Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Espelho da Verdade-Episódio 36

Episódio 36:

Zliiiim!
A lâmina super afiada brilhou sob o sol.
O golpe foi da velocidade de um raio,e teria sido suficiente para desarmar ou matar qualquer esgrimista experiente.Mas no mesmo piscar de olhos a lança assoviou,cortando o ar como navalha, e interceptou ogolpe.
Imediatamente Minoko percebeu que tinha de ter cuidado com a bola de ferro na outra ponta, que veio zumbindo como uma vespa enfurecida para quebrar-lhe os joelhos, mas nossa heroína conseguiu saltar a tempo, e a lâmina mortal brilhou em direção da cabeça da adversária, mas o machado sob a ponta da lança cortou a ofensiva,protecendo Kurumi,que tentou golpear a virilha com a bola de ferro.Mas Minoko era surpreendentemente ágil e rápida, e conseguiu por instantes, apoiar os pés na bola de ferro, e catapultada para o alto, ganhou as costas da adversária,que girou nos calcanhares como se tivesse olhos atrás da cabeça e mais uma vez rebateu o golpe mortal com o cabo da lança,desta vez por muito pouco não acerta o pescoço de Minoko, que se abaixou bem a tempo, mas tempo era um bem precisoso que não se tinha e lá vinha a bola de ferro novamente tentar acertar-lhe o estômago,e Minoko teve de saltar para trás num susto, para então atacar ,tentando enterrar a lâmina entre os seios de Kurumi, mas foi interceptada pelo machado novamente,as duas saltaram para trás, e era isto que Kurumi queria, pois precisava de mais distância que sua oponente, que ao contrário, tinha na luta corpo a corpo seu trunfo.
A lanceira avançou com a lança em riste direto para o pescoço de Minoko, que saltou ágilmente, e como um foguete, correu sobre o cabo,e acertou um chute no rosto de Kurumi, pêga de surprêsa.A lanceira caiu de costas no chão, e Minoko saltou para perfurar-lhe as costelas, mas a lança foimais rápida e a rasteira fez Minoko cair no chão.Num átimo Kurumi se elvantou , como se tivesse uma mola de borracha na espinha, e a ponta da lança veio célere em direção às costas de Minoko, ainda tonta.
-Mamãe! Gritou Rei, que saltou com sua espada, interceptando e desviando a lança, que se enterrou no chão.Kurumi agora tinha uma lâmina afiadíssima quase encostando em sua garganta,e a lança fora enterrada tão fundo que não havia tempo de de reagir.Kurumi desistiu da luta, arfando sem fôlego.
Só então Minoko levantou-se do chão.
Realmente a habilidade da lanceira era espetacular !
-Wow! Que luta !Vocês viram, a Minoko perdeu! Se não fosse a Rei...
-É,Fushiko, fiquei espantada agora,olha,vou te contar, viu?Impressionante !
Quando Kurumi conseguiu recuperar o fôlego, finalmente, disse:
-Como?Como uma criança deste tamanho conseguiu revidar meu golpe?Impossível!
-Ela não é uma criança qualquer, e na verdade, sabe esgrimir melhor que qualquer uma de nós, inclusive a Minoko, disse Fushiko.
-Eu...eu nunca vi alguém com tanta habilidade assim com a espada!A que enfrentei lutou muito bem, mas a menininha, bastou um só golpe para conquistar meu respeito!
-É, eu sou exatamente como as tias estão falando! Vai se render ou quer mais?Se você ainda for querer tentar matar a minha mãe, não terei piedade !
Kurumi fêz uma cara de desprêzo e ironia:
-Convencida, a mocinha, não?Imagine quando estiver adulta! Está bem, pode ficar com sua mãe, pirralha, eu me rendo então...quem diria, eu, perdendo para uma criança!
Kurumi se levantou e desenterrou a lança do chão e a colocou de volta na bainha que levava às costas.
-Você me paga, sua ordinária,um golpe rasteiro, covarde destes...
Disse Minoko, se levantando.Seu olhar era ode uma loba.
-Ahahahahahahahahah!O que que eu posso fazer se sua filha luta muito melhor que você?Nem ela que é criança teria caído num golpe velho destes!Isto é coisa que se aprende no elementar de treinamento de lanças!
-Você ainda tem coragem de rir de mim, sua prostituta?Quer apanhar, é?
-Ó, Minoko, olha o vocabulário, tem crianças escutando! Alertou Namya.
-E daí? Se ela quer briga,vai ter briga, no braço agora !
-Ah, você se acha muito forte, não?Pois olhe este braço de lanceira e babe! Disse Kurumi, puxando a manga do kimono, e mostrando os músculos.Ela era de fato muito mais forte que Minoko,aquilo mais parecia o braço de um homem.
-Eu não tenho mêdo de ninguém!
-Minoko, pára! Ela vai atacar, gente, vamos segurar as duas senão a coisa vai ficar feia!
-Já estou segurando a forasteira,Namya.
