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sábado, 2 de abril de 2011

O Espelho da Verdade Volume 2-Episódio 131

Episódio 131


Depois de mais um dia inteiro de caminhada, quem chegou primeiro a Matsumoto foi Narumeshi e as gêmeas.Como compartilhava a memória com Minoko, ele foi direto para a hospedaria da Sra. Arata, onde a trupe tinha ficado hospedada na ida, e onde ele sabia que a trupe apareceria mais cedo ou mais tarde.A ptrópria dona foi quem abriu a porta da hospedaria:
-Olá, Sra. Arata1Boa noite, tudo bem?Gostaria de me hospedar aqui, com minhas filhas!
-Boa noite!Tudo bem, mas como o senhor sabe o meu nome?
Narumeshi identificou-se e explicou o que aconteceu.
-Ah, mas então , seja bem vindo! Quer dizer que o senhor se perdeu da trupe, mas elas devem chegar logo?Que bom, é tão bom rever os amigos, entrem, entrem!Prazer em conhecê-lo!As meninas são filhas suas com a Minoko-san?
Narumeshi explicou a situação delas, e como as adotou.
-Ah, entendi, elas são uma gracinha.Vão querer ficar em quartos separados?
-Acho melhor, Sra. Arata.Apesar de não ter nada a ver, a Minoko pode ficar com ciúmes se eu ficar no mesmo quarto que as meninas.
As gêmeas, claro, protestaram, mas já começaram a cochichar ,combinando entre si  secretamente para invadir o quarto dele no meio da noite e fazer amor com ele novamente.
-Ah, sim, pois não!Claro! Por favor me sigam, vou mostrar os quartos de vocês!
Disse a Senhora Arata, num sorriso franco.
Narumeshi e as gêmeas entraram cada um em seus respectivos quartos, e deixaram suas coisas lá.
Não demorou, veio o chamado para o jantar, e eles desceram para a cozinha.
A dona da hospedaria tinha caprichado no jantar e este estava delicioso.
Enquanto isto, naquele exato momento,a trupe já podia ver as luzes de Matsumoto ao longe.
-Uff! Finalmente estamos chegando!
-Está cansadinha, Fushiko?
-Ah, pára com a gozação, Kurumi !Eu não tenho pernas fortes como as suas!
-Ah, você que é mole, Tia Fushiko! Eu que sou criança não estou tão cansada assim!
-Eu vou te mostrar que é mole, Rei-chan!
E Fushiko correu e alcançou Rei e fez-lhe um ataque de cóceguinhas.
Ayako gostou da bricadeira e também começou a fazer cócegas na mãe.
Parece que depois de um tempo de caminhada o clima de depressão da trupetinha finalmente desvanecido.
-Eu não vejo a hora de comer a comida deliciosa da Senhora Arata!
-Eu também, Chitose, a mamãe cozinha muito bem e estou morrendo de saudades da comida dela!
Disse Mira.
-Ah, fiquem vocês com a comida dela, por que eu estou com saudades mesmo é do Daisuke, que homem lindo, maravilhoso, quero beijá-lo , fazer amor com ele a noite inteira...
-Ih, é mesmo, a Fushiko tem uma paixão enrustida pelo Daisuke.Mas deixa a Senhora Arata saber que você quer levar o filho dela para a cama, ela vai ficar uma fera!
-É sim,tem razão,Fuu,a mamãe morre de ciúmes do Daisuke e eu também, viu?
-Eu sei disto,Mira, pensa que não sei que você é incestuosa e está doida para levar ele para a sua cama sem roupas também?
Agora Fushiko ofendera gravemente Mira.O clima fechou totalmente !
SPLAAAAFT!
O tapa na cara soou pelas montanhas e foi tão forte que Fushiko caiu sentada no chão.
Mas Fushiko não era de levar desaforo para casa e saltou em cima de Mira como fera.As duas começaram a rolar no chão, brigando feio.
