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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Espelho da Verdade-Episódio 46

Episódio 46



Vendo a indecisão e o nervosismo de Kareni, as demais garotas, já entediadas tinham, até elas, vontade de matar aquele monte de gordura  ambulante de uma vez.
Mas era algo que dizia respeito íntimamente à Kareni, e elas não podiam se meter na vida dela.Porém, o impasse estava se prolongando e ninguém aguentava mais ficar em pé ali na soleira, vendo o sujeitão sentado de pernas cruzadas no chão, com o ventre esparramado por cima das pernas, tal a obesidade dele.Minoko, a de pavio mais curto não aguentou mais e foi buscar a espada de Kareni no quarto dela, enquanto as outras tentavam convencer a teimosa vítima a matar o seu algoz como ele suplicava.Ela dizia :
-Não,não e não!Eu não vou realizar o sonho deste idiota!Matem ele vocês, por favor, pelo amor dos Deuses!
Ao que o infeliz,agora ajoelhado,com as banhas reptando pelo chão,,com os braços em posição de súplica, se humilhava públicamente:
-Por favor, me mate, Kareni,por favor, eu te rogo, te suplico,eu quero morrer por suas lindas mãozinhas delicadas, por favor, pelo amor dos Deuses,me mate logo!
-Cala a boca,verme nojento, asqueiroso, lixo do lixo,você não é gente, é monstro!
-Mas Kareni, eu te amo tanto, por favor, me mata !
-Que ama o quê, seu infeliz, você acha que quem faz uma barbaridade destas comigo, uma monstruosidade, uma tortura destas é capaz de amar à alguém?Olha, seu porco horroroso, eu adoraria matá-lo com requintes de crueldade,mas tinha que ser contra a sua vontade,você pedindo,mas nem morta,eu não vou realizar seu sonho porque você não merece!Merece ser massacrado por um bando de porcos selvagens como você!
-Então traga os porcos e deixa eles me massacrarem,meu amor, por favor!
-Queeeeeê?Do que você me chamou? Seu desgraçado! Agora quer me xingar!
E ela voltou a espancá-lo com toda a fúria do seu coração.Ela espumava de raiva, a tal ponto que começou a jogar nele tudo o que encontrava por perto,incluindo cadeiras, vasos,e as meninas, deivertidas com o espetáculo, lhe deram um bordão de madeira maciça,e ela o golpeava com toda a fôrça, quebrando dentes,e distribuindo hematomas roxos por todo o corpo do homenzarrão.Porém, as gorduras lhe amorteciam os impactos,muitos deles suficientemente fortes para quebrar ossos de uma pessoa de porte menor,Ele continuava submisso, apanhando quieto,nem ao menos gritava de dor,sofrendo em silêncio sua penitência.
Até que Minoko chegou e aproveitou a distração de Kareni e seus acessos furiosos, histéricos e descontrolados,e colocou a espada dela na mão dela.
No primeiro golpe, ela não percebeu, de tão nervosa.A lâmina zumbiu e atingiu o braço direito dele, cortando-o profundamente, até chegar bem perto do osso.Voou sangue para todo lado.Agora sim Yeasu apertou os olhos de dor,e tentou abafar seu grito, que acabou saindo.
Só então Kareni percebeu que estava com a sua espada na mão.
-Seu idiotaaaaa!
Outro golpe mais acima no mesmo braço.Porém o nobre falido era tão grande e tinha ossos tão espessos e fortes, que a lâmina cravou no osso e ficou presa lá.
Yeasu tinha os olhos rasos de tanta dor, e tentava sufocar seus próprios gritos,enquantto Kareni, com um pé em cima do braço ferido, tentava inútilmente arrancar a espada dali .
-Mas que droga, que monte de banha, ainda vai me estragar minha espada que eu mesma fiz! Que cara chatooo!O que que eu fiz na vida para merecer este infeliz, que porcaria!
Ela praguejava.As outras meninas tentaram ajudá-la e fizeram uma corrente, uma abraçando a barriga da outra por trás, e todas fazendo força para tirar a espada de lá!
Até que enfim o trabalho de equipe deu certo e caíram todas, uma amontoada em cima da outra.
Quando olharam para a lâmina ensanguentada, havia um dente estragando o fio.
-Seu filho de uma égua vagabunda ! Olha o que você fêz com minha espada novinha ! A culpa é sua !
Yeasu, com o braço sangrando abundantemente, sofria uma dor lancinante.Ao sair, a lâmina aumentou ainda mais o dano ao osso,e rasgou os músculos quase até o ombro, e as carnes estavam abertas, viradas para fora,e o sangramento não parava.Ele podia perder a consciência pela baixa da pressão sanguínea e pela perda de sangue à qualquer momento, e lutava desesperadamente para não desmaiar, pois queria porque queria estar consciente para assistir ao golpe fatal.
As meninas então ficaram por mais de uma hora tentando convencer Kesumi a matar o infeliz de vez,  e ele continuava pedindo sua morte insistentemente, e ela lhe distribuía golpes de espada pelos braços e ombros, todos superficiais, porém, agora o braço machucado já exibia o osso branco à luz do dia, para horror das garotas.
E Yeasu sangrava tanto por todo o ado que mais parecia que suava sangue.Completamente tonto e fraco, mal se aguentava sentado, e seus olhos reviravam de dor.
Por fim, exausta, Kesumi resolveu enfim matá-lo de vez.Pediu para todas se afastarem, e mandou o obeso ex-nobre se afastar mais para trás da porta.
-Jã que você me encheu tanto a paciência e me torturou tanto , me estragou minha vida e  estragou meu dia, com seus pedidos ridículos infelizes, ó,criatura dos infernos, eu vou acabar com a sua raça logo de uma vez para me ver livre logo de você e nunca mais ter de ver sua cara!Mas se você se atrever a dar um sorriso, eu corto seus braços e pernas gordos e te jogo na beira de um rio para morrer à míngua!
Yeasu já tinha feito um esfõrço colossal para afastar-se da porta,usando suas últimas reservas de fôrça.Mal respirava.Mas, embora, haja visto a ordem de sua amada, não pudesse sorrir como gostaria tanto,por dentro estava feliz e contente por morrer pelas mãos de sua paixão eterna,que levaria consigo em seu coração direto para o inferno, que era para onde ele estava crente que iria depois de sua morte.
-Eu te amo,Kareni-kun.Nunca se esqueça de mim, por favor!
-Eu teo odeio! Te odeio! Evou esquecer você rapidinho, seu infeliz, e vai ser agora!
Ouviu-se o zumbido sinistro da morte.
Kesumi girou o corpo em torno do próprio eixo com toda a velocidade que conseguiu, com os dois braços esticados segurando a espada, e , ao completar a volta,atingiu o pescoço de Yeasu com a velocidade de um raio e a cabeça dele voou longe, e rolou pelo chão.Para seu desespêro,ainda havia sangue no cérebro dele, e a cabeça dele rolou aos pés dela.
-Que maravilha! Que visão maravilhosa, a última da minha vida! Adeus, minha amada,eu, por minha vez,jamais a esquecerei e a amarei pela eternidