Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Espelho da Verdade-Episódio 46

Episódio 46



Vendo a indecisão e o nervosismo de Kareni, as demais garotas, já entediadas tinham, até elas, vontade de matar aquele monte de gordura  ambulante de uma vez.
Mas era algo que dizia respeito íntimamente à Kareni, e elas não podiam se meter na vida dela.Porém, o impasse estava se prolongando e ninguém aguentava mais ficar em pé ali na soleira, vendo o sujeitão sentado de pernas cruzadas no chão, com o ventre esparramado por cima das pernas, tal a obesidade dele.Minoko, a de pavio mais curto não aguentou mais e foi buscar a espada de Kareni no quarto dela, enquanto as outras tentavam convencer a teimosa vítima a matar o seu algoz como ele suplicava.Ela dizia :
-Não,não e não!Eu não vou realizar o sonho deste idiota!Matem ele vocês, por favor, pelo amor dos Deuses!
Ao que o infeliz,agora ajoelhado,com as banhas reptando pelo chão,,com os braços em posição de súplica, se humilhava públicamente:
-Por favor, me mate, Kareni,por favor, eu te rogo, te suplico,eu quero morrer por suas lindas mãozinhas delicadas, por favor, pelo amor dos Deuses,me mate logo!
-Cala a boca,verme nojento, asqueiroso, lixo do lixo,você não é gente, é monstro!
-Mas Kareni, eu te amo tanto, por favor, me mata !
-Que ama o quê, seu infeliz, você acha que quem faz uma barbaridade destas comigo, uma monstruosidade, uma tortura destas é capaz de amar à alguém?Olha, seu porco horroroso, eu adoraria matá-lo com requintes de crueldade,mas tinha que ser contra a sua vontade,você pedindo,mas nem morta,eu não vou realizar seu sonho porque você não merece!Merece ser massacrado por um bando de porcos selvagens como você!
-Então traga os porcos e deixa eles me massacrarem,meu amor, por favor!
-Queeeeeê?Do que você me chamou? Seu desgraçado! Agora quer me xingar!
E ela voltou a espancá-lo com toda a fúria do seu coração.Ela espumava de raiva, a tal ponto que começou a jogar nele tudo o que encontrava por perto,incluindo cadeiras, vasos,e as meninas, deivertidas com o espetáculo, lhe deram um bordão de madeira maciça,e ela o golpeava com toda a fôrça, quebrando dentes,e distribuindo hematomas roxos por todo o corpo do homenzarrão.Porém, as gorduras lhe amorteciam os impactos,muitos deles suficientemente fortes para quebrar ossos de uma pessoa de porte menor,Ele continuava submisso, apanhando quieto,nem ao menos gritava de dor,sofrendo em silêncio sua penitência.
Até que Minoko chegou e aproveitou a distração de Kareni e seus acessos furiosos, histéricos e descontrolados,e colocou a espada dela na mão dela.
No primeiro golpe, ela não percebeu, de tão nervosa.A lâmina zumbiu e atingiu o braço direito dele, cortando-o profundamente, até chegar bem perto do osso.Voou sangue para todo lado.Agora sim Yeasu apertou os olhos de dor,e tentou abafar seu grito, que acabou saindo.
Só então Kareni percebeu que estava com a sua espada na mão.
-Seu idiotaaaaa!
Outro golpe mais acima no mesmo braço.Porém o nobre falido era tão grande e tinha ossos tão espessos e fortes, que a lâmina cravou no osso e ficou presa lá.
Yeasu tinha os olhos rasos de tanta dor, e tentava sufocar seus próprios gritos,enquantto Kareni, com um pé em cima do braço ferido, tentava inútilmente arrancar a espada dali .
-Mas que droga, que monte de banha, ainda vai me estragar minha espada que eu mesma fiz! Que cara chatooo!O que que eu fiz na vida para merecer este infeliz, que porcaria!
Ela praguejava.As outras meninas tentaram ajudá-la e fizeram uma corrente, uma abraçando a barriga da outra por trás, e todas fazendo força para tirar a espada de lá!
Até que enfim o trabalho de equipe deu certo e caíram todas, uma amontoada em cima da outra.