Minoko teve de intervir:
-Ei, ei, o que é isto ! Podem parar por aí mesmo! Fuu, Kurumi, me ajudem a separar as brigonas!
As fortonas da trupe agarraram as contendoras por trás e as seguraram,mas ainda assim elas se xingavam mútuamente:
-Filha de uma égua pangaré vagabunda!
-Prostituta vadia sem vergonha !
-Porca desavergonhada!
-Meretriz de sarjeta maltrapilha!
-Páaaaaraaaaa!Ou eu vou bater nas duas !Será possível!Gritou Namya, para quem a briga já estava dando nos nervos.
O grito foi tão agressivo que as duas se calaram e se acalmaram.Assim sendo, foram soltas.Mas as duas ficaram "de mal", de cara virada uma para a outra.
-Será que somos nós as criaças mesmo, Aika-chan?
-Pois é, Rei-chan, elas se comportam pior que a gente, ainda bem que já estamos chegando !
-De quem vocês estão falando, mamãe?
Indagou Ayako, com seus olhinhos vermelhos.Embora parecessem inocentes, eles pareciam transpirar crueldade, especialmente porque brilhavam rubros no escuro, o que arrepiava a todo mundo ali.
-Ah, da Tia Mira e da Tia Fushiko, elas estão de mal uma com a outra, filha!
-Ah, entendi !É lá que nós vamos, mamãe?
-É, filha, já estamos quase chegando, daqui mais uma hora a gente está lá, olha como as luzes da cidade estão perto!
-Elas são bonitas!Gostei delas, mamãe!Posso comer elas?
-Filha, você não pode comer tudo o que acha bonito.Nem tudo é de comer.
Rei preocupava-se com a filha.Tinha sérias dúvidas de se iria conseguir mantê-la sob controle.
Ela, depois do nascimento de Ayako, já não era mais a garotinha feliz e irresponsável, arteira e bagunceira de antes.Agora que era mãe, era obrigada a ser responsável e séria, e parecia meio infeliz.Minoko notou isto, e estava preocupada.Não era culpa de Rei,que fora uma vítima de abuso de um demônio, um maníaco, mas a própria Minoko sentia-se culpada por não ter chegado a tempo de evitar que o demônio engravidasse sua filhinha,que agora se via obrigada a amadurecer e tornar-se adulta antes da hora, e ela sabia, ela sentia, que Rei se ressentia de ser obrigada a abrir mão da sua infância e adolescência, pior, sentia que Rei sofria com isto...
E Minoko sofria junto !
Já Juuchi ainda não se apercebera da situação psicológica de sua "esposa".Ele parecia estar feliz em ser pai adotivo,e era muito carinhoso com a filha, além de dar muito amor para Rei, para os ciúmes, revolta e tristeza de Aika,para não dizer inveja.
Minoko já pensava sériamente em conversar com Narumeshi quando eles se reencontrassem,e depois que eles se casassem,emancipar Rei e Juuchi, para casá-los oficialmente de vez.Mas ainda assim, ela não pretendia deixar os dois levarem vida de casal juntos e sozinhos.Mesmo sendo uma mãe inexperiente, que nunca teve um filho nascido de seu próprio ventre,ela pretendia acessorar os dois na criação e educação daquela criança, que por ser meio-demônia, precisaria de um controle rigoroso, especialmente para manter sua magia poderosa sob controle.
Finalmente a trupe entrou na cidade, e logo estavam batendo na porta da Hospedaria Arata.Eram onze horas da noite agora, e Narumeshi e as gêmeas já estavam dormindo faz tempo.
Porém, as gêmeas logo iriam acordar, pois queriam assaltar o quarto do pai no meio da madrugada.

