e seis Monges com suas foices afiadas desceram dos morros,metade com foices pequenas ligadas por correntes, a outra metade com grandes foices de guerra.
-Atacar! Disse Minoko, e os dois pelotões entraram em choque.
Eram quatorze contra trinta e seis.Na trupe, oito usavam espadas,duas usavam machados,duas usavam lanças e duas usavam arcos e flexas.
E foram as flexas as primeiras a atingir os inimigos, quatro Monges tombaram, com seus corações perfurados.
Narumeshi lutava como um leão, e Minoko como uma tigresa, mas Rei era quem derrotava os inimigos mais rápido, com Kin no seu encalço:as duas eram pequenas e extremamente ágeis, e muito rápidas em seus golpes,e sózinhas mataram mais seis inimigos.
Kareni,Fushiko ,Namya e Kogyo davam cobertura para as arqueiras Mira e Chitose, enquanto os lanceiros Juuchi e Kurumi avançavam  e arrebentavam os inimigos nos flancos, para que as espadachins combatessem os do centro, e as lâminas afiadas zumbiam seu silvo sinistro de morte, num balé assassino, e sangue voava para todos os lados.
Por fim, ficou só um Monge, o chefe, o Grande Mestre,Shuichi.Este, esperto, saltou para trás e encostou a lãmina de sua foice pequena no pescoço de sua refém.
-Mais um passo e ela morre!
Narumeshi espumava de raiva e via tudo vermelho, com as mãos trêmulas de fúria,maluco para matar aquele Monge.
Mas Minoko o conteve:
-Não, se você o atacar,ele vai matar a menina.
E ela fez sinal para Chitose.Toda a trupe abriu caminho para ela.
-Se ela atirar,Susumi-san vai para o inferno!
Disse  Shuichi, com a mão trêmula, pronta a rasgar a garganta da garota, que estava mais trêmula ainda, com os olhos lacrimejando de medo.
Minoko sussurrou no ouvido de Narumeshi:
-A Chitose é uma arqueira fenomenal, tanto na precisão, como na rapidez.Confie nela!
Narumeshi concordou, pois sabia que Minoko sabia o que estava fazendo e o que dizia.
Chitose piscou um dos olhos.
Uma mão retirou uma flexa e a colocou no arco, que subiu e atirou,tudo numa fração de segundo!
A flexa chegou ao seu alvo antes ainda da foice de Shuichi tocar a garganta da garota, e a foice voou longe!
Uma segunda flexa, décimos de segundo depois, atingiu a mão do Monge, que foi pregada na madeira, e ele soltou um grito.
Agora era a vez de Fuu, que correu, rápida como uma raposa, e cortou as cordas com os dentes, e deixou Susumi longe do alcançe do Monge.
Este, arrancou com a outra mão a flexa, e rodopiou as foices ligadas por correntes,indo em direção a Narumeshi, que sacou sua espada novamente, mas nem precisou- Rei foi mais rápida e atirou sua espada nele, que acertou a corrente com as foices e  retornou à mão de sua dona, que jogou as foices longe e  enterrou a espada no meio da testa de Shuichi.Tudo em menos de um segundo.
O Grande Mestre das Foices estava morto!
Narumeshi veio correndo abraçar a irmã, e os dois choraram um nos ombros do outro.   

Susumi estava a salvo agora.
Mas embora as gêmeas tivessem concordado com o casamento de Narumeshi e Minoko, isto não significava que iriam facilitar as coisas.O que elas irão aprontar desta vez?
Também um  novo showzinho de Ayako estava por acontecer, revelando o quanto a magia dela é poderosa-conseguirá a trupe mant~e-la sob controle ou terão de tentar matá-la?E qual será a reação de Rei?
Saibam no próximo episódio, não percam!

(Por continuar) 

Série Especial: Autômato- Capítulo 3

 

 

 

Capítulo Três

 

 

 

