Episódio 49
Eram cinco da madrugada em Gifu, e a neblina espessa ainda tomava conta da cidade,e o frio estava intenso,sem falar em um ventinho cortante que acentuava a sensação gelada ainda mais.Minoko acordou Rei, que dormia abraçadinha com ela.
A menina se desgrudou, com cara de sono,e se espreguiçou.
-Filha, acorde as outras para mim, por favor.Vou na cozinha preparar nosso desjejum antes da viagem.
Rei concordou.Mas ela não pretendia acordar a todas da maneira convencional.
Ela tinha achado num canto um pequeno gongo de metal.A modéstia ficava só no tamanho, porque no volume sonoro o instrumentozinho era gigante, e fazia um barulho terrível!
Sapeca, como toda criança,ela colocou ele bem próximo do ouvido de Fushiko e bateu com tudo!
Boooooooooooooooooooooong!
A mulher de um pulo no futon, de susto e gritou histéricamente:
-Aaaaaaaai!
Rei riu até!
-Ah, sua danadinha, você me paga, quer me deixar surda?Ai, meus ouvidos estão doendo até agora!
Rei começou a gargalhar e começou a bater no gongo sem parar, fazendo a maior barulheira, acabou acordando a Pousada inteira!
Na porta do quarto dela, um monte de gente furiosa observava à ela e Juuchi brigarem para tocar o instrumento.
-Reeeeeeeiiiii!
-Ops!Hehe...mamãe?
-Que bagunça é esta que você está aprontando?Me dê este gongo! Agora! Você quer acordar a cidade inteira?Olha o que você fêz, ao menos a Pousada inteira você acordou ! E você acha que tem necessidade disto?Não notou que está todo mundo bravo com você?Eu tive de parar de fazer o café da manhã e vir correndo aqui, e graças à você nossa viagem vai atrazar!Vamos, peça desculpas a todos!Agora!
Corada de vergonha, de cabeça baixa, Rei entregou o gongo para sua mãe ,conforme ela tinha ordenado, e se ajoelhou de frente para a multidão e inclinou o corpo para a frente, com as mãos esticadas e espalmadas, olhando para baixo e pediu desculpas solenes a todos.Os hóspedes,mal-humorados, foram embora resmungando, restando nossa trupe e as crianças.
-Bom, já que a Rei-san foi boazinha e já pediu desculpas como uma boa menina, vamos descer para a cozinha.Minoko, eu te ajudo com o café da manhã.
-Que bom,Sae, sou péssima cozinheira, mal sei fazer chá!Estava preocupada, mas queria adiantar as coisas.
-Juuchi,vem então filho.Agora, você também tem um pouco de culpa, pois estava brigando com a Rei para tocar o goongo também, não é, danadinho?
-Desculpe, mãe.Eu estava só curioso...
-Eu sei, eu sei..bom, vamos descer então,você me ajuda a pôr a mesa para todo mundo?
-Ajudo, mamãe!
E Namya e Juuchi foram os últimos a descer as escadas, abraçadinhos.
Com a cooperação de todos, logo o desjejum estava na mesa e todos se serviram, e comeram o quanto puderam.
Foi quando chegou a grande hora da partida.Sae estava com Akasaka e Rukia na soleira da porta e todos se despediram dela, com tristeza.
-Olha, desejo muito boa sorte a todos vocês,e uma boa viagem também! Não se esqueçam de passar aqui na volta, vamos sentir muito a falta de vocês todos !
Disse Sae,mal contendo as lágrimas.
-Juuchi! Smaaaaack!
Eram Akasaka e Rukia, as duas dando beijinhos, cada uma numa bochecha, ao mesmo tempo, no menino, o que enfureceu Rei:
-Vamos logo, Juuchi!E vocês duas não se esqueçam:ele é o meu namorado, viu?
-Sae, eu quero mais uma vez lhe agradecer por tudo o que você fêz por nós!
-Imagine ,Minoko,vocês salvaram a vida da minha filha e até me deram uma segunda filha de presente, como poderia me esquecer de vocês?Voltem sempre que puderem, vocês serão sempre muito bem vindas aqui, viu?
E todos se despediram de Sae e suas crianças e seguiram em frente, com o sol já começando a nascer.
Logo ganhavam a estrada,cada vez mais íngrime e serpenteante pelas montanhas.
Mas a neblina estava passando e o céu estava claro e bonito.
-Eu gostei muito da Sae,ela é uma pessoa boníssima !
-Tem razão ,Kogyo, ela é mesmo !
-Dava vontade de passar o resto da vida naquela pousada, não é, Chitose?
-Com certeza,Kogyo!Agora, eu estou contente porque comprei mais flexas para mim, já estava ficando sem!
