Foto ilustrativa

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terça-feira, 12 de abril de 2011

Naquela Fria manhã de Outono:Saga

Olá, bom dia a todos vocês!


Hoje, eu gostaria de contar a vocês que decidi que todos os textos que já fiz de tema Naquela Fria manhã de Outono,ou seja, o romance Antes Daquela Fria Manhã de outono, o romance Naquela Fria Manhã de Outono e o terceiro romance,que ainda está sendo escrito, Depois Daquela Fria Manhã de Outono, serão reunidos num romance só, que terá com certeza mais de 500 páginas e se chamará: Naquela Fria Manhã de Outono:Saga.
Isto mesmo, a série Naquela Fria Manhã de Outono , como se tornou uma trilogia,vai se tornar uma saga das aventuras da Maki, para o deliete de vocês leitores(as).
Como já deu para perceber, é uma das estórias que mais gosto, e posso dizer com segurança que a Maki Okui é a minha segunda personagem mais querida depois da Lune Tamassuki.
Mais para a frente, inclusive, episódios especiais virão, e deverão se juntar 'a Saga, para que esta ultrapasse as 600 páginas, para formar o livro Naquela Fria Manhã de Outono:Saga Integral.
Um bom dia para todos vocês, e boa sorte !


Cristiano Camargo

P.S. :Para quem perguntou se esta série é para adultos ou crianças,a resposta é: esta série, aliás, a Saga inteira, é dirigida  e recomendada apenas ao público adulto, crianças e menores de idade não devem lê-las! 

Minissérie: Antes daquela fria manhã de Outono-Último Episódio !




Episódio 16


Mas os dias de inferno de Maki estavam acabando.
Aproximava-se rápido agora a data de um ano que Nami tinha falecido, e com um excelente time de advogados, Tetsuo estava ganhando a guarda de Maki, e volta e meia ia se encontrar com a Assistente, e ficou combinado que ela levaria Maki para o cemitério para visitar o túmulo da irmã, e ele encontraria a menina lá, já que a guarda finalmente tinha saído a favor dele, e ele a levaria para casa.Ele já tinha inclusive se mudado de Okinawa para Kyoto, só para a menina não ter de se ambientar numa outra cidade depois de passar por todo aquele inferno que passou.
Mas estes não eram os planos da Sra. Miyasaka.Apesar de intimada pela justiça a entregar Maki para Tetsuo, elaresistia, argumentando para o juiz que o tutor dela era um pervertido pedófilo, e que só queria a guarda da menina para abusar sexualmente dela.Procurou investigar a vida de Tetsuo para achar algo de criminoso, mas nada achou.Os advogados  provaram ao juiz que Tetsuo era idôneo, e  que morava com uma famíla bem constituída, que ampararia a garota adequadamente, e o juiz deu ganho de causa para Tetsuo.
Ainda que derrotada jurídicamente, porém, a Sra. Miyasaka insistiu em não liberar Maki de jeito nenhum, e a colocou na cadeia do orfanato mais uma vez.
A Assistente, no entanto era perseverante , e sabia que Maki tinha de sair dali o quanto antes, e decidiu que daria a sua vida, se necessário, para tirar Maki dali.
Expôs seu plano para a Gerente, que claro, negou.Ela insistiu muito, pediu de joelhos, se humilhou, e nada.A Sra. Miyasaka estava irredutível.
Desesperada, a Assistente apelou para seu único recurso, e seduziu a Gerente,com todo o seu poder de sedução e tanto fez que conseguiu levá-la para a cama.
Quando finalmente elas fizeram amor, ela gravou, num gravadorzinho escondido, o que suas carícias foram capazes de fazer a Gerente falar.
Quando, na audiência pública com o juiz, que a inquiria sobre sua resistência em entregar a menina, e mesmo sob ameaça de prisão a Sra. Miyasaka negou a entrega da garota, a Assistente ligou o gravadorzinho:
-Então, a senhora deixa a Maki ser adotada pelo senhor Tetsuo Amagawa,não deixa?
-Deixo.
-Sério?A senhora promete?
-Você tem minha palavra, meu amor.Eu prometo, ela está liberada.
Ao ouvir suas próprias palavras gravadas, a Sra. Miyasaka quase caiu para trás de tanta vergonha,e ficou furiosa.Mas não tinha mais jeito, ela nunca faltava com sua palavra, e acabou cedendo, a contragosto a liberação de Maki.
Quando chegaram no Orfanato, porém, a briga foi feia, pois a Gerente se sentia traída pela AssiStente, não só por ter gravado a conversa, mas pelas falsas juras de amor, e pelo falso carinho, em que ela acreditou ter recebido pela primeira vez na vida.Ela tinha liberado toda a sua carência emocional e sexual acumuladas pela vida inteira, de uma só vez e se entregara totalmente para ela, acreditando que a Assistente estivesse realmente apaixonada por ela,e fora vilmente enganada, usada,traída.
Ela não teve piedade; a Assistente levou uma tremenda surra de chicote e foi parar no hospital, por pouco não atrasando a entrega de Maki.
Mas ela saiu de lá a tempo, tirou Maki da cadeia do Orfanato, onde estava há duas semanas a pão e água, deu banho, perfumou e vestiu a menina,e a colocou no seu carro para levá-la ao cemitério, passando antes numa floricultura e comprando as flores para Maki depositar no túmulo da irmã.
Ao chegar no cemitério, ela estacionou seu Honda Accord ao lado da velha Mercedes de Tetsuo,e,sabedora que ele já estava lá, deixou Maki na entrada.
Era uma linda,mas fria manhã de Outono agora, e Maki caminhava sozinha por entre os túmulos e as árvores,os passarinhos cantavam, a brisa suave carregava para longe as lágrimas daquela menina sofrida e triste, que depositara as flores no túmulo de Nami, chorara muito em frente à sepultura, e depois, num pequeno morrinho ali perto sentou-se, chorando mais ainda enquanto as pessoas passavam impassíveis e frios por ela,enquanto ela abraçava as próprias pernas, de cabeça baixa, sofrendo baixinho,exercendo seu pranto que parecia infinito  a jorrar de seu coraçãozinho tão pesado...
Um homem, no entanto estava chegando, aquele que faria a diferença por toda a sua vida, aquele que a abrigaria e acolheria de coração, e que lutara tanto por ela, por amor à irmã dela, e agora, por amor paternal por ela, e este homem se chamava Tetsuo Amagawa!
Entrando de novo no carro, a Assistente, a Srta. Koyama,disse para si mesma:
-Maki...por favor, seja feliz...por mim, por favor...
Lágrimas caíam de seu olhos, com saudades e também pelo sofrimento todo que a menina passou.Não apenas isto, ela estava comovida que Maki finalmente iria ser adotada e tinha uma grande esperança de que sua vida iria finalmente melhorar.Mal contendo o choro, ela ligou o carro e partiu.
Naquela fria manhã de Outono, finalmente estava para se iniciar toda uma nova vida para Maki, que não sabia o que esperar do futuro e que na verdade, nada esperava...

