Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Personagem do Mês: Kurumi- O Espelho da Verdade Volumes 1 & 2

A Personagem do Mês de Abril será desta vez, Kurumi, que participou da novelinha O Espelho da Verdade Volume 1 e está participando de O Espelho da Verdade Volume 2 atualmente.
Nascida em 1840,ou seja, com 26 anos de idade quando a estória de O Espelho da Verdade se iniciou,na cida de Kyoto, no centro-sul do Japão,Kurumi Sotta , foi uma grande lanceira.Trabalhou muitos anos para o Xogum de Kyoto,como Comandante do Exército Xogunal de Kyoto.Na verdade, ela não era apenas uma grande lanceira,mas uma Grande Mestra na arte de lutar com lanças e treinou vários discípulos,com seu admirável e invencível estilo Leve Vento da Morte;e em sua época, era considerada a melhor lanceira de todo o Japão.
Quando, em 1866, o Exército Imperial ,com suas armas de fogo venceram as Fõrças Xogunais lideradas por Kurumi e tomaram a cidade de Kyoto,ela,que foi a única sobrevivente desta batalha onde até o próprio Xogum foi abatido,resolveu se juntar 'a Trupe de Minoko, Rei, e compania.Ela as conheceu um pouco antes,quando foi mandada pelo Xogum para tentar convencê-las a fazer parte das tropas xogunais, e se não conseguisse, teria de matar toda a trupe.Embora tenha vencido Minoko num duelo, foi impedida de matá-la por Rei, e, ao ver a batalha por Kyoto se iniciando ao longe, teve de ir correndo liderar suas tropas.
Após perder a batalha miserávelmente, ela procurou a trupe de novo, que estava em bem maus lençóis nas montanhas.Ela salvou a trupe da morte, e passou a fazer parte do bando.
Kurumi é muito musculosa, e fortíssima, ainda que muito bela e sensual.O condicionamento físico diário por anos  com sua pesada lança a fêz assim, mas ela nunca perdeu a vaidade.
Ela é uma grande amiga e companheira,não é muito astuta , nem muito inteligente, a não ser para a luta, mas é sensível e está sempre ajudando as amigas, ela é alguém que tem prazer em ajudar a todos.
As vezes, seu bom coração a levou a aventuras perigosas, como quando, uma vez,na cidade de Matsumoto enfrentou sózinha, e de mãos nuas, um traficante ,homenzarrão gigantesco que ,que surrava uma mulher indefesa. Ele, no entanto,a surrou também,ainda mais  violentamente e nesta luta ela quase morre.Só se salvou graças ao poder de cura de Minoko.Mas a trupe vingou-a,e não só este traficante, como toda a quadrilha, foi derrotada e morta.
Então Kurumi era assim:mulher valente e corajosa, que não negava luta até com quem fosse mais forte que ela, só para defender os fracos.Nunca negou ajuda a ninguém, amiga devota e leal,companheira divertida e sempre alegre e de bom humor, e sempre apartando as brigas dentro da trupe.