Quando olharam para a lâmina ensanguentada, havia um dente estragando o fio.
-Seu filho de uma égua vagabunda ! Olha o que você fêz com minha espada novinha ! A culpa é sua !
Yeasu, com o braço sangrando abundantemente, sofria uma dor lancinante.Ao sair, a lâmina aumentou ainda mais o dano ao osso,e rasgou os músculos quase até o ombro, e as carnes estavam abertas, viradas para fora,e o sangramento não parava.Ele podia perder a consciência pela baixa da pressão sanguínea e pela perda de sangue à qualquer momento, e lutava desesperadamente para não desmaiar, pois queria porque queria estar consciente para assistir ao golpe fatal.
As meninas então ficaram por mais de uma hora tentando convencer Kesumi a matar o infeliz de vez,  e ele continuava pedindo sua morte insistentemente, e ela lhe distribuía golpes de espada pelos braços e ombros, todos superficiais, porém, agora o braço machucado já exibia o osso branco à luz do dia, para horror das garotas.
E Yeasu sangrava tanto por todo o ado que mais parecia que suava sangue.Completamente tonto e fraco, mal se aguentava sentado, e seus olhos reviravam de dor.
Por fim, exausta, Kesumi resolveu enfim matá-lo de vez.Pediu para todas se afastarem, e mandou o obeso ex-nobre se afastar mais para trás da porta.
-Jã que você me encheu tanto a paciência e me torturou tanto , me estragou minha vida e  estragou meu dia, com seus pedidos ridículos infelizes, ó,criatura dos infernos, eu vou acabar com a sua raça logo de uma vez para me ver livre logo de você e nunca mais ter de ver sua cara!Mas se você se atrever a dar um sorriso, eu corto seus braços e pernas gordos e te jogo na beira de um rio para morrer à míngua!
Yeasu já tinha feito um esfõrço colossal para afastar-se da porta,usando suas últimas reservas de fôrça.Mal respirava.Mas, embora, haja visto a ordem de sua amada, não pudesse sorrir como gostaria tanto,por dentro estava feliz e contente por morrer pelas mãos de sua paixão eterna,que levaria consigo em seu coração direto para o inferno, que era para onde ele estava crente que iria depois de sua morte.
-Eu te amo,Kareni-kun.Nunca se esqueça de mim, por favor!
-Eu teo odeio! Te odeio! Evou esquecer você rapidinho, seu infeliz, e vai ser agora!
Ouviu-se o zumbido sinistro da morte.
Kesumi girou o corpo em torno do próprio eixo com toda a velocidade que conseguiu, com os dois braços esticados segurando a espada, e , ao completar a volta,atingiu o pescoço de Yeasu com a velocidade de um raio e a cabeça dele voou longe, e rolou pelo chão.Para seu desespêro,ainda havia sangue no cérebro dele, e a cabeça dele rolou aos pés dela.
-Que maravilha! Que visão maravilhosa, a última da minha vida! Adeus, minha amada,eu, por minha vez,jamais a esquecerei e a amarei pela eternidade!
Disse a cabeça dele, enfim fechando os olhos.
O corpo tombou para trás, ainda esguichando sangue em alta pressão.
-Kareni, ele disse isto porque do ângulo que a cabeça dele caiu, dava para ver suas roupas de baixo...
Disse Fushiko.
-Mas que desgraçado! Porco tarado ordinário pervertido,idiota!Kareni gritou, espezinhando e chutandoa cabeça já morta.
-Calma, calma, ele já morreu, já acabou, calma...
Namya tentou acalmá-la.Kareni, ainda descontrolada, chorou no ombro de sua amiga.Todas as outras se reuniram em volta dela, tentando consolá-la.
Quando ela finalmente se recompôs precáriamente, Namya e Minoko a levaram para seu quarto.
-Fushiko, por favor, pode limpar esta bagunça para mim?Está tudo ensanguentado por aqui,um monte de cacos e coisas quebradas...
-Sim, Sae-san...
Mas na verdade, ela estava com raiva de ter sobrado justo para ela.
Kurumi, Chitose e Sae tentavam a todo custo mover o corpo do morto dali, mas este era muito pesado, e tiveram de chamar vários comerciantes  na rua para ajudar.