-E eu queria ter arrumado o dente na minha espada que o idiota do Yeasu fêz nela!
-Ah, Kareni, é por que você não o quis matar logo de vez!Se você tivesse ssido mais rápida, não teríamos que ter aguentado aquele chato por tanto tempo em pé!
-É porque não era com você,Kurumi!Eu não queria que ele realizasse o sonho dele, ele não merecia, mas ele não me deixou outra opção!Mas sabe, no fundo, eu gostei de matá-lo, normalmente eu não gosto de ter de matar, mas este eu gostei.Um monstro estuprador a menos no mundo e mais um no inferno.
-Eh, também não fala assim do homem,Kareni!
-É,Fushiko, experimente você ser estuprada por um javali daqueles para você ver o que é bom !
-Gente, tem crianças escutando, vamos mudar de assunto?
-Ah, a Namya, sempre conservadora!E chatinha!
-E você é uma mexeriqueira sem vergonha, Fushiko!
-Ah, pelo amor dos Deuses, vocês duas não vão querer brigar agora, não é?
Reclamou Minoko.
A inclinação da estrada ficou mais íngrime,e a largura não passava de uns quatro metros, entre a encosta da montanha e o abismo.Já estavam bem altas.
-Ai, uh, desacostumei a caminhar, minhas pernas estão doendo!
-E as minhas então,Kogyo?A...ai,aaaaaaai!
Kareni rolava no chão de dor.
-O que foi?
-Ai, Minoko, caimbra!caimbra!cainbra!ai,aiaiaiaiaiaiaiiiii...
-Vou lhe fazer uma massagem que vai te curar rapidinho!
Disse Kurumi, esfregando as mãos na batata da perna direita de Kareni, que gritava de dor.
-Aia,ai,ai,aaaai!
Kurumi esfregou mais rápido e com mais força.
-Ai, está passando, está passando...ai..uh...passou!
-Aí, heim, Kurumi, gostei de ver! Você é boa de massagem, heim?
-Aprendi com o médico do castelo onde eu morava, Fushiko.
Mas quem seguia á frente era Kogyo, agora. Ela estva pensativa e isolada.
Na verdade o que se passava na sua cabeça era sua paixão por Narumeshi, que ela nunca esqueceu, mesmo sabendo que ele agora só existia na mente de Minoko e que ele estava apaixonado pela própria Minoko.Ela se sentia sózinha e sentia uma enorme carência tanto afetiva quanto sexual,um vazio na alma que nada conseguia preencher.Ela olhava para trás e focava Chitose, morrendo de inveja de ela ter um amado que no fim da viagem estaria esperando por ela.Lágrimas corriam por suas faces, enquanto ela pensava no quanto sua vida era infeliz.
Á medida que iam chegando mais alto na serra, mais a estrada ia se estreitando e ficando perigosa,em compensação a vista era simplesmente deslumbrante!
Ouviram então o barulho de uma cachoeira.Ao contornar um lado da montanha, viram um alargamento da estrada, e uma estradinha curta, que ia dar numa mata.
O barulho vinha de lá.
-Bom, já que estamos todas cansadas, vamos na cachoeira tomar um banho e descansar.
-Maravilha, Minoko! Eu não aguentava mais !
-Então vamos,Fushiko,sua reclamona !
-Reclamona, eu, Kareni?Quem estava com caimbras até agora há pouco?
Chegaram na cachoeira, onde havia um laguinho raso.Todas se desnudaram e entraram na água.
-Você não vai entrar, Juuchi?
-Eu estou com vergonha,mãe!
-Imagine, filho, você já cansou de ver a gente sem roupa, devia já estar acostumado.Fica tranquilo que ninguém aqui vai te atacar, filho.
-Deixa que eu mesma vou buscá-lo, Tia Namya.
E Rei saiu da água.
-Vem,Juuchi-kun, vamos brincar na água! Eu jogo em você e você em mim!Disse ela ,pegando na mão dele.
--Mas eu estou com vergonha...
-Você não quer que eu tire suas roupas à fôrça, não é, Juuchi-kun?Olhe ali do lado o que espera por você se você não se despir logo!
Ela apontou para um canto, onde estava a temida espada de Rei.
Assustado, o menino se despiu mais do que depressa e entrou voando na água, roxo de vergonha.Na verdade o constrangimento dele não era ver a mulherada ou mesmo Rei nua, era que todas o vissem nu.Ele não gostava.
Mas Rei jogou tanta água nele que ele teve de reagir, e dali há pouco as duas crianças brincavam de guerra de água.
Foi quando ouviram um barulho na mata.Assustadas, as garotas acharam que era algum tarado, e soltaram gritinhos.
Mas na verdade era apenas uma raposa,que pegou o kimono de Chitose na boca e fugiu correndo.