No entanto, logo estava de pé outra vez.  Sentiu passos vibrando no solo. O Criador. Ele estava por perto. E chegando.
Como que do nada, uma mão negra estofada o apanhou.
O olhar do Criador parecia ser de certa curiosidade.
Mas Auto não era curioso. Era ira que via nos olhos esbugalhados do Criador, que o chacoalhou violentamente, numa tortura angustiante que o tempo, embora curto, só ampliava.
E Auto mais e mais se encolhia, endurecia, abstraia, o que enfurecia muito mais o Criador. Este parecia querer exatamente o efeito oposto ; que Auto lhe revelasse seu segredo, que por sua vez Auto não tinha, ele era muito simples, e dava a impressão de que sua cabeça era maciça, o que de fato não o era, havia alguma coisa ali dentro, que o próprio Criador desconhecia o que fosse, mas ansiava por saber.
Perdeu a paciência e levou Auto pelos corredores. Ate chegar ‘a uma câmara escura, quadrada, uma das muitas daquele lugar. Colocou - o em cima de uma mesa de mármore.
A mão direita segurava o esperneante Auto, que debatia seus débeis bracinhos, girava a cabeça e os olhos. Seu olhar era de horror, e o olhar de seu opressor era o feroz olhar do Carrasco, tentando suprimi - lo.
A mão esquerda levantada segurava uma ferramenta, pesada e pontuda, olhos contrastantes com os da vitima iminente, da raiva cega e ansiosa, acima de tudo, irracional. Mas esta mão armada estava tremula, não só fúria, mas insegurança e incerteza, algo de culpa ? Talvez, afinal, o Criador também tinha seus segredos.
Mas a mão não pensa, e ela desabou com todo o peso impiedoso da autoridade.
Um silvo sinistro se ouviu, cortando o silencio qual espada.
O olho de Auto saltou para fora, de terror. O Ferro maciço caia vertiginosamente na direção de sua testa !
IMPACTO !!  .O choque foi tremendo. Os olhos injetados do Criador expressavam absoluta revolta e desespero.
A razão para isso estava estatelada na mesa. Auto sofrera apenas um pequeno trinco, leve cicatriz na testa. Mas o Abalo da Mente silenciosa havia sido muito mais grave.
O Criador, em desvario, ficou golpeando-o com a rapidez de uma metralhadora, malhando-o por todo o corpo, sem resultados.
Acabou por desistir, inconformado. Quem tinha o segredo era ele mesmo, e ficava procurando o que não existia.
Mas isto estava alem de sua compreensão, ou ate talvez não : talvez sua profunda intolerância consigo mesmo e com o desconhecido e incontrolavel , especialmente, o impedisse de ver o que estava claro todo o tempo, bem ‘a sua frente. A Razão não tem paciência !
Auto tinha apenas alguns arranhões e trincas superficiais, mas permanecia tremulo ate agora. Viu o Criador ir embora, mas demorava a recompor-se. Olhou para cima e lá estavam : suas pernas penduradas na parede lisa, em um cabide esculpido em bronze, afixado na parede muito, muito alto , próximo ao teto. Não podia alcança - las, embora quisesse, ainda que de uma maneira muito apagada.
Olhou para baixo : a mesa era bem alta, alias, tudo era alto, ou Auto que era pequeno ? Enquanto continuasse abstraído, iria se sentir cada vez menor e mais inexpugnável , e aquele ambiente, cada vez maior , mais absoluto, mais ameaçador; maior ainda a tirania exercida sobre ele. Auto não sabia lidar consigo mesmo, quanto menos com seu próprio ambiente.
Sentia-se cada vez menor e temia desaparecer. A Morte não vinha com o fim da existência ,mas com o Vazio, o vazio da Imobilidade, a Parada. Um ambiente tão perene, significava um ambiente morto, por isso tão temido.
Precisava descer daquela mesa. Como? Precisava mesmo?
Ocorre que ele tinha se arrastado tanto para achar suas pernas, e as tinha achado. Por que tinha de sair dali, então?
O Criador; ele podia voltar! Era preciso fugir e se esconder dele!
Poderia se jogar dali. Mas poderia quebrar-se na queda.
Ele foi ‘a beirada, deitou-se de bruços, e observou : pés curvos de granito , abrindo-se para fora do perímetro da tampa da mesa. Teria de escalar, como se descesse de uma montanha. Perigoso, sem duvida, mas possível.
Girou cento e oitenta graus, e ficou pendurado no tampo. Balançou - se e soltou as mãos. Caiu.
Agarrou-se violentamente ao pé da mesa , e foi soltando aos poucos. Esta queda controlada acabou por conduzi - lo são e salvo ao solo.
Pronto. Agora ele podia se arrastar e sair dali em segurança.
Mas tudo ali era gigantesco, e demorou horas para sair daquela sala. Só que ele não sabia mais com voltar ‘a sua gaveta. Três eram os corredores que davam naquela sala, qual escolher? Era preciso decidir. Mas a letárgica calma de Auto escondia na verdade alguma coisa que ele jamais teve antes : a indecisão provinda de um combate mental interno. Duvidas, pressão, ansiedade, apatia ,em um embate desanimado e interminável. Ficou, sem perceber, vários dias diante daquela entrada, sem conseguir decidir coisa alguma.
Bastaram os passos do Criador serem sentidos como próximos para esta decisão vir lépida : iria pelo corredor central, não o da esquerda ou da direita ; o do centro estava bem ‘a sua frente. Tomou, claro, a decisão mais fácil e simples.
O Criador passou por ele. Desta vez nem o viu. Quase pisa em Auto. Mas não o vê .
 Passado o susto, Auto recompôs - se e prosseguiu seu rastejar, olhando as gavetas das paredes intermináveis. Embora estas fossem idênticas umas ‘as outras, ele conseguia achar sutis diferenças entre elas, que obviamente só ele mesmo era capaz de distinguir. Assim foi percorrendo vários e vários corredores e entroncamentos, estando devidamente perdido agora.

(Por continuar)