Foram necessários seis homens fortes para colocar o corpo numa carroça, para que ele fosse levado dali e enterrado com indigente.Ficou para Chitose a tarefa nojenta e macabra de colocar a cabeça na carroça.
Depois disto, elas foram ajudar a sobrecarregada Fushiko, na limpeza e organização da quebradeira.
Sae tinha ido ver Kareni, mas ao subir as escadas, depois de assistir um pouco o espetáculo da transferência do corpo do morto,deu de cara com Minoko e Namya.
-Finalmente ela conseguiu dormir!Vamos deixá-la em paz !Acho que vou  levar as crianças para um passeio na cidade, para nos distrairmos um pouco.
-Ah, mas não vão querer almoçar aqui conosco,Minoko?Eu ia preparar o almoço agora...
-Ai, desculpe,Sae...depois do que eu vi, nem estou com fome!Você vem com a gente, Namya?
-Não, Minoko, desculpe, eu vou ajudar a Sae com o almoço.
-Então está certo,vou ver as crianças, neste caso.Ah, Sae, vou aproveitar que estarei na cidade para comprar os objetos que a Kareni quebrou, para vocênão ter prejuízos !
-Imagine, Minoko, esquece isto,não pense nestas coisas não.Vá lá com as crianças e divirta-se!
-Tudo bem,Sae, mais tarde estaremos de volta!
E ela foi atrás das crianças, mas só Rei quis ir com ela.Juuchi quis ficar com a mãe ,ajudando na cozinha, e Akasaka e Rukia, agora muito amigas, quiseram continuar brincando de esconde-esconde.
Andando de mãos dadas pelas ruas,mãe e filha passeavam tranquilamente,até que uma senhora, de uns cinquenta anos de idade, as abordou.
-Boa tarde, Rei-san! Se lembra de mim?Lembra da Tia  Akeni?Eu a vi pela última vez quando você tinha seis anos de idade!
-A senhora é tia dela?
-Não.É que, você sabe, as crianças quando pequenas tem mania de chamar todo mundo de tio, tia...mas eu conheci a mãe e o pai dela,enquanto estavam vivos, e até cuidei pela por uns tempos.É uma grande coincidência nos reencontrarmos novamente,numa cidade tão distante, não é, Rei-chan?Ainda se lembra dos tempos em que morava em Osaka?
-Eu não me lembro da senhora, Akeni-sempai.
-Ah, então você vai se lembrar disto aqui! E começou a remexer numa alforge que levava à tiracolo.Enquanto procurava, continuou falando com Minoko.
-Você é...?
-Sou a mãe adotiva dela agora.Meu nome é Minoko.
-Ah, prazer em conhecê-la.Você faz parte das Sete Incríveis, não é?Eu fiquei sabendo das proezas da Rei-san, fico orgulhosa desta menina, que adoro!
-É, agora somos oito,na verdade nove.
-Ah, eu achei.Aqui está!E Akemi tirou o objeto da alforje e o mostrou a Rei.
Quando Minoko olhou para a filha, esta estava de olhos esbugalhados!Logo o espanto deu lugar  a um choro convulso e desesperado, a menina estava em choque!
Minoko ficou sem entender nada, para ela aquele objeto não tinha nada demais.Mas via, condoída, a menina abraçar seu torso e se agarrar à ela como cola, em ondas de agonia e angústia.Na cabeça de Rei todo um passado dolorido e traumático voltou de repente,memórias indesejadas e desagradáveis que ela não queria ter de lembrar, que lhe doíam demais,e com as quais não sabia lidar, e muito menos ousava enfrentar !

Quem seria aquela senhora?O que havia ocorrido de tão triste, tão trágico assim na vida de Rei, para gerar uma reação histérica e apavorada daquela maneira?Quais os grandes mistérios de seu curto passado?
Não perca, saiba no próximo episódio!

(Por continuar)

O Espelho da Verdade-Episódio45

Episódio 45



-Você tem certeza de que deve deixar sua filha lutar contra um samurai profissional de alta classe destes,Minoko?
-Shhh...A Rei sabe muito mais do que mostra! E apesar da pouca idade,é tão profissional e de alta classe quanto ele, se é que não é superior! Apenas observe como uma verdadeira campeã trabalha,Kareni!