-Maldita ! Ela pegou minhas roupas !Eu vou atrás dela !
Chitose saiu da água, pegou seu arco e flexas e saiu atrás da raposa.
No meio da mata ela viu ,lá na frente o animal chocoalhando suas roupas com a boca.Então caiu do bolso um embrulho com um bolinho de arroz recheado com carne.
-Ordinária, então é isto! Meu lanche! Pare aí mesmo que vou te pegar!Chitose pegou uma flexa e atirou.Mas a raposa era esperta e ágil e fugiu, e a flexa errou o alvo.
Rápidamente ela engoliu o bolinho, relativamente grande, de uma vez!
-Meu lanche !Droga!Se eu te pego,você vai ver só !
Mas a esperta raposa, deu um verdadeiro show e quando viu Chitose estava de volta na cachoeira,e a raposa roubou outra roupa-a de Fushiko!
-Ah, não! Meu kmono ! Devolva minha roupa, sua ladrazinha!
Por fim, de cada uma, a raposa roubou as roupas e os lanches, e ninguém conseguiu pegá-la, apesar da trupe inteira correr atrás dela, tentar cercá-la, tudo inútil, ela enganou a todas.Até que Juuchi pegou o lanche do seu kimono e o ofereceu para o pequeno canídeo ruivo,e dali há pouco, ela devorava o bolinho de arroz enquanto o menino a agradava na cabeça.
-Ela só estava com fome.Mas na verdade é mansinha.
Todas as moças e Rei também ficaram furiosas !
E frustradas:elas fizeram tanto esforço para pegar o bichinho e ele a pegou com tanta facilidade...
Por fim, depois de comer, a raposa foi embora.Quando as garotas viram, no entanto,o embornal com as provisões de comida estava faltando.
-Ah,não! Aquela ladra desgraçada roubou nossa comida ! Toda !Eu mato esta ordinária! Vamos lá, gente, todas procurando por aquela raposinha maldita !
Disse Minoko,com raiva.
Começou a caçada.Elas esquadrinharam toda a pequena mata, até que viram a ladra, comendo do embornal no chão.
Chitose usou sua corda, fêz um laço e conseguiu capturar a presa!
-Por favor! Por favor, não me matem!
-Eeeee?Eu estou louca ou a raposa falou?
-Foi ela mesma, Chitose!Incrível!Como que ela consegue falar como gente?
Kareni, como todas as outras, estava atônita.
-Explique-se!Agora!Já que você consegue falar, estamos ouvindo!
-Eu sou Fuu,uma garota que foi transformada em raposa por uma bruxa, há um ano atrás!
-Uma bruxa?
-Sim, ela se chama Furyoshiro Nakasaka,e encerrou minha mente no corpo desta raposa!
-Eu conheço aquela velhota safada!Eu era um homem e ela me transformou em mulher!E será que tem jeito de reverter o feitiço?
-Eu não sei, ela não me disse nada.Ai, desculpem, eu estava morrendo de fome,e comi toda a comida de vocês...
-Tem certeza que ela não te falou nada, não deu nenhuma dica?Disse Namya.
-Ela me disse que eu ficaria assim até eu descobrir o amor verdadeiro.
-Huuum, então, alguém humano precisaria se apaixonar por você e lhe fazer uma declaração de amor para você voltar a ser humana, será que estou certa?Bom, deixe-me apresentar a todos:Eu sou a Minoko, e as outras são:Fushiko, Namya,Kareni,Kogyo, Chitose,Kurumi, e as crianças são a Rei, minha filha, e o Juuchi.Aliás, o Juuchi e a Rei são namoradinhos.
-Ai, que pena, Juuchi, eu gostei de você, você foi tão carinhoso comigo, me deu comida...
-Juuchiiii...você não vai me trair com uma raposa, vai?
-Não, Rei-kun, claro que não!
-Pois então, Fuu-san,talvez o Mago que estamos procurando possa resolver o seu casotambém, quer nos acompanhar na nossa viagem?
-Vocês estão indo ver um Mago,Namya-san?
-Sim, estamos.
-Então quero ir com vocês sim !
-Bom, mas tem uma condição:você deve localizar e nos devolver nossas roupas ,pois não podemos viajar peladas assim.
-Claro, claro, a culpa é minha.Isto é fácil ,com meu faro eu as acho num instantinho.
Logo ela de fato localizou as roupas uma a uma, todos se vestiram e seguiram viagem. Enquanto caminhavam, foram contando a Fuu todas as periécias da viagem até então.
-Puxa, então a Minoko-san também se tornou uma Maga poderosa!Porque você não tenta tirar meu encantamento, então?
-Eu não sei encantamentos,Fuu-san.Nunca tentei nada tão complexo assim!Nem sei as palavras mágicas.
-Ah, por favor, Minoko -san, tenta,vai, nãocusta nada, pior do que está não tem como ficar !
-Bom, está bem, está bem, vou tentar, mas não garanto nada, depois não vá me culpar, heim?
Feliz com a espectativa de voltar ao normal,Fuu abanava a enorme cauda com entusiasmo, como um cachorrinhoque faz festa para seu dono.
-Vinde a mim, ó poder,transforme esta garota-raposa em garota novamente!Devolv a ela a forma original!
Puuuuf!
Uma cortina de fumaça multicolorida se fêz,depois que Fuu foi atingida pelo raio de Minoko.
Quando a fumaça desapareceu ,todos ficaram boquiabertos,espantados,impressionados!
-O que foi?Como é que eu estou?Será que eu virei mulher novamente?
-Empresta o Espelho da Verdade para ela se olhar,Minoko...
Disse Fushiko, mal acreditando no que via.
Quando Fuu se olhou no espanto, até ela ficou de queixo caído!
Ela tinha agora seu corpo original de mulher, mas seus cabelos estavam ruivos, vermelhos como os pelos da raposa que já fora, porém, as orelhas e a cauda de raposa, peludas, continuavam lá.A transformação não tinha sido completa.O poder de Minoko não era potente o suficiente para reverter o feitiço completamente. Fora uma reversão parcial.
-Aaaaai, eu estou pelada !Gritou Fuu, morrendo de vergonha de Juuchi a estar vendo nua.
-Vê se você tem um kimono de reserva no seu embornal,Nmaya, você que é a mais magrinha de todas nós, já que a Fuu é magrinha também.
-As duas tem os menores seios de todos ! Não são grandes e lindos como os meus!
-Fica quieta, Fushikoooo!
Namya estava irada.Ela achou um segundo kimono, e serviu bem para a garota-raposa.
Fuu começou a coçar a cabeleira, que ia quase até as nádegas.
-Aaai, eu tenho pulgas!
E sentou-seno chão e começou a se coçar com os pés como os cachorros fazem.
-É, estou vendo que você não virou gente direito...
-Fica queita, Fushikooo! Gritaram as garotas de novo.Fuu riu,sem graça.
-Desculpem, a culpa é minha...
-Não, eu quenão tenho magia o suficiente, nem o conhecimento, não devia ter tentado...
-Não, Minoko, eu é que te pedi! Desculpe!
Então viram uma enorme pedra bloqueando a estrada.
-Xi...e agora?
-Vamos todos tentar empurrar ela para fora da estrada!Vamos gente, um dois, três e já!
Comandadas por Minoko, elas todoas tentaram empurrar, mas a pedra quase não se moveu.
-Vamos, Fuu, vem ajudar também!Até as crianças estão ajudando !
-Estou indo, Kareni-san!
E elase juntou a todos.E para a surpresa geral, a pedra se moveu fácilmente desta vez. Quando viram, era Fuu quem estava fazendo o maior esfôrço!
Na verdade estavam descobrindo agora que o encantamento de Minoko dera à Fuu, uma força física extraordinária, fenomenal, sobrehumana.
O caminho agora estava livre.
-Garota, você fêz a diferença.Me pareceu muito forte! Vamos fazer um teste, aperte minha mão com toda a força que puder, que eu vou fazer a mesma coisa.
Disse Kurumi, a mais musculosa de todas.
-Aaaaaaaai!Aiaiaiaiaiaiaaaaaai!Pare, pare, vai quebrar todos os ossos da minha mão!Uh, como você ficou forte!
Disse Kurumi, espantada.Fuu parou imediatamente.
Agora as garotas tinham uma nova companheira.Muito forte, por sinal, uma aliada poderosa !
Mas que não conseguia desgrudar os olhos de Fuu era Kogyo.Depois que a raposa virou uma garota-raposa, com seus olhos marrons e brilhantes e sua cabeleira e cauda vermelho-brilhantes, deu um estalo no coração de Kogyo.Nunca sentira isto or uma mulher, e era mais poderoso do que sentia por Narumeshi.Tinha sido, para sua própria surprêsa, amor à primeira vista!
Neste momento todos estavam a caminho do Mestre-Mago,e cada um tinha suas espectativas e esperanças.Será que conseguirão chegar lá?
Será que Fuu corresponderá ao amor de Kogyo?
Qual o passado da misteriosa garota-raposa?Que segredos ela esconde?Será mesmo uma aliada?Será que vão conseguir reverter de vez o feitiço?
E as bruxas, alcançarão nossas heroínas antes delas chegarem a seu destino?
Não percam, no próximo episódio !
(Por continuar)
