Foto ilustrativa

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sábado, 16 de outubro de 2010

O Espelho da Vedade-Episódio 58

Episódio 58



Logo apoós o café da manhã, Kereni saiu da varanda e começou a caminhar pelo gramado em frente ao Santuário, observando a magnífica vista.O céu estava fechado, e parecia que ia chover.Um vento gelado e cortante, no entanto soprava.
Ela olhou para o céu, pensativa.
Foi quando sentiu algo gelado e molhado cair em seus cabelos curtos,tingidos com aniz,por isto, azuis.Passou a mão neles e olhou para o céu novamente:era neve, flocos de neve !
Chitose a viu andando ao léu e foi conversar com ela:
-Não está frio para ficar aqui fora,Kareni?Um frio e um tempo destes, justo no dia do aniversário da Fuu!
-Olha, olha a neve, Chitose, o inverno chegou !
-É verdade, mas parece que agora  o tempo está armando, vem nevasca por aí! Vamos entrar logo, amiga, vem !
-Que pena, é tão bonito, tão romântico ver os primeiros flocos de neve...então vamos.
As duas entraram.
-Vamos começar a montar a festa da Fuu?
-Vamos, Rei-san !Vá perguntar ao Satochiro-sensei onde está a decoração de festa!
Rei estava animada!
-Oi, minha criança!Está alegrinha hoje !
-É, sempai sem vergonha,hoje é dia de festa!
-Rei,minha filha! Mas que falta de respeito para com os mais velhos!Não fale assim com o sensei!
-Mas ele é sem vergonha mesmo! Ele mesmo já confessou ter feito amor com a Chitose!
A dita cuja estava ao lado da menina e corou de vergonha até ficar roxa!
Odiava lembrar daquilo!
-Ele já foi punido.Agora chega, nós somos hóspedes, e temos de respeitar os anfitriões, onde está sua educação,Rei-san?
-Ah, Tia Fushiko, dentro da sua...
-Pára, Rei! Que coisa, está com odemônio na alma, hoje, é? Será possível?Você me envergonha deste jeito, filha! Peça desculpas para a Fushiko já!
-Minoko, ela pode ser sua filha, mas eu juro que estou com uma vontade danada de esganar esta menina, ai, que raiva! Vou te dar uns tabefes para você aprender a respeitar as pessoas, garotinha !
-E eu vou te dar  carne de abutre para você comer no almoço!
-Ai, que horror! Menina danada, quer me fazer vomitar, não é? Ora, mas eu te pego, vem cá sua pestinha que eu vou te dar uma lição, você vai ver só!
E Fushiko correu atrás de Rei pela casa.
Foi justamente  quando Namya e Juuchi chegavam no hall de entrada, e as duas crianças não viram uma à outra e tormbaram feio, cada uma para um lado.
Logo atrás de Namya, estava Aika, que rolava de rir.
-Eu te mato, seu desgraçado! Não olha por onde anda, não?Ai, está doendo,meu traseiro, ai...
-Desculpe, Rei-kun, mas você que veio correndo ,olhando para trás!
E Juuchi estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.
Ela então pegou na mão dele, mas o puxou com força, e para ajudar, Aika ainda o empurrou para a frente, resultado...
Juuchi estava caído no chão em cima de Rei,e o beijo na boca rolou.A menina, espantada e envergonhada, o afastou de si,num golpe de luta livre que o jogou longe.
O problema é que ele voou até bater com a cabeça nas nádegas de Kareni, que por sua vez caiu em cima de Chitose, que caiu em cima de Minoko , que caiu  em cima de Fuu, que acabara de chegar.
Ao ver aquele monte de mulheres amontoadas uma em cima da outra, o Sacerdote -Mago começou a rir desabaladamente,o que acabou contaminando a todos.
Animados, todos começaram a montar a festa,que seria na hora do jantar.
Então as crianças viram que a neve já tinha começado a se acumular  lá fora, pela janela, e as três foram para fora brincar de guerra de bolas de neve.
A mulherada, já meio cansada de ficar montando festa, resolveu fazer uma pausa e cair na brincadeira também, e foram para o jardim, e haja bolada  na cara, todos se divertiam até!
  Namya, a mais séria de todas, não quis, preferiu ir para a cozinha eajudar Aimi a preparar o almoço,pois senão, ninguém comeria nada.Satochiro ficava olhando pela janela as mulheres e crianças brincando alegremente, e lembrou de sua infância.
Aliás, por falar em Aimi, esta desde que tivera sua memória parcialmente apagada, parecia outra pessoa:calada,tímida,não se enturmava e obedecia Satochiro cegamente, parecendo que estava eternamente esperando ordens de alguém para fazer alguma coisa.Ela, no entanto, se ressentia de que as convidadas pareciam ignorá-la e excluí-la, ao menos era assim que se sentia.
Cozinhando, só falava o mínimo necessário, e só respondia, nunca perguntava, nas poucas vezes que Namya a questionava.Ficou recebendo e cumprindo ordens o tempo todo, e o tratamento que a convidada lhe dispensava parecia ser o mais arrogante e antipático do mundo,ela sentia que Namya, como as outras garotas, a desprezava profundamente.
Repentinamente, quando o almoço já estava quase pronto, todas as garotas e as crianças entraram correndo.Ao fechar a porta do hall, e as janelas, o vento uivava medonhamente, e os raios e relâmpagos iluminaram a casa fantasmagóricamente.
Trovões ribombavam feéricamente, assustando as crianças.Juuchi agarrou-se à Namya, Rei se agarrou à Minoko, e Aika, que não tinha mãe adotiva, encolheu-se num canto, morrendo de mêdo, tremendo, lembrando-se de tempestades passadas, sózinha e solitária, com saudades dos pais.
Aquilo condoeu à Kareni,que ficou com dó da menina, e ela foi ao cantinho onde a criança estava toda encolhida, chorando baixinho, e a abraçou com carinho, lhe deu um beijo na testa, e disse, num tom amável e gentil:
-Shhh...não precisa chorar, mammãe está aqui com você,Aika-chan...
A menina olhou para Kareni, e aquele olhar Kareni nunca mais esqueceu, pois era de cortar o coração...
Emocionada, a menina só conseguiu dizer:
-Mamãe...
Abraçadas, as agora mãe e filha de coração, choraram  de alegria uma no ombro da outra.Era a primeira vez na vida de Kareni que ela recebia uma criança em seu coração, ela nunca pensara em adotar alguém, ou ser mãe, sériamente antes, mas a imagem daquela menina profundamente assustada e traumatizada encolhida num cantinho,a própria imagem da solidão e abandono,lhe tocou profundamente o coração e despertou seu até então adormecido instinto maternal.
Para Aika, era a primeira vez em anos que sentia ter uma mãe de verdade, depois que aquela que lhe gerou perdera a vida, esfaqueada por um drogado bêbado.Seu pai era desaparecido,e o rumor, pouco antes de ela fugir de Osaka, era a de que ele teria sido vítima dos traficantes de ópio.
Aimi tinha sido amiga de Aika, mas  a tracara naquele labirinto escuro e tépido, por cinco anos, não era alguém quetivesse carinho de mãe para lhe dar, por isto nunca a vira como mãe, e tinha dúvidas se ela era mesmo sua amiga.Também lhe magoara a frieza total e o slêncio de Aimi para com ela depois de ter a memória parcialmente apagada.Na verdade, agora Aimi mais parecia uma zumbi.Segundo Satochiro, levaria ainda algumas semanas para ela voltar ao normal, e seria comum este tipo de comportamento em pessoas com memórias apagadas.
Finalmente o almoço estava pronto e todos foram á mesa. Havia uma imensa variedade de sushis e sashimis  à disposição, muito arroz e verduras à vontade, um verdadeiro banquete.
-Úm tempo destes, é ótimo para contar estórias de fantasmas, não acham?
-Fushiko, não começa, pelo amor dos Deuses, as crianças já estão assustadas!
-Ah, Minoko , deixa de ser chata !
-Acho que Fushiko-san tem razão, as crianças sabem que são só estórias, que não são de verdade.Eu vou contar uma estória que se passou aqui no santuário:Antes de mim, há muitos anos atrás, havia uma sacerdotisa aqui, que fazia os cultos taoístas.Ela era uma mulher belísima, jovem, e morava aqui sózinha.Um dia um viajante pediu asilo.Era um homem esquisito, cujo nariz parecia um bico de tartaruga.Numa noite de tempestade furiosa, tão furiosa quanto a que está grassando lá fora,ela entrou no quarto dele para  avisar que o jantar estava pronto.
Quando ela abriu a porta, a janela estava aberta, e um raio iluminou o quarto ao mesmo tempo que um trovão ribombou: o homem estava se trocando, e quando o quimono dele caiu, ela viu em suas costas um casco de tartaruga.Ele era um Kappa!
O Monstro veio para cima dela e a matou com uma dentada no pescoço.Desde então, dizem que, nas noites de tempestade, o fantasma da sacerdotisa morta aqui, aparece nas noites de tempestade, com uma espada na mão, procurando pelo Kappa para se vingar e matá-lo, e qualquer pessoa que ela veja na frente, ela mata sem piedade !
Ao terminar sua estória, Satochiro notou que as crianças, tremendo de medo, arrepiadas, se agarraram  às suas mães adotivas.
-Pronto! Agora que elas não vão mais dormir esta noite !Satochiro-sempai, não devia ter contado esta estória para elas justo hoje, olhe só como elas ficaram!
-Desculpe,Kareni-san, desculpe, crianças, ela tem razão, fui imprudente...
-Ah, mas todo mundo sabe que Kappas não existe, são só monstros mitológicos de lendas antigas, que falam que que seriam meio-homens , meio-tartarugas,mas é ridículo, nem sequer lagoa ou rio tem aqui perto.Elas estão com medo à toa de uma estorinha boba destas !Kappas que devoram criancinhas, isto é ridículo, impossível !
-Como você é fria,Fushiko !É mentira mesmo, mas criança acredita, você esquece?
-Existem muitas coisas que não poderiam existir , Namya,mas que existem.Eu mesma, por exemplo, uma criatura meio raposa, meio humana,era para nunca existir.Em teoria, pode-se dizer que sou um monstro também !
- Você, Fuu-san, um monstro, imagine?Lindinha do jeito que você é?Você é uma gracinha de pessoa, não faria mal á uma mosca...
-Olhe isto então, Kurumi-san...
Fuu ficou de pé.No momento em que um trovão ribombou e um raio caiu pertinho do prédio, iluminando assustadoramente a copa,ela levantou os braços e arreganhou os dentes.Os caninos brancos,de raposa, destacando-se de outros dentes, e indo até a base da gengiva inferior, pareceram ficar ainda maiores e mais afiados quando ela abriu a boca, mais parecendo uma boca de vampiro.
Imediatamente as crianças pularam de susto e deram um grito !
-Aaaaaaaaaaaah!
Até as mulheres se assustaram.
Fuu, divertida, sorriu, e se sentou novamente.
-Calma, criançada,não foi nada, seus bobos,eu jamais morderia  a vocês,fiquem tranquilos !
Mas mesmo com Fuu tentando acalmá-las, as crianças olharam de olhos marejados para as mães adotivas, com aquele olhar desamparado e disseram ao mesmo tempo:
-Estou com mêdo, mamãe!
Namya, Minoko e Kareni tiveram um bocado de trabalho para acalmá-las.
Só quando Fushiko, já bêbada, começou a fazer palhaçadas e caretas, elas se acalmaram e começaram a rir.
Mas ninguém bebeu tanto sakhê quanto Kurumi.Bebeu tanto que abraçou Satochiro e ficou "cantando" a ele, esquecendo-se de que ele já estava castrado e da idade dele, então, não tinha como aceitar as "propostas" dela.Quando ela ia beijá-lo, caiu dormindo com a cara no colo dele.Foram necessárias duas garotas para tirar  a musculosa Kurumi de lá.Na verdade, Fuu, com sua força incrível, oderia ter feito sózinha, mas ela também estava bêbada e preferiu ficar sentada junto à janela, sentada, latindo e uivando para a tempestade na janela, e se coçando como se fosse cachorro.
A tarde foi de ressaca,e todos acabaram dormindo,e só acordaram á noite, quando as mulheres prepararam o jantar, e os doces para a festa, que foi animada e alegre, comemorando os dezoito anos de vida de Fuu, que estava muito feliz!
Nova bebedeira, mas como a tempestade estranhamente não cedia,as crianças não conseguiam dormir a noite inteira, com medo do Kappa, e da Sacerdotisa Fantasma Assassina.Na verdade, Rei tivera vários cochilos curtos, mas sonhou com tais monstros e fantasmas, e teve pesadêlos terríveis, em que não conseguia vencê-los e era morta por eles,sonhou noutro momento com a cena da "morte" de Aika, mas como se ela estivesse no lugar da amiga, com o pai cortando-lhe o peito com uma faca, quebrando seu esterno e abrindo seu peito com as próprias mãos, e ela berrando de dor, e ele colocando a mão lá dentro para arrancar seu coração...
Acordou tão sobressaltada, gritando alto, que sua cabeça bateu violentamente no queixo de Minoko e por pouco não lhe quebra os dentes.
E haja trabalho para acalmá-la...
Quando o dia amanheceu, já com a tempestade amainada e tendo finalmente passado,as mães estavam aliviadas, mas com tremendas olheiras e dores de cabeça,sem ter podido pregar os olhos por mais que alguns minutos por toda a noite.
Mas era dia de partir, e Namya, sempre a mais prestativa, foi para a cozinha.Lá Aimi já preparava o desjejum.
Satochiro orava sózinho.

Chegara o dia de partir.Minoko repentinamente teve um calafrio, ao olhar a neve acumulada lá fora, devia haver uma camada de quase meio metro de profundidade lá fora, e ela estava preocupada com como iria descer aquele paredão novamente com um tempo daqueles.Emboraestivesse fazendo um frio de rachar, não fora isto quelhe dera calafrios.
Fora uma estranha sensação, um pressentimento muito ruim, de que as bruxas estavam por perto, e que estariam muito mais poderosas e perigosas agora.Enfim, estava com mêdo, e não muito confiante de que iria vencê-las.
Foi conversar com seu Mestre.
-Ah, Minoko-san, bom dia! Olhe, já que perguntou, esqueci de dizer: vocês todas não precisavam ter escalado a montanha com cordas e passado todo aquele perigo, há uma estrada, que sai do fundo do planalto e que desce suavemente a montanha até lá embaixo, era só vocês terem contornado a montanha atra vés da mata, e a achariam fácilmente !Ahahahahahahah!
-Ora, aquela vaca, não me disse nada quando saímos de  Gifu, ai que raiva !
-Não culpe a minha amiga,Minoko-san, ela também não sabia, aliás poucas pessoas sabem deste caminho !Por favor, acalme-se!

Logo, só um pouco mais tarde, seria hora de pegar a estrada novamente! Que novas emoçoes esperam por nossas heroínas?As bruxas já estavam na estrada, em algum ponto, não muito distante, e também elas pressentiram que suas inimigas estavam por perto.O grande duelo não demoraria a começar !Quem vencerá?
Saiba no próximo episódio !

(Por Continuar)