Clima de muita tensão no ar.
-Posso propor a você a disputa de saque rápido,garotinha?
-Sacar e matar?Sem prblemas! Quem sacar primeiro vence, o mais lento morre!
Respondeu Rei.
Agora o clima ficou ainda mais nervoso.As garotas roíam as unhas de ansiedade, para não perder um só lance!
Ninguém queria perder a vista das espadas saindo num faíscar mortal com seu zumbido soturno da morte, muito mais rápido que o piscar de um olho.Mas Rei mantinha-se firme como uma rocha, e seu olhar selvagem era de uma autoconfiança serena,uma certeza esmagadora de tão absoluta,e com a ferocidade de um leão!
Já Yuuri também tinha a mesma concentração profunda e total de Rei, e seu olhar era o a crença firme na vitória certa,uma agressividade de monstro,expressando a crueldade de um demônio.Ambas as mãos crispadas nos cabos das espadas ainda embainhadas, num toque nervoso,respondendo a braços que mais pareciam ter molas no lugar dos músculos.
As garotas aprtavam os olhos, nem piscavam, olhar vidrado, a insegurança, o mêdo profundo de ver a menininha tombar morta no chão,tensão, tensão,tensão,e tremiam de nervosas e incertas,diante doque parecia ser o inevitável fatídico!
Mas ali não havia lugar para erros,centésimos de segundo podiam decidir a batalha-consequentemente quem iria viver ou morrer.E quem seria/
Era a angústia geral que se respirava no ar !
Sliiiim!
Duas espadas saíram de suas bainhas num ímpeto que pareceu tão rápido que parecia até superior à velocidade da luz!
Dois riscos rasgaram o ar em centésimos de segundo, como flashes, brilhando vermelhos.
Os dois oponentes chegaram ao chão, sorrindo autoconfiantes, um de costas para o outro.
Mas os olhos de Yuuri súbitamente não pareciam mais tão convencidos,um rapidíssimo vacilo, uma expressão de espanto,e...
Seus braços foram ao chão, e a sua espada caiu com um estrondo metálico.
Sua cabeça e pescoço escorregaram lentmente para frente, e caíram.O corpo, com sangue esguichando pelos lugares onde ficavam pescoço e braços em jatos de alta pressão, tombou para frente, e a cabeça de Yuuri rolou aos pés de Minoko!
Antes mesmo que  o olhar de espanto e incredulidade dos olhos esbugalhados do grande samurai se revelasse,a espada de Rei já estava de volta na bainha, incrívelmente limpa, sem uma gota de sangue.Ela se virou para Minoko:
-Acabou, mamãe!
Um enorme sorriso iluminou o rosto de MinokO, que mal acreditava no que vira!
Ela e todas as garotas foram abraçá-la imediatamente.
Os dois bandidos restantes, apavorados com o destino de seu mestre, trataram de fugir correndo como ratos.
Mas os cumprimentos não duraram muit tempo.Rei fez questão de ir libertar Akasaka.
Ela sacou a espada, e sua rival no amor ficou aflita, achando que também seria morta por aquela lâmina da morte.Mas os dois zumbidos que se ouviram eram benévolos:as correntes caíram , sem causar-lhe um só arranhão.Akasakaestava livre e Rei a abraçou e amparou nos braços,e ambas choraram nos ombros uma da outra, pedindo desculpas mútuamente, o que comoveu Minoko e as outras profundamente.
Ao chegarem na Pousada, Rei e Akasaka estavam sorrindo, felizes de mãos dadas-parecia que eram amigas há anos !
Aquela visão de todas chegando, e  especialmente a das duas garotinhas felizes, de mãos dadas,tocou o coração de Sae até a alma, e suas lágrimas agora eram de felicidade!
Mãe e filha se reencontraram num abraço carinhoso e fraterno.Sae não parava de pedir perdão para a filha, repetndo que nunca mais iria dizer estas coisas para ela, e a menina, por sua vez,também insistia em lhe pedir perdão por fugir de casa, e dizer até cansar que nunca mais fugiria.Todas as garotas e as demais crianças também, comovidas, as abraçaram em comoção.