Cristiano Camargo 

Minissérie:Antes daquela fria manhã de Outono-Episódio 13



Episódio 13



Aquela manhã em que Maki chegou ao orfanato ela nunca mais se esqueceu.Trazida pela assistente social designada  pelo Juizado de Menores,ela foi entregue para  a temida Senhora Miyasaki,dona e  gerente do orfanato que levava seu nome.
Ela era uma mulher de cinquenta e cinco anos,rígida, ríspida, tradicionalista, exigente, autoritária, insensível, dura como rocha, com um coração de gêlo,que nunca sequer namorou,quanto menos casar,com temperamento imprevisível e tempestuoso, dona de um olhar  tétrico,e de uma severidade e ditatorialidade nazistas, impondo uma disciplina ainda mais rigorosa do que a exigida dos militares.Com ela não havia perdão nem clemência para nada, muito menos compreensão ou tolerância,mas preconceito havia de sobra.Para piorar, era extremamente inteligente, e comandava as garotas do orfanato com mãos de aço.
Só de olhar para aquela mulher altiva, elegante, magra, ossuda ,de cabelos  curtos e negros e olhar feroz, Maki já ficou apavorada!
Parecia que ela estava entrando num presídio, e o prédio cinzento e sem graça em nada ajudava a desfazer aquela imagem.
Porém, aquele lugar tinha seus segredos sagrados, muito bem guardados.
E as crianças e adolescentes, todas do sexo feminino,que ali habitavam,também pareciam cinzentas e sem graça como o prédio.
Na verdade, existia ali dentro uma elite, daquelas que eram as "Preferidas da Senhora Miyasaki": em especial a líder delas,Mei Miyasaki, a sobrinha da dona do orfanato.Esta não estava ali para adoção:a tia dela a colocou lá para que fosse seu "braço direito", e denunciasse todas que saíssem da linha, e com autorização para punir como quisesse quem não fosse do seu agrado.Mei montou, com as outras  três "Preferidas", o chamado "Esquadrão Disciplinar Punitivo", e quem fosse "eleita" para sofrer ainda mais do que se já se sofria corriqueiramente ali,com as punições mais abjetas e absurdas,podia até morrer.Havia até um boato de que uma interna teria morrido na instituição há muitos anos atrás, mas nunca se obteve provas.O caso foi engavetado como sendo suicídio e a menina diagnosticada como esquizofrênica,mas nunca se soube se era esta de fato a verdade.
Havia, na instituição, até uma pequena prisão secreta, no porão, e uma solitária também.
A sra. Miyasaki agradeceu ríspidamente, e com pose arrogante, a assistente social, e pegou Maki pelo pulso, apertando-o com fôrça, arrastando-a para dentro.
A mnina foi levada ao escritório da gerência, onde foi obrigada a responder um breve questionário quase gritado pela Sra. Miyasaki.Depois ela chamou sua assistente, a Senhorita Koyama.Esta conduziu Maki até o quarto das internas: era um imenso quarto coletivo, com uns cinquenta metros de comprimento, por dez de largura, com dezenas de camas de solteiro.Na verdade não eram exatamente o que se podia chamar de camas: eram camas de campanha militares, duras como pedra e extremamente desconfortáveis, e poucas tinham travesseiros, roupas de cama e cobertores.Havia uma hierarquia tipo militar ali, e as novatas mal tinham direito a uma cama, imaginem ao resto.Conforto, só para s veteranas.
As do Esquadrão Disciplinar, honraria máxima, só perdendo em autoridade para a Assistente e a Gerente,tinham quartos separados só para si, e camas de casal com colchões de molas, além de banheiros privativos.Todas as outras tinham que dividir um único  grande banheiro,com apenas quatro chuveiros e uma única bacia sanitária para as necessidades fisiológicas.
Outra ocorrência secreta  ali era a prática do lesbianismo, comandada por Mei.Este fato, porém, era escondido da Gerente e da Assistente, que nada sabiam,e quem sequer sonhasse em denunciar, era advertida de que seria punida com a morte.
Maki chegou ao quartão, e as garotas ali, que tinham entre cinco e dezessete anos de idade,a maioria delas, pareciam serem absolutamente caladas e infelizes, totalmente submissas.Mas as veteranas pareciam mais felizes, com, no entanto, um brilho maléfico nos olhos,olhar de extrema arrogância e prepotência.
Ao  ter a sua cama indicada, e depois ouvir as instruções de que deveria guardar suas roupas e pertences no cesto de vime que havia debaixo da cama, informada dos horários de café da manhã, almoço e janta, e depois que toda a ladainha de descrição de todas as tarefas diárias que teria de se empenhar, Maki esperou a Assistente sair do quarto para finalmente deita-se de bruços e chorar copiosamente.
O ar era abafado, só havia uma única janela pequena com grades,por onde não entrava muito ar,e ninguém sentiu pena dela ou tentou consolá-la.Todas ali pareciam frias e duras como pedras.

(Por continuar)