Como será o reencontro de Minoko e Narumeshi?
O que será que Minoko vai achar das gêmeas?
Como será que ficará o relacionamento delas com Minoko?
O que Narumeshi irá achar de Ayaka?Como a receberá?
Reunir-se irão como uma família feliz?
Ou vai haver guerra?
Respostas no próximo episódio, não percam!

(Por continuar)

Série Especial:Consciência de Viver-Episódio 8



Capítulo 8



A partir daí, tudo o que Ele mentalizava aparecia:
- Você não está na posição natural dos de sua espécie. Permaneça de pé nas quatro patas.
O Espectro obedeceu.
Agora sim o esqueleto era muito menos assustador.
- Você tem coração, pulmões, fígado, intestinos, pâncreas e demais glândulas.
Agora o tronco do Espectro continha todos estes órgãos.
- Você tem cérebro e todos os órgãos dos sentidos. Tem nervos...
Tudo isso também lhe foi acrescentado.
- Tem veias, artérias e sangue!
Era horripilante ver o Cavalo com todos os seus órgãos e canalizações sangüíneas para fora, o sistema nervoso também. Mas Ele engoliu em seco, tomou coragem e prosseguiu:
- Também tem músculos.
Estavam todos ali, completamente à mostra.
- E pele e pêlos. Você é um cavalo, não um Espectro!
Diante de Ele estava, então, um belo e saudável puro sangue, reluzindo de vivo, o qual saiu trotando mansamente pela porta e desapareceu. Aliviado, Ele continuou ali sentado, pensativo.
Seu passado. Ele tentava lembrar, esclarecer o seu mistério pessoal: Como viera parar naquela casa? Por que vivia ali? Por que não a deixava? Como era sua família? Uma montanha de perguntas não respondidas. Todas elas se avolumavam em sua mente congestionada de insegurança. Não conseguia, por mais que se esforçasse. Decidiu-se a revirar a casa à procura de lembranças do passado, algo que recordasse alguma coisa. Levantou-se da cadeira e começou a procurar.
Mas sentiu-se cansado. Repentinamente, uma sensação de exaustão, um calor abafado, uma inquietação vaga e estranha tomou conta de seu corpo. Achou melhor continuar a pesquisa mais tarde, já que o tempo naquela casa era perene e interminável. Deitou-se em sua cama e achou que tudo estava quente, incômodo, ele não sabia definir.
Rolava de um lado a outro e não conseguia dormir. Seus pensamentos eram fugazes e indefinidos, não sabia o que estava acontecendo, uma insatisfação que ele não sabia determinar. Permaneceu deitado com o ventre para cima, não antes de retirar a camisa do pijama que ele vestia seguramente há décadas, e que jamais lavou. Na verdade, era a primeira vez que Ele a retirava do corpo. Há pelo menos uma dúzia de anos não via um banho. E, com as mãos na nuca, pensativo ficou.
Nenhum pensamento em particular, estava distraído com o silêncio que percorria seu cérebro. Olhou para as paredes. Contava uma saliência aqui, uma bolhinha ali, e ficava fascinado com as irregularidades da parede - não era lisa! Isso o espantava. Incrédulo, passou a olhar detalhadamente para a sua mão esquerda, retirada de debaixo do travesseiro. E notava cada veia, cada artéria, cada minúscula vilosidade, cada pêlo, e se deliciava com suas infinitas minúcias. Estava reparando em si mesmo!
E isso Ele tampouco fazia há muito, muito tempo. Começou a questionar se aquelas mãos tão perfeitas eram realmente suas. Pareciam belas demais para estarem tão solidamente ligadas a seu corpo. Começou a brincar de dar ordens às diversas partes de seu corpo para movimentar-se, e ficava encantado ao perceber que seu corpo realmente o obedecia. Começou a contar os infinitos grãos de poeira que pairavam no ar, iluminados por um facho de luz solar que penetrava por uma estreita fenda da janela. Achou que eles dançavam de maneira elegante e considerou aquilo o mais belo espetáculo que já presenciou em toda a sua vida.
 Sentia-se seguro, tranqüilo e sossegado agora. Mas aquele calor mordaz que ainda sentia o incomodava. Não tinha vontade de fazer absolutamente nada e a sensação de uma cômoda preguiça lhe invadia o corpo, sonolento naquele marasmo que era estar ali, deitado. Parecia ter todo o tempo do mundo, e tudo podia ficar para depois. Força de vontade? Nenhuma! Não, nem pensar... aliás, vontade de quê?
Sim, o vazio o satisfazia de maneira plena. Neste caso, para que esforço, então? Isso é que não! Ele queria mesmo ficar descansando não se sabe do quê, mas descansando...
Acabou por dormir profundamente. E sonhou.
Ele estava fora de casa, em um espaço aberto, e começou a subir uma escada invisível. Repentinamente, uma placa avisava: Altitude de 2.500 metros. Continuou subindo, e outra placa: 3.500 metros, e mais outra: 8.500 metros!
Só então olhou para baixo, e tudo o que viu foi uma imensidão azul, indefinível. Viu dois longos fios passando pelo céu e, de quando em quando, um poste. E começou a andar pelos fios até avistar centenas de casas lá embaixo. Decidiu-se a descer pelo poste, e foi aí que sentiu vertigens: Tinha medo de altura!
Tudo à sua volta começou a girar qual redemoinho, num furacão imprevisível, com tamanha aceleração que Ele não conseguia mais seguir qualquer referência, e o poste se transformou no mastro de um navio à velas, que rodopiava doidamente, em um redemoinho agora marinho. E viu seus pais e irmãos, cada qual pendurado no mastro de outros navios, todos rodopiando também, e todos pedindo desesperadamente por auxílio. E os redemoinhos continuavam girando velocíssimos. Todos os navios eram negros e estavam em frangalhos, mas não afundavam. Foi quando seus familiares disseram: - Você não está sonhando! Você está morto! Todos nós estamos mortos!
E Ele acordou exasperado. Ainda sentia tonturas, como se tivesse realmente ficado pendurado no mastro de um navio rodopiante. Suas mãos estavam doendo, sobretudo nas articulações e tendões, e sentia câimbras nos braços e pernas, exaustos como se tivesse feito enorme esforço. Caiu da cama, pois estava tão cansado que não conseguiu permanecer de pé ao tentar levantar. Estava absolutamente atônito. O que significava aquele sonho?
Estava vivo, morto ou ainda sonhando? Havia sonhado que havia sonhado? Toda a sua permanência solitária naquela casa teria sido um sonho horrível e interminável, do qual acordaria um dia? Ou essa era uma terrível e assustadora realidade? Ou seria, ainda, a vida após a morte?
Ele não conseguia responder a si mesmo pois, afinal de contas, nem consciência de si ele tinha direito.
Mas quem falou mais alto acabou sendo mesmo o instinto de sobrevivência: a fome. Deixou de debater-se com suas questões intermináveis e foi imediatamente à cozinha. Pegou um pouco de tudo: nozes, doces e biscoitos, tudo estragado há incontáveis anos. Devorou com apetite boa quantidade desses alimentos.
Nunca lhe pareceram tão saborosos. Ele se sentia diferente.
Mais leve, mais novo, não sabia definir. Só sabia que era uma sensação gostosa e que Ele apreciava muito. Notou então a velha caixa no armário novamente.

(Por continuar)