Foram necessárias duas garotas para segurar cada uma das oponentes, e levou tempo para se acalmarem.
-Será que agora podemos conversar como gente civilizada?
Disse Namya.
Todos sentados no chão, de pernas cruzadas, ouviram o discurso de Kurumi tentando convencê-las a ir ao Castelo do Xogum.
Então, o cavalo dela se assustou e ficou agitado, ameaçando romper a corda que amamarrava à uma árvore.
-O que será isto?Disse Fusshiko.
-Ali, depois daquele morro, tem outra estrada, estou ouvindo uns barulhos, vamos ver !
-Vamos lá, Kurumi.Respondeu Kareni, e todos foram espiar do alto do morrinho.
Então viram um grande exército, com cavalos, armas de fogo,canhões e morteiros.
-É o Exército Imperial! Eles estão vindo atacar Kyoto! Querem derrubar o Xogum!
-Uuuh, quanta gente ! E que armas esquisitas ! Parecem perigosas!
-E são, Rei! Eu preciso ir, preciso ir correndo para o Castelo, o Xogum vai precisar de mim !Bom, minha missão acabou! Tem certeza de que não querem ir comigo lutar contra as Fôrças Imperiais?
-Sinto, Kurumi, não nos metemos em política. Esta não é nossa causa.
-Tudo bem, Minoko, mas vou fazer o possível para que nos encontremos outra vez, apesar das desavenças,gostei de vocês, especialmente desta crianças lindas e talentosas !Sayonara !
E Kurumi montou em seu cavalo e saiu a todo o galope.para mobilizar suas fôrças antes do Exército chegar lá.
-Aqui logo vai correr sangue. Vamos embora logo, ou seremos engolfadas na guerra.
-Vamos, Minoko, não podemos mesmo entrar para uma guerra, muito menos envolver nossas crianças numa.Agora temos muitas responsabilidades.
-Isto mesmo, Namya, tem razão.Arrumem tudo, vamos partir!
Disse Minoko.
Porém,o que ela escondia era o que a incomodava sobremaneira: tinha perdido a luta para aquela guerreira formidável,e não se conformava com isto.Jurava para si mesma que queria uma revanche,e que iria um dia se vinggar desta derrota.
Logo Kyoto ardia em chamas, e muitos inocentes morriam nas ruas, enquanto soldados e guerreiros samurais lutavam, e as ruas se banhavam de sangue.
Quando as garotas levantaram acampamento e pegaram a estrada novamente,o horrível cheiro de carne humana queimada ainda lhe embotava os narizes, trazido pelos ventos.
Então o caminho começou a ficar escarpado, agora tinham de subir as montanhas, e não eram poucas. Aos poucos depois de horas de caminhada, a estrada foi ficando cada vez mais estreita, e mais se podia ver os enormes precipícios ladeando-as.
-Ih, estou ouvindo trovões!
-Ah, não, Kareni, logo agora ! Não tem umabrigo por aqui, isto aqui vai ficar todo enlameado, e estas pedras soltas, vai ficar perigoso!
-Perigoso, Kogyo?Você não viu nada!Olha lá na frente ,tem só uma beiradinha que mal cabem os pés para passar, o resto é o precipício!
-Gente, acho melhor pararmos e esperarmos por aqui!Minoko, vamos acampar, por favor?
-Não podemos,Chitose.Está vendo aquelas pedra enormes lá em cima?Se elas se soltarem, vai haver uma enxurrada que irá nos levar direto para o inferno, lá embaixo.Teremos de ir em frente !
Kabruuuuum!
-Aaaai, que trovão! Mamãe, eu estou com mêdo!
-Calma, Rei, fique do meu lado.
Um raio caiu há poucos centímetros dos pés de Namya, que saltou para trás, num grito. Ela bateu com as costas no barranco, e algumas pedras se desprenderam e começaram a rolar.
-Para a frente , todas ! Depressa!Gritou Minoko.
-Mamãe!
E Juuchi pegou na mão da mãe e a puxou bem atempo, antes que uma grande pedra esmagasse a cabeça dela.Todos se puseram a correr, e a chuva virou uma tempestade torrencial,com fortes ventos, trovões ribombantes e  raios descomunais.O cumeda montanha inteiro ameaçava desabar!
Encharcados até a medula, com as costas encostadas nas paredes de barro, caminhando de lado pelo beiral estreitoe curvo, encarando uma altura de mais de quinhentos metros,marrons de tanta lama,eles lutavam árduamente para sair logo dali vivos.Qualquer escorregão podia ser fatal, e a adrenalina corria solta .O mêdo era tanto que Fushiko fêz suas necessidades fisiológicas líquidas na roupa, de puro pavor!
Para piorar, não se enchergava nada, a chuva era tão densa que o dia tinha virado noite, e todos tinham medo de tropeçar nas pedras soltas. E por falar em pedras soltas, tinham de se desviar,ainda por cima, das que rolavam de cima,sem falar nas cascatas de lama, verdadeiras mini-cachoeiras de sujeira que as banhavam sem parar, caindo de cima toda hora, junto com raízes e galhos de árvores, e às vezes troncos inteiros.

As garotas e as crianças nunca tinham passado por uma situação tão perigosa!
Enquanto isto, as Fôrças Imperiais tomavam Kyoto, e,muito ferida,Kurumi pensava-se morta.O Xogum já tinha sido deposto, e quando ela acordou, era a única dos samurais a sobreviver,dada como morta pelos soldados.Diante de tão fragorosa derrota e hmilhação, agora sem um Mestre a quem servir, ela decidiu procurar por nossas heroínas para se juntar à trupe.Estava cansada de política, e perdera tudo:cargo, salário,posição, status,fortuna,honra.Não lhe restava nada parafazer ali.Achou sua lança no meio da lama, e um cavalo, e aproveitou-se de um momento de distação dos soldados para fugir da cidade em chamas.Chamas estas que agora a furiosa tempestade começava a apagar.Mas nada podia apagar de seu coração tão fragorosa derrota,tal banho de sangue,e o trauma de ver tanta gente conhecida morrer brutalmente daquela maneira por aquelas armas infernais.Tantos amigos, cravados de balas, ou despedaçados pelos tiros de canhões e morteiros.Ela já estivera em batalhas, mas nunca presenciara corpos mutilados daquela maneira, nem sentira o terrível cheiro da carne humana queimada. Em meio a tempestade, ela corria como o vento, que açoitava sua pele coberta de ferimentos doloridos.Ao menos estava viva!

O perigo estava por toda a parte !
Havia uma guerra interna no Japão!
Será que as garotas e as crianças conseguirão atravessar as perigosas montanhas com vida?
Será que Kurumi vai  conseguir alcançá-las?
E elas, a aceitarão?
Não perca, no próximo episódio!

(Por continuar)