FIM


Cristiano Camargo 

Série Especial: Autômato:Autômato-Capítulo 6


 

Capítulo Seis



O Autômato arrastou - se ate chegar ao pescoço de seu odiado opressor. Pela primeira vez em sua existência, ele tinha uma motivação, algo que o interessasse e lhe tornasse menos alheio ‘a tudo. No entanto,  sentiu-se crescer e mais frágil : como um reptil que cresce, sentia que sua velha casca tão robusta mostrava-se acanhada ao expandir-se. Para aumentar ‘a si mesmo, precisava jogar fora a velha crosta que o envolvia, livrar-se de si mesmo, o Auto antigo, para dar lugar e espaço ao novo que queria nascer. Mas isto ele temia, sempre fugindo desta tendência natural de tudo na vida.
Mirou seu único olho lá dentro. A profundidade daquela cavidade parecia ser muito maior do que o próprio tamanho da cabeça. O que Auto viu, não entendeu. O Mistério do Negro Profundo escondia alguma coisa, apenas isto; posto que indefinível para ser descrita. Simples demais para ser entendida. Ele viu, mas não enxergou.
Auto fechou a tampa, amedrontado, quando o Criador apresentou os primeiros frêmitos de vida novamente. Arrastou-se o mais velozmente que podia, dobrou a “ esquina “ mais próxima, e ficou fora do alcance do Criador, que levantava-se agora.
O Gigante, ainda meio tonto, limpou-se diligentemente com as mãos , lembrando-se então da tampa. Ao tatear a nuca, e a descobrir mal fechada, enfureceu - se. Seus punhos negros cerraram-se ate estalar. Alguém tinha aberto e descoberto seus segredos, tão secretos que ate ele mesmo acreditava que não os sabia.
Claro que Auto também os tinha, sabia que tinha ; mas a diferença e , que ao contrario do Criador,  ele podia revirar seu único olho e ver ao menos parte destes segredos. Mas odiava quando isto acontecia, e para ele, isto nunca acontecia voluntariamente. Para ele, bem entendido.

Mas o que crescia nele era a curiosidade. E quanto maior este interesse, maior e mais frágil ele ficava, mas com isto, o medo do Criador também aumentava. Tinha, ele se convenceu, de achar as próprias pernas, agora ele não iria ficar vagando pelos corredores : tinha um objetivo !
Nem se dera conta das transformações pelas quais estava passando, muito menos da importância delas. Começava aos poucos a encarar com coragem seus próprios reflexos, e aceitar sua imagem refletida. Algo a ver com o que viu nos segredos do Criador?
Sentia-se diferente . Não sabia bem como, mas estava diferente. ‘A medida que avançava pelos corredores, sua autoconfiança aumentava. E ele crescia - ‘a olhos vistos !
Tornava-se mais maleável e ágil, mais leve. Algo estava acontecendo. Achou novamente, por fim, a sala onde tinha localizado suas pernas. Elas ainda estavam lá e curiosamente tinham acompanhado seu crescimento. Como ele,  tinham dobrado de tamanho. Então ele se deu conta de que elas já não estavam mais tão distantes como da ultima vez. No entanto, ‘a soleira da entrada, uma sombra negra e longa se projetou. O Criador ! E quão furioso ele estava! A mão enorme tolheu - o com força, arremessando - o contra a parede.
Inicialmente Auto regirou cabeça e olho em seus próprios eixos, com o velho pavor de antigamente. Mas, logo depois, reagiu, cravando seu olho nos olhos do Criador ,apontando seu dedo indicador da mão esquerda firme e diretamente para ele.
Surpreso, o Criador ate soltou algumas costuras de ódio cego, mas, apesar de sentir vontade de agarrar o autômato pelo pescoço, ficou parado, tremulo , indeciso.
Então , com os olhos exprimido grande dor, colocou as mãos na cabeça, como se ela fosse explodir.
Como podia enfrentar Auto, se este tinha visto o que escondia ? Teria entendido ? Teria roubado seu segredo? Ou não ?
A insegurança lhe minava, e a dor profunda que sentia era piorada por aquele dedo apontado tão convictamente para ele, rasgando sua cabeça como faca, do que o acusava?
De costas, o Criador caiu de joelhos. Simplesmente não sabia o que fazer !

Auto notou que voltava a crescer ainda mais um pouco. Ainda não entendia porque apontava para o Criador , e que espécie de reação era aquela. Mas ao buscar internamente uma resposta, tornava-se ainda maior e mais frágil. Notou, olhando para si mesmo, pedaços de casca espessa, aquela que o revestia e que agora se quebrava, assustando-se enfim quando viu que tinha rachaduras por todo o corpo. O Resultado deste primeiro confronto direto foram duas fugas diametralmente opostas, Criador para um lado, Auto para o outro, ambos fugindo de si mesmos. Se ainda não tinham condições de enfrentarem a si próprios , como enfrentar um ao outro?
Auto sabia que teria de voltar ‘aquela sala. Tinha de reaver suas pernas!
Mas e o Criador ? Deixaria ele chegar ‘a esta conquista ? Permitiria? Ou oporia resistência? Teria de enfrenta - lo novamente ?
Parou de se arrastar e dirigiu seu olhar ao mármore espelhado que o cercava. Seu rosto estava mais “ cheio “ e mais longo, seu corpo mais esguio e menos compacto. Tocava-se a si mesmo, a casca cedia, macia. Parecia nova , especialmente aonde emergia da antiga. As trincas deixavam vislumbra - la, de um branco brilhante e vistoso, no lugar daquela casca rígida e amarelada anterior. Emergia de si mesmo, cada vez mais rápido.
Quanto ao Criador, uma notória transformação havia também nele se iniciado : O couro negro e resistente de que era feito começou a clarear. Ele havia parado e se sentado para pensar. A descoberta , ou suposta, que seja, de seu interior por Auto, parecia ter surtido efeito em si próprio também, não só no autômato. Aquilo que ele escondia , supunha - se,  tinha voltado a funcionar, e sua mente então não estava mais vazia. Ou talvez porque tivesse finalmente criado coragem e enfrentado a si mesmo.
Abriu novamente a tampa na nuca, procurou e achou o que escondia. Olhava admirado para aquilo ; ate a tinta negra em redor dos olhos fixos caiu gotejante qual lagrima. Colocou aquilo de volta. Sentia - se diferente agora. Leve, suave, alguma coisa acontecia.

(Por continuar)