Episódio 55
A biblioteca estava às escuras.Papiros e mais papiros, rolos de livros desenrolados pelo chão, estantes caídas, uma bagunça.
Fuu não estava mais lá.
Quando as garotas e as crianças chegaram, não encontraram ninguém.Aura de mistério no ar.Ao acender as velas nos castiçais, haviam pêlos e cabelos vermelhos por toda parte.
-Você consegue detectar o ki dela, filha?Eu não consigo!
-Não, eu também não, mãe.Fuu-sama sumiu!
-Temos de procurá-la ! Vamos revirar esta biblioteca de cima a baixo!
Disse Namya.
E procuraram, vasculharam minuciosamente e nada.Nem sinal.Só então o Sacerdote-Mago e a senhorita Aimi chegaram.
-Vou tentar localizar a alma dela no Gongo Mágico.Se ela estiver morta ,seja no Paraíso ou Inferno, ela será localizada.Ela pode ter sido vítima de uma magia poderosa!
-Gongo Mágico,Mestre?
-Sim, Minoko-san, aquele gongo que vocês viram quando chegaram não serve apenas como espelho.É um Portal Mágico,um mirante para outros mundos espirituais.Venham comigo todos, por favor.
Todos seguiram Satochiro.Defronte ao grande instrumento musical, de diâmetro maior que um homem alto,seguro por correntes a uma armação de ferro, eles o contemplaram.
-Aimi-san, por favor, bata no gongo enquanto digo as palavras mágicas.
-Sim, senhor.
-Hanakawakujinokorokodeka Nokeramatsumirita Nosekawa Nobinashini Wosuu Morekashi Nogo Go Gorewashu Witichita Stegurasai Miraranako Konobakashi !
-Boooooooooooooooooong !
O barulho foi ensurdescedor, numa tonalidade grave e ressonante.Segundos depois,como se fosse numa tela de TV, apareceu uma pergunta, sob um fundo preto;
-Quem e onde quer procurar?
-Fuu, a mulher-raposa, no Inferno.
Alguns segundos depois veio a resposta:
-Fuu, a mulher-raposa, no inferno não está.
-Fuu, a mulher -raposa, Paraíso.
-Também lá ela não está.Foi a resposta.
-Está morta?
-Fuu,a mulher -raposa, morta não está!
Grande alívio por parte de todos. Ao menos ela estava viva. Mas onde?
-Por favor me desculpem, mas se o Gongo Mágico não consegue achá-la ,não consigo ter idéia de onde esteja, nem com toda a minha mágica.
-Mestre, e se tentássemos com o Espelho da Verdade?
-Ah, Minoko-san, não acredito que ele seja capaz de encontrá-la.
-Bom, mas acho que não custa tentar.
Disse Minoko, tirando o Espelho do Bolso.Ela tentou repetir exatamente as mesmas palavras mágicas que Satochiro dissera ao Gongo Mágico.
Para a surpresa dela, a sua imagem ficou turva no espelho, depois escura, e então apareceu a imagem do interior da Biblioteca.Algo que parecia uma porta de alçapão pareceu se abrir no chão e duas sombras, muito indefinidas podiam ser vistas desaparecendo para dentro do buraco.
-Uma passagem secreta! Como não pensamos nisto antes?
-E´isto,Namya! Isto explica tudo!Por isto ela está viva!Definitivamente alguém a raptou!
-Mas eu e o Mestre sempre vivemos aqui sózinhos por muitos anos e nunca vimos nenhuma passagem secreta neste Santuário!
-Pois pelo visto, mais alguém já vive aqui há muito tempo, e nunca apareceu,Aimi.O senhor tinha conhecimento de alguma passagem secreta, Mestre?
-Não, nunca, é a primeira vez que fico sabendo de alguma coisa deste tipo aqui.
Namya porém, observando Aimi, notou que ela parecia nervosa.A impressão era que tinham descoberto aluma coisa que ela não queria que fosse revelado.
-Estou desconfiada da Aimi, olhe o olhar dela para oMestre! Ele parece calmo, mas ela está virando os olhos de um lado a outro,e as mãos dela não param quietas!
-Eu também já ando desconfiada da Aimi faz tempo,Namya.Ai, mas você ficar cochichando tão perto do meu ouvido está me fazendo cócegas, está quase me beijando!
Namya corou de vergonha.
-Então, gente, que tal procurarmos esta passagem secreta na Biblioteca?
-Vamos mesmo, Kurumi.
Disse Minoko, confiante.
-Podem ir, eu tenho meus afazeres agora. Mas a Aimi-san vai com vocês. Boa sorte !
As palavras de Satochiro não pareceram muito convincente, apesar da gentileza do tom de voz e do sorriso amistoso.Ainda assim, todas voltaram para a Biblioteca de novo, e vasculhavam pelo chão, e não encontravam nenhuma pista.
-Ê, será que o Espelho da Verdade mentiu?
-Não,Kogyo, ele não mente jamais.Deve ter alguma entrada por aqui em algum lugar.
-Por que não tenta o teletrasporte,Minoko?
-Esqueceu-se de que o Mestre ainda não me ensinou esta técnica,Fushiko?
-Ah, é mesmo, tem razão!
-Vamos pisar com força no chão.Se tiver alguma coisa oca,será o alçapão que estamos procurando.
-Mas já procuramos por fendas no chão, dobradiças e nada,Minoko,acho melhor desistirmos de vez!
Todas as garotas e as crianças olharam feio para Aimi, depois de sua frase infeliz, desconfiadas.
-Você sabe onde fica,Aimi ! Confessa!Disse Minoko, nervosa.
-Eu não sei de nada, juro...
-Como não sabe de nada, se cogita desistir da busca?Acha que deixaríamos em perigo uma companheira?Por que este interesse em que não a achemos?
-Nada, imagine,Kogyo,eu não tenho interesse algum...
-Não está convincente!Filha, a faça confessar usando sua espada.
-É para já, mãe!Disse Rei,sacando a espada numa velocidade de cair o queixo, e antes de que Aimi pudesse piscar um olho a ponta da espada estava em seu queixo.
-E...espera...espera aí !Calma!Eu...eu não sei de nada, juro!
-Confessa agora ou te mato!
-Acho melhor você ouvir a Rei-san, Aimi,ela está de mau humor hoje, e poderia já ter te matado se ela quisesse!
-Mas Kogyo ,eu estou...estou sendo sincera ! Juro! Juro mesmo !
-Filha, corta o braço direito dela fora, por favor.
-Será um prazer, mamãe!
O olhar de Rei para Aimi era demoníaco.Seu braço se levantou.Iria mesmo cumprir a ordem.
Repentinamente os olhos da suspeita brilharam rubros, maléficamente.
-Fushiko, ataque! Defenda sua Mestra!
Ao ouvir a ordem, os olhos de Fushiko também brilharam vermelhos e ela agarrou Rei por trás.Estava imobilizando os braços da menina com seus braços.
-Quebre as costelas dela! Agora!
Fushiko apertou o abraço mortal a tal ponto que Rei agora tinha dificuldade de respirar.Suas costelas estavam sendo pressionadas com fôrça!
Mas, claro, Minoko não podia ver a filha sofrer, especialmente depois que os olhos dela reviraram e a espada caiu no chão.
Agora era Fushiko que recebia um golpe, sendo sufocada pelo pescoço, e recebendo joelhadas fortes nas costas.
-Mata,mata, mataaaa!Ahahahahahahahahahah!
-Esta louca é uma assassina !Gritou Kogyo ,que foi em cima dela,mas uma barreira mágica a impedia de tocá-la.
Fushiko tentava matar Rei,mas o ar começou a lhe faltar, e ela libertou a criança.
Porém, mal foi liberta, babando de fúria, sacou sua espada e avançou contra Minoko, que interceptou o golpe fácilmente,e no mesmo golpe, mais rápido do que os olhos podem ver,a desarmou. A espada dela foi parar no chão, aos pés de Aimi.
-Serva imprestável!Deixe que eu mesma me defendo !
Os olhos de Fushiko pararam com o brilho vermelho, e ela caiu desmaiada no chão.
-Você e o Mestre não são os únicos que sabem magia aqui, sabia?Também sou uma maga poderosa!Disse Aimi, fazendo a espada flutuar no ar e voar na direção de Minoko.Mas Rei interceptou a arma ainda no ar.Agora todas as garotas sacaram suas espadas e cercaram Aimi.
-Agora você mostrou sua verdadeira face.Vou te fazer confessar onde está esta entrada de qualquer maneira,você não vai escapar assim
.Minoko estava furiosa, e Rei também.
