Episódio 34
-Juuchi-san, a Rei-san está te ensinando a esgrima direitinho?
-Está, mamãe, mas ela me bate muito!
-Claro, Juuchi-kun, você fica olhando ara as minhas pernas!Além de distraído, você é um pervertido!
Rei estava corada de vergonha e o menino também corou ao protestar:
-Eu não! Eu não fico olhando para estes palitinhos que você chama de pernas não!
-Eu não tenho palitinhos, Juuchi-kun! Quem tem é você e se não calar a boca eu vou arrancar o seu !
-Reeei! Pára com isto, menina ! Que mal-educada! Você que é pervertida falando estas coisas!Não quero ouvir você falando deste tipo de coisas nunca mais, ouviu?
Minoko ficou brava com sua filha,enquanto Juuchi se encolhia todo com as mãos na virilha, achando que a menina cumpriria sua ameaça.Estava roxo de vergonha e com vontade de chorar.
Vendo isto,Namya o pegou no colo, com dificuldade, e só o seu olhar tão doce que ela fez já o acalmou.Ele devolveu a ela seu olhar mais meigo, o que a levou a acariciar os cabelos dele.
-Ah, mas é um doce de menino, não?
-É sim, Kareni, comportadinho, diferente de uma certa menina levada que conhecemos...
-É isto mesmo,ela ainda tem muito a aprender com ele,Chitose.Quando será que ela vai ser educadinha como ele?
Juuchi, agora o centro das atenções,estava todo todo, e mostrou a língua para Rei, que ficou revoltada.Ela estava morta de ciúmes !
Mas Minoko percebeu, e viu as primeiras lágrimas caindo, e pegou sua filha no colo.
-Não liga para elas não, filha,mamãe está aqui com você.
Ela logo se acalmou com o meigo tom de voz da mãe, e logo estavam fazendo um festival de caretas um para o outro.Mas logo as mães cansaram e os puseram no chão, estavam já muito grandinhos para andar no colo.
-Para onde irá esta estrada, Minoko?
-Ah, deixe eu olhar o mapa, Kareni.Ah, aqui está, Gifu. Depois de lá iremos para Maebashi, depois Nikko,Yamagata, Akita,Hirosaki, Aomori e finalmente pegaremos um barco para Hakodate, onde mora o Sacerdote!
-Uuuf, vai ser longe assim, heim?Levaremos meses de caminhada, Hakodate fica no fim do país!
-Sim,Fushiko, será uma longa jornada ! Mas será divertido!
-Assim espero, Minoko, quero encontrar bastante gente interessante no caminho!
Disse Chitose.
-Hey, hey, esperem um pouco, por favor!
Um homem vinha correndo atrás delas, que,surpresas com o estardalhaço dele,olharam para trás e pararam.Ainda dava para ver Kyoto ao longe, lá atrás.
-Pois não?Quem é você?Disse Minoko, com olhar severo.
O homem demorou um pouco para recuperar o fôlego, e então disse:
-Sou um vassalo do Xogum de Kyoto, enviado por ele para transmitir uma mensagem dele, senhorita...
-Minoko.Diga a mensagem então.
-Sim, senhorita.Meu soberano está convidando-as para uma audiência no Castelo.Ele ouviu muito falar de vocês,e soube que o Xogum de Nara, inimigo dele,leal as Forças Imperiais, os está perseguindo e colocando a cabeça à prêmio.Então ele disse que vocês podem ser muito úteis a ele se se tornarem as Samurais deles, e a senhorita seria a Chefe da Guarda Xogunal,ele lhes promete altos salários, terras e cargos vitalícios,caso aceitem a oferta dele, ele é muito poderoso!Vocês ficarão ricas para o resto de suas vidas !
As garotas estavam espantadas.A oferta era por demais interessante,e muito, muito tentadora.Uma oportunidade de ouro destas que ocorrem uma vez na vida.
-Não.Diga a ele que a resposta é não.Diga a ele que agradecemos a gentileza, e nos sentimos muito honradas em receber esta gentil oferta, mas que sentimos muito em decliná-la,e pedimos a ele que nos perdoe.
-Mas, senhorita Minoko,por favor escute, quantos rounins como a senhorita não sonham com uma chance destas?O Grande Xogum de Kyoto, por favor, entenda!Aceite, eu lhe rogo!
-Você quer voltar ao Castelo vivo ou morto?Se quiser voltar vivo, você irá levar a resposta que te dei. Agora pode ir,temos muito o que caminhar até Gifu.
Desolado,o mensageiro viu que era inútil continuar, e voltou correndo.
As garotas continuaram caminhando.
-Você está louca, mulher?Uma oferta destas?Como você pôde recusar, ainda mais em nome de todas nós?Nem nos deixou falar!
-Olha, Fushiko, se você quer ir, problema seu, pode ir.
-Como, pode ir?Desde quando você é a nossa líder?
-Desde sempre, Fushiko.Ou você quer lutar comigo para decidir quem manda aqui?
-Ouviu só?É o Narumeshi escrito falando!
-É mesmo, Kareni, ele era mandão e arrogante deste jeito mesmo?
-Sim, Chitose, deste jeitinho!
-Kareni, deixa para lá, vamos continuar viajando ou as duas vão brigar ainda mais, por favor...
-Ih, Namya, você é uma medrosa!
-Você é muito convencida, parece um homem !Está pensando que eu tenho medo de você?
-Ah, é,sua idiota,nem eu tenho medo de você! Está querendo me enfrentar, é?Eu tenho sim um homem dentro de mim, e daí?
-Ah, sim, ele pelo visto ele está dentro de você mesma, inteirinho, fazendo amor com você, você vai ficar grávida dele já já!Também, você abre as pernas para ele o tempo todo, não é à toa que ele está dentro de você!Ahahahahahahahah!