Aquele restante do dia foi de festa, e agora as três crianças se davam muito bem, e não se preocupavam mais em namorar, apenas brincar e festejar!
Mas durante a noite,Minoko teve um sonho estranho:
Sonhou que estava de volta ao armazém, e que ouvia, lá de dentro, um choro de criança.Curiosa, entrou lá dentro e foi até o fundo.Depois de passar por todos aqueles mortos,encontrou o corpo esquartejado de Yuuri.Quando se aproximou mais,viu uma menininha, de uns seis anos de idade, que nunca vira antes na vida, chorando, sentadinha, abraçada com a cabeça do grande samurai.
Com olhos flamejantes e expressão de raiva,a menininha virou-se para ela e disse:
-Foi você quem matou o papai?Foi você?Papai, papai, fala comigo, papai...
Quando deu por si, repentinamente, Rei apareceu.
A menininha levantou-se ,ainda segurando a cabeça do pai em um dos braços, junto ao corpo , e com a outra mão ela apontou diretamente para Rei:
-Foi você!Foi você quem matou o papai! Foi você!Eu vou te matar !
Ao que Rei respondeu:
-Fui eu que matei o papai,onee-chan!
-Como você pode matar nosso pai?Como você pôde matar o papai?
E a menininha avançou para cima dela com uma adaga afiada.
-Agora eu vou te matar também.Respondeu Rei calmamente,sacando sua espada numa velocidade absurda e trepassando a menina na barriga, de fora a fora.ELa vomitou sangue, mas mesmo com esta perfurançaõ tão grave,que a deveria ter matado, ela continuou caminhando até o cabo da arma encontrar-se com sua pele.
A adaga já tinha caído no chão, mas a menininha tentava enforcar Rei com suas mãozinhas débeis.Minoko tentou intervir, e abaixou o braço esquerdo para tentar afastar Rei, mas esta tinha uma segunda espada, e num rápido golpe,decepou seu braço!
A menininha parecia, no entanto ter uma fôrça sobre humana, e Rei, com o pescoço sendo esmagado por aquelas mãozinhas,estava se asfixiando, já roxa,e a menininha dizia:
-Papai ! Papai! Papai! Você matou o papai! Você vai morrer!
Minoko olhava incrédula para seu braço caído no chão, se debatendo em sangue,e estava imóvel, uma angústia a percorria, queria de toda a maneira salvar a filha, mas não queria machucar a menininha,enão conseguia se mexer,e ela se dessesperava,gritando:-Filha!Filha!Fiiilhaaa!
Enquanto via Rei morrendo aos poucos, e a voz da menininha não lhe saía da cabeça:
-Papai!Papai!Papai!
Minoko acordou do sonho sobressaltada.Já eram cinco e meia da manhã.Colocou a mão sobre seu braço direito.Estava lá.Olhou para Rei, dormindo ao seu lado,e ela parecia cândida, feliz e inofensiva como um coelhinho.Mas o sonho não lhe saía da cabeça, e ela teve um sinistro pressentimento de que a menininha existia e estava lá, no armazém, segurando a cebeça do pai nas mãos.Ela sentiu que precisava voltar lá de qualquer maneira, era como se aquela criança a chamasse.
Elase levantou,se trocou, e ajeitou a espada e a bainha no obi.Então Rei acordou.
-Onde você vai, mamãe?
Eu vou lá no armazém.Shh, fale baixo.
-Fazer o quê lá?
Minoko então lhe contou o sonho.Logo viu que Rei estava de olhos rasos, e a abraçou.Na verdade, não era porque ficara impressionada com o sonho, mas porque lembrou-se do seu próprio passado,triste e misterioso.Uma vez acalmada pelos afagos da mãe, disse:
-Espere um pouco para eu me trocar, mâe.Eu vou com você também!
Logo as duas estavam descendo as escadas na ponta dos pés, para não acordar a ninguém.O dia estava começando a clarear.
Ao chegarem lá, entraram pela porta arrombada no dia anterior ,e percorreram o longo prédio.Cães vadios devoravam os mortos, mas bastou movimentos ameaçadores com as espadas para eles logo fugirem correndo.
Então ouviu-se um choro de criança, soluçante, baixinho, e feminino.