Série Especial: Consciência de Viver- Último Capítulo



Capítulo 11


Terminou, enfim, por acalmar-se. Suas pernas estavam dormentes de tanto ficar sentado de pernas cruzadas. E foi difícil e dolorido levantar-se. Mas assim o fez. A fome lhe veio novamente. E mais uma vez, foi à cozinha.
Comeu, bebeu e voltou ao seu quarto, pensativo. Mas agora estava cansado e queria dormir. Acabou sonhando:
Estava escalando uma montanha que lhe parecia infinita. E, ao seu lado, seu pai lhe guiava o caminho. Lá de cima, ele gritou: - Está vendo, filho? Quanto mais alto subimos, mais o horizonte se expande e mais bela é a paisagem! E sabe por quê? Porque nossos olhos podem alcançar mais longe, e a cada metro a mais que subimos, mais cresce o nosso orgulho em dizer: - Mas a que grande altura eu cheguei!
- Mas esta montanha me parece infinita! Isto não tem sentido!
Ao que seu pai respondeu: - Olha, filho, ela é infinita, e é por isso mesmo que ela nos atrai tanto! Não a subimos por buscar qualquer sentido, mas apenas para nos elevar mais em nosso orgulho, com uma sensação igualmente infinita de conquista, pois a montanha é tão mais árdua quanto mais a escalamos, e o que importa é aonde chegamos. É isso que nos faz felizes e nos faz esquecer de que jamais chegaremos ao topo, já que ela simplesmente não tem topo, senão o que consideramos o máximo, que é onde conseguimos chegar. Veja! Escalamos para buscar nosso máximo, não para chegar ao topo! E quando vimos o que conseguimos, vislumbrando este horizonte quase infinito, nos sentimos tão altos quanto a montanha, e, filho, não há sensação melhor do que essa em toda a nossa existência!
Ele acordou. Sim, o sonho tinha toda a razão. Ele havia ficado vinte anos ao sopé da montanha e viveu somente ali em baixo, parado, sem motivação, perene como a casa. Sentia-se como a casa, como se ela fosse uma extensão de si próprio, parada, imóvel e degradando-se longe do mundo, sem ver o tempo passar, mas sendo vítima passiva dele.
Fechado e trancado como ela, misterioso e sombrio como ela.
Por muitos e muitos anos não soube se estava vivo ou morto, sonhando ou acordado. Mas agora sentia sua própria respiração, os cheiros, via perfeitamente, escutava todos os ruídos. E, pela primeira vez em tantos anos, ouviu o som dos pássaros, cães latindo lá fora, vozes de outras pessoas que passavam pelo local. Tinha ignorado tudo isso por tanto tempo. E agora... Agora ele voltava a escutar, a reparar, e tudo parecia tão agradável, tão convidativo! Por que Ele deveria permanecer continuamente naquela casa?
Ele decidiu-se enfim. Ele vivia sim, e a vida o estava esperando lá fora. Um convite irrecusável, de incrível curiosidade. Estava farto daquela casa.
Mas ficaria sozinho? Solto na vida e no mundo, sem ninguém? Ah! Fizera isso por toda a vida, estava acostumado.
Afinal, qual o sentido de se viver em família, em dupla, ou sozinho? São apenas modos diferentes de viver, e cada um vive do seu, pois, afinal, cada ser humano é que faz o seu próprio sentido.
Ele concluiu. Era a hora de ir-se embora, finalmente. E ir ao encontro da nova vida que o esperava para viver, que não seria desperdiçada como fora a anterior.. Uma estranha melancolia tomou conta dele, uma espécie de saudades, indefinida, vaga, talvez da velha casa que lhe deu abrigo e sustento todos aqueles anos. Dirigiu-se ao banheiro e abriu a torneira. E sua imagem refletiu na água, qual espelho. E foi espantoso! Não estava tão feio quanto se achava, embora seu visual fosse realmente imundo e descuidado. Abriu o chuveiro, achou um velho sabonete ressecado, tomou um banho e acabou achando velhas roupas no quarto de seu pai, cheirando a naftalina ainda. Vestiu-as e dirigiu-se à sala de estar. Lá estava a porta, travada. Retirou a trava interna e a abriu. Simples. Ele poderia ter feito isso há muito tempo, mas nunca teve coragem antes como estava tendo agora.
Seus olhos miraram o que estiveram privados de ver por tanto tempo. Primeiro o excesso de luz; precisou de algum tempo para acostumar. Ali estava: a casa ficava no topo de uma pequena colina de costas para a cidadezinha, a uns dois quilômetros de distância, e de frente para a casa, solitária, uma estradinha vicinal a perder-se de vista, serpenteante no horizonte, atravessando o vale e as montanhas que cercavam toda a paisagem cheia de pequenas florestas, com seus belos revestimentos de outono.
O dia estava nascendo, e o Sol a raiar fulgurantemente nas montanhas deixou Ele impressionado. Os pássaros cantavam, e a natureza vigorosa se mostrava em todo seu esplendor. A vida, a vida era muito mais bela do que Ele pudesse ter idéia, e estava estupefato. Olhou para a velha casa, sentindo-se leve e com uma felicidade contagiante.
A antiga casa térrea estava lá, escurecida e apodrecida pelo tempo. Parecia eterna. Teve a impressão de ter visto sombras andando lá dentro e se aproximou. O que Ele viu foi ele mesmo, ainda vestido com o velho pijama roto, e o Espectro, ossudo como nos velhos tempos, mas já não o assustava, acenando-lhe um adeus. Ambos estavam de olhos e órbitas rasos e grossas lágrimas cobriam-lhes as faces. Ele os deixava lá, prisioneiros eternos. Mas alguma coisa parecia lhe dizer que a casa, uma vez aberta, se desfaria, mais cedo ou mais tarde. Ainda com os olhos úmidos, Ele acenou para eles e disse: - Adeus!
 Ora! Ouvia a própria voz pela primeira vez em tantos anos, e como lhe pareceu bela!
Consigo mesmo Ele pensou: Agora, sim, eu tenho a minha consciência de viver, e vou ao encontro da vida, finalmente!
Ele seguiu pela estradinha, atrás do horizonte, e viu o Sol nascer de vez, enquanto percorria o seu caminho...

                                                            FIM

Cristiano Camargo