-Vocês nunca vão saber ! Não vão saber ! Jamais!
-Você não é uma maga, você é uma bruxa! E vai se arrepender por ter controlado a mente da coitada daTia Fushiko e tentado à mim!
-É, e o que você pode fazer sua pirralhinha?Tome !
E Aimi soltou raios poderosos em Rei, que se viu flutuando no ar,gritando de dor.
-Sua, sua desgraçada! Prostituta ordinária!Como pode ter coragem de tentar matar minha filha!Aaaaaaaah!
Das mãos de Minoko saíram raios ainda mais poderosos, que atingiram Aimi em cheio,quebrando a barreira mágica dela e a jogando com força para cima das prateleiras, que desabaram em cima dela.Mas ela logo se levantou, com outra barreira ainda mais forte, e atacou outra vez.
Minoko revidou e os raios se encontraram empurrando um ao outro, medindo fôrças.
As duas aumentavam gradativamente a potência dos raios, cada vez mais fortes,mas os de Aimi estavam vencendo.
As demais garotas tentaram atacá-la, mas ela se defendia jogando raios com a outra mão nelas.
Elas se esquivavam, e continuavam atacando,tentando romper a barreira com as espadas.Com isto, Aimi ia perdendo concentração e seus raios e barreira iam enfraquecendo.Mas a oponente girou sobre os calcanhares e distribuiu raios numa velocidade alucinante, derrubando as garotas.Foi quando sentiu um metal quente dentro de si,e uma dor lancinante.Ao olhar para baixo viu que sangue escorria por suas pernas.E tinha alguém debaixo de si, deitada no chão.Era Rei, e a estocada da espada tinha entrado por suas genitais e rasgou o esfíncter do útero.
Aimi soltou um urro e caiu desmaiada para trás.
Finalmente a pegaram, e a amarraram com cordas que encontraram na biblioteca, normalmente usadas para amarrar papiros e juntá-los, e a deixaram imobilizadas.
Minoko não teve dó e acordou-a com um soco na cara tão forte que até os músculos do pescoço romperam ligamentos.
Ela cospiu fora vários dentes.
-Agora conta, sua prostituta barata.Conte agora! Confesse, porque você vai morrer !
-Nunca ! Nunca !Prostituta é você, Minoko !
-Ah, é assim?Não quer cooperar?Bom, sabe, se eu colocar minha espada no seu ouvido aqui como eu estou fazendo,ela sairá pelo outro.E acho que você não vai estar viva quando eu terminar.Só que eu vou fazer isto bem devagarzinho, vamos ver se esta prostituta vagabunda sabe gemer...
A cadeira onde Aimi estava sentada, e à qual estava amarrada estava ensopada de sangue, que escorria pelas pernas da cadeira.As dores no baixo ventre dela estavam insuportáveis.
A ponta da lâmina tocou a orelha dela, e começou a cortar o pavilhão auditivo, indo em direção ao tímpano.
Mas Aimi sofria em silêncio.Minoko perdeu a paciência:
-Anda, cadela! Fala logo! Pombas !
E bateu com pé forte no chão,após o berro.
Então ouviu-se um barulho de madeira oca.Elas não sabiam, mas estavam bem em cima do que procuraravam!
-Ahá! Achamos ! A entrada está bem abaixo de nós, Minoko !
-ótimo, Kogyo! Muito bem, você e a Kareni levem esta besta amarrada para o Mestre,antes que eu a mate.O restante vem comigo, vamos resgatar a Fuu!
Agora, ao pronunciar estas palavras, Minoko estava altamente auto confiante !
Acharam a a porta, que se abriu, revelando uma escadaria, num ambiente escuro.E uma a uma, elas entraram, enquanto Kogyo e Kareni levavam Aimi ainda marrada e agora amordaçada, na cadeira para ver com Satochiro o que seria de sua pupila.
As meninas agora adentravam território desconhecido.Não sabiam quem poderiam encontrar, nem que perigos podiam se esconder ali.Conseguirão elas resgatar Fuu?
Voltarão vivas?
E quanto a Kogyo e Kareni, qual será a reação do Sacerdote-Mago ao ver Aimi daquele jeito?Correriam eles perigo?
Quem estaria esperando pelas nossas heroínas naquele misterioso esconderijo?
As respostas, no próximo episódio, não percam !
(Por continuar)
