Foto ilustrativa

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sábado, 17 de julho de 2010

Entrevista com o Autor

Imaginem, se nossas próprias personagens nos entrevistassem, como poderia ser?
No caso da minha personagem preferida, Lune, de Sensibilidade de Viver, poderia ser algo mais ou menos assim:
"Lune:-Uma personagem e´ de domínio so´do seu autor? Não acha que os leitores também formam o que sou, e não apenas o seu próprio ponto de vista? Não seria so´uma arrogância sua?
Cristiano:-Olha, Lune, para ser bem sincero com voce, eu nunca tinha pensado nisto sob este ponto de vista.Acho até que voce tem razao,a personagem também é imaginada pelos(as) leitores(as) e pode ser bem diferente da personagem que eu mesmo imagino.Talvez eu seja meio possessivo para com as minhas personagens.
Lune:-Sou parte de você.Muito do que penso reflete suas próprias opiniões e idéias.E´ natural que eu o conheça como você me conhece. Alias, corrigindo. Você me conhece melhor do que eu a você, Cristiano. Eu so ´conheço uma faceta sua, a minha.Qual a sua opiniao sobre isto?
Cristiano:-Tens razao de novo.Mas nao sei se o público gostaria que voce soubesse mais de mim do que sabe.E nao sei até que ponto isto poderia lhe ser útil.Talvez, eu diria, para satisfazer sua curiosidade, saber quem é, no fundo, que pessoa humana é o seu autor.
Lune:-Até que ponto me seria útil?Acho que talvez voce veja suas personagens como bonecos manipulados a sua vontade,ou voce ve de uma maneira diferente?Somos objetos para voce?
Cristiano:-Nao, de maneira alguma. Eu nao as vejo assim.As vejo como se fossem pessoas de verdade, como se fossem filhos!
Lune:-Nao estou muito convencida disto, Camargo-sempai!O que tem a dizer em sua defesa?
Cristiano:-Voce é incisiva,Lune. Nao preciso convence-la.Tenho consciencia de minhas verdades.Posso dizer que as sinto assim.Pode parecer que as manipulo, mas o processo de criaçao é complicado,fica difícil dar autonomia a quem só existe na dimensao da realidade do papel, e nas mentes das pessoas.Mas penso que, imaginados pelos(as) leitores(as), voces ganham flexibilidade e autonomia, para ir além da minha imaginaçao!
Lune:-Bem respondido, Camargo-sempai.Muito obrigada, é tudo por hoje !
Cristiano:-De nada, Lune, foi um prazer conversar com voce!
Lune:-Igualmente!"


Eu poderia ir bem além,mas nao dá para esticar muito aqui.Mas nao deixa este de ser um exercício de imaginaçao interessante.

Cristiano Camargo

Consciencia de Viver- O existencialismo da solidao

Consciencia de Viver é uma das que considero minhas melhores obras que já fiz na vida.Uma obra de um existencialismo kafkaniano, sendo o detalhe curioso o fato de eu ter escrito esta obra antes de ler Kafka.
Pode-se dizer que esta obra seja uma profunda reflexao filosófica sobre a solidao e sobre o relacionamento do ser humano com sua própria mente,sob a forma de uma alegoria.
O clima é detalhado, pesado, deprimente, e repleto  de simbolismos.Posso dizer que,metafóricamente, "tirei leite de pedra" ao escrever este pequeno romance de cunho altamente psicológico.O comovente drama de um menino preso em uma casa enorme,completamente isolado do mundo,abandonado para morrer pela própria família, que sózinho tem de enfrentar sua própria consciencia, seus medos, a visao aterradora de si mesmo, seu inconsciente, simbolizado pelo terrível Espectro, o esqueleto de cavalo que anda nas patas trazeiras como gente e tem órbitas vermelhas e brilhantes como sangue, tudo tem de ser enfrentado sozinho por Ele,é por si só um tema mais arido do que qualquer deserto!.
Alás, fiz um bom jogo de palavras com o nome do personagem principal, que se chama "Ele", e muitas vezes no texto me refiro a ele como ele ou "Ele".Ele pode ser qualquer um, voce, eu, o padeiro da esquina, a socialite, nao importa, todos nós temos de enfrentar a nós mesmos (as) um dia, e isto pode bem ser uma experiencia de puro terror.Trata-se de enfrentarmos nossos traumas e histórias de vida, nossos erros e culpas, e termos a coragem depois, de admitirmos que apesar de tudo isto e todos os nossos defeitos, aceitamos a nós mesmos(as) como realmente somos de verdade,e nos amamos  assim mesmo, e que a imagem que fazemos de nós mesmos(as) nao é, afinal de contas, tao feia como pintamos.E este é apenas o primeiro passo para amadurecermos e sermos felizes...


Cristiano Camargo