Quando chegaram perto do fundo do prédio, de fato estava lá uma menininha, de uns seis anos de idade, sentadinha no chão, com a cabeça de Yuuri nas mãos.
-Papai...papai... Ela dizia.
Minoko sentiu suas pernas tremerem como se fossem de gelatina,parecia que suas almas iam escapar de seu corpo!
Ela estava pálida,apavorada, pois parecia que o sonho estava se concretizando.
A menininha olhou para ela,com a cabeça do pai no colo, e as perninhas manchadas de sangue:
-Papai...o que que aconteceu com o papai...ele não fala mais comigo...
Um grande alívio tomou conta de Minoko.Depois de suspirar fundo, ela disse:
-Vem com a gente.Como você se chama?
-Rukia.
-Muito bem, Rukia-san,venha com a gente.Aliás, onde está sua mãe?
-Papai me disse que quando eu era bem pequena, ela foi para o Céu para fazer compania para Buda.Mas não voltou mais.Será que papai também foi para lá?
-Sim, acho que foi.Então, vamos sair daqui, é perigoso você ficar aí sozinha.
Rukia estava desnutrida e magra,cheia de mordidas de  pequenos animais.
-E o papai?
-Ele já está com Buda, Rukia-san,a alma dele já foi embora.Deixa ele dormindo aí.
Disse Rei,com dó da menina.Ela não tinha a mais ninguém na vida.
De mãos dadas, as três saíram dali.Não demoraram a chegar na pousada,e quando chegaram,todos já estavam reunidos tomando o café da manhã.
-Gente,esta é Rukia-san, nossa nova amiga.Rukia-san,sente-se, por favor, e coma tudo o que quiser!
-Quem é ela?
-Depois eu te explico, Fushiko.
O clima de curiosidade tomou conta do desjejum, e após ele terminado, Minoko pediu à Rei que fosse brincar com Rukia, Akasaka e Juuchi no quintal.Então, na sala de estar, contou seu sonho,e contou sobre a menininha.
-Sae-chan, eu queria te pedir um favor!
-Claro, Minoko, qualquer coisa.Você e todas aqui já salvaram a vida da Akasaka-san duas vezes, eu devo muito à vocês!
-Obrigada. Eu queria que voc~e por favor adotasse a Rukia-san.Ela é a filha do Yuuri, aquele que raptou sua filha, mas ela é apenas uma criancinha, não tem culpa de nada, coitada, e não tem mais ninguém na vida.Eu a trouxe, não apenas por causa do sonho,mas,porque eu não podia deixar uma criança assim abandonada, passando fome até morrer, segurando a cabeça do pai nas mãos sem entender nada do que estava acontecendo...
-Você fêz bem, Minoko,eu teria feito a mesma coisa.Ela realmente não tem nada a ver com nada, não tem culpa de nada, é apenas uma vítima inocente.Eu apenas não entendo como um crápula asqueiroso daqueles teve coragem de torturar uma criança com velas em brasas, se ele mesmo tinha uma filha...não dá para entender! Mas fique tranquila, o futuro dela está assegurado, eu a adotarei e criarei como se fosse minha filha.Será muito bom para a Akasaka ter uma irmãzinha!
-Obrigada,Sae-san, fico mais tranquila agora.Agora podemos seguir viagem sossegadas.E realmente, não dá para entender como aquele monstro teve coragem de fazer o que fêz.
-Mas vocês já vão?
-Amanhâ bem cedinho estaremos indo, Sae-san, desculpe, mas já abusamos demais de sua hospitalidade, não temos nem como agradecer, você é uma pessoa maravilhosa!E temos que ir mesmo, não tem jeito!
Disse Minoko, num sorriso amável.
-Mas nós nunca vamos nos esquecer de vocês e do tempo que passamos aqui! Você sempre será nossa amiga !
-Obrigada, Namya-san,você é muito gentil!Eu também estou adorando a compania de todas vocês.Respondeu Sae.
Alguém na entrada da pousada então bateu palmas.
-Deixa que eu atendo, gente!
-Vai lá para mim então, Kareni.
-Volto já,Sae-san.
Não demorou depois que ela foi ver quem era, e ouviu-se um grito pavoroso de mulher, como alguém que tivesse levado o maior susto de sua vida.Todas correram para a porta para ver.