-Sua vaca ! Cobra ! Dentro da minha cabeça, não dentro da minha...
-Eeeeh, parem, gente, tem criança ouvindo aqui, esqueceram! Não dá para baixar o nível deste jeito!Por favor, Minoko, não continue a frase...
-Cale-se, Namya ! Disseram as duas.
E a briga continuou:
-Dentro da sua sim, sua galinha pervertida!Você não tem ninguém mesmo, então tem que namorar só dentro da sua cabeça, mas na verdade, você nunca vai ter um homem de verdade com você!
-Fushiko, sua...sua...agora você foi longe demais ! Demais !
Splaaaft!
Minoko acertou um tapanão na cara de Fushiko, e as duas começaram a rolar no meio da estrada poeirenta, trocando tapas, beliscões,puxando os cabelos, unhando, em fúria!
-Ah, não, as duas brigando de novo !Parem, parem por favor!Eu disse paaaareeeeem!
Berrou Namya a plenos pulmões, no fim da frase.As crianças acompanhavam a briga, empolgadas.
O berro assustou os passarinhos das árvores ao largo da estrada.Mas elas continuaram.
Namya, que era sempre super contida e auto-controlada, sacou sua espada, cuja lâmina ficou enterrada no chão a milímetros dos narizes das duas brigonas.Só então elas se assustaram e pararam.
-Parem com isto agora! Nem as crianças são infantis como vocês ! Será possível que não sabem se comportar como adultas?Precisam armar um barraco destes no meio da estrada?
Todas as garotas estavam espantadas com o rompante de raiva de Namya, que nunca tinha explodido desta maneira.
No entanto, o ambiente estava tão hostil que ambas viraram as caras uma da outra e não se conversavam mais. Caminhavam caladas e nervosamente, à frente de todos, de queixo para cima, emburradas como crianças.
Depois de várias horas caminhando, resolveram acampar numa clareira de um pequeno bosque.
Chitose saiu para procurar por algum animal para caçar,e Namya , agora mais calma, se dirigiu as crianças:
-Olha, tem um regato ali n frente, porque não vão tomar banho lá?
-Juntos? disse Rei, corando de vergonha.
-É, Rei -san, vocês são crianças, não tem problema.Depois eu tenho certeza que você pode confiar no Juuchi-san, ele é muito bonzinho e confiável, e um bom cavalheiro não falta para com o respeito para uma dama, mesmo que ela esteja sem roupas, não é,Juuchi-sama?
O menino corou de vergonha.Rei,também corada, disse:
-É que eu não quero que ele me veja pelada, Tia Namya!
-Ah, mas ele já não te viu mesmo?E quando ele viu, ele te vestiu com todo o respeito, não foi, se ele fosse um menino pervertido,ele teria tentado se aproveitar de você.E depois, daqui dá para eu ver vocês dois e tudo o que estão fazendo, e vou ficar de olho em vocês só por garantia.Agora vão lá, brinquem e divirtam´-se no banho.Só lembrando:Juuchi-sama, nada de mão boba ! Rei-san, nada de provocações pervertidas, entenderam?Estou de olho em vocês, vão!
Juuchi era tão pudorento que se despiu de costas para Rei, e ficou de costas para ela até entrar no regato, em que a água ficava até a altura do umbigo deles, no caso de Rei, que era um pouco mais baixa, um pouco acima.
Não demorou, a vergonha passou e logo os dois estavam brincando de guerra de água, à uma boa distância um do outro.Namya ficou satisfeita e sorriu com as brincadeiras inocentes dos dois, que agora ficava bem claro,estavam muito felizes e se divertindo a valer!
Enquanto isto,Fushiko e Minoko continuavam emburradas uma com a outra.Kareni e Chitose aproveitaram para tirar uma soneca na sombra.
Mas tal paz não existia no Castelo do Xogum de Kyoto.
Ao receber a notícia da recusa, ele ficou furioso!
Então, no salão de audiências , foi anunciada a presença de alguém.
-Pois não, excelencia.Kurumi Sotta a seu serviço!
-Ah, Kurumi-san, como é agradável ter a sua presença aqui!Acho que já foi informada do que aconteceu, não?
-Sim,Excelência, elas recusaram o convite!
-Pois então, aquelas ousadas ! Como podem ter coragem de recusar meu convite tão gentil?
-O senhor quer que eu as castigue, meu senhor?
-Não exatamente,Kurumi-san.Bom, você é mulher, sabe como as mulheres pensam e agem, e sabe que é quase impossível ter mulheres samurais na Coorte, ainda mais vassalas minhas, você é a única, graças a sua espantosa habilidade com a lança.Afinal, vocé uma Grande Mestra nesta arte marcial admirável, e é famosa em todo o Japão e sabe que tenho o maior orgulho em tê-la comigo,já que a considero com se fosse minha filha.Eu quero então que você vá atrás delas, e as convença, à força, se necessário, a aceitarem o meu convite e voltarem para cá.É claro que não preciso dizer para não matá-las, por favor seja cuidadosa.Esta será a sua missão.Pode ir agora.
-Honrada em receber suas ordens,senhor. Irei imediatamente.
-Muito bem, elas pegaram a estrada para Gifu há poucas horas. Vá a cavalo, que você as alcançará rápidamente.
-Sim, senhor, senhor. Com licença ,senhor!
E a grande lanceira Kurumi partiu para sua missão.
Por enquanto tudo era paz, mas Kurumi não estava disposta a deixar as coisas como estavam.Será que ela vai conseguir cumprir sua missão?
Será que as garotas vão acabar aceitando o convite do Xogum, agora um a ordem?
Saberão no próximo episódio, então, não percam !
(Por continuar )