Quando viram quem estava na porta,ficaram de queixo caído:
-Eeeeeeee!Yeasu?
Sim, era ele, o enorme e paquidérmicamente obeso ex-suserano que um dia violentara Karni.E ela jamais esqueceria aquele rosto!
-O que este monstro está fazendo aqui! Seu ordinário, tarado, pervertido,sem vergonha, cachorro, porco,cavalo,estúpido...
Kareni, histérica após o susto,foi desfiando seu rosário de insultos e xingamentos, os mais impublicáveis possíveis, alguns tão baixos, feios e sujos que até as outras meninas ficaram roxas de vergonha, escandalizadas.
-Você tem razão,Kareni.Eu sou mesmo tudo isto, e muito mais.E eu vim aqui com um propósito:minha vida, depois da monstruosidade que fiz a você, e que não tem perdão possível,não vale mais à pena continuar a ser vivida.Então, a partir de quando você deixou meu castelo,eu vivi até agora só para este propósito e por sito viajaei te procurando:para ser morto por você!Eu passei por muitas coisas na minha viagem, passei por mil perigos, mas sobrevivi, e fiz questão de sobreviver até agora por que eu sabia que minha vida e minha morte só teriam sentido se eu morresse por suas mãos.
Eu fiquei sabendo a maneira pela qual mataram o grande Seisaro, e se quiser me matar da mesma maneira, pelo mesmo método, até isto aceitarei sem reclamar.Por amor a você, amor este que não respeitei,quero sacrificar a minha vida.Por favor, realize o meu último grande desejo, meu último grande sonho:por favor, me mate 1 Me mate agora, te imploro!
Kareni,normalmente calma e tranquila, estava vermelha de raiva, aliás, pior, aquilo era fúria,uma fúria histérica!
Ela começou a bater no homenzarrão com tapas, socos,chutes,descontroladamente, e ele, sem reagir, apanhou calmamente sem dizer palavra.Seu olhar era de arrependimento,depressão e apatia.
Kareni bateu nele até ficar exausta e perder o fôlego.Quando recuperou  o ar nos pulmões, disse:
-Alguém quer matar este aí!Por favor!
-Não, Kareni, só quero, e só posso ser morto por você!
-Cala a boca, seu nojento asqueiroso!Você me estupra,viola, quase me mata, e depois quer que eu o mate para realizar seu sonho?Seu sonho?Você acha que eu vou fazer você feliz, seu covarde?Heim?Heeeeim?
Kareni estava rubra de raiva.As demais meninas, atônittas, assistiam a tudo em silêncio.Todas achavam que não deviam se meter, e que falar qualquer coisa poderia deixá-la ainda mais nervosa e acabar sobrando para elas.
-Pelo amor dos Deuses, alguém vá pegar uma espada lá em cima e mate este boi gordo! Eu tenho vontade de vomitar, só de olhar para este monstro horroroso !
-Enquanto você não me matar eu vou sentar no chão em frente à porta  e esperar você me matar.Só saio daqui morto por você!
Sae ficou preocupada:
-Kareni, mate ele de uma vez então, se não ele não vai mais sair daí e vai espantar todos os clientes,vai me dar prejuízo!
-Até você, Sae-san?
E Kareni começou a chorar de nervosa. Não sabia mais o que fazer!

O teimoso Yeasu não arredava pé dali, e parecia ter mais paciência que um monge budista.Com certeza não sairia mais de lá até ela matá-lo.
E agora?Será que Kareni matará Yeasu?E a misteriosa Rukia?Será que iria se virar contra nossas heroínas para vingar o pai?
Rei também tinha problemas chegando.O encontro com seu dolorido e misterioso passado estava chegando.Uam pessoa igualmente misteriosa estava para  reaparecer em sua vida, da forma mais inesperada possível.Quais revelações do seu passado nebuloso vão se descortinar?Será que Rei conseguirá acertar as contas com seu passado?O que será que lhe aconteceu de tão doloroso e traumático para ela enterrar tão fundo no seu inconsciente?Porque tanto medo de ele emergir de novo?Que fantasmas rondarão a vida de Rei?
Saibam no próximo episódio!

(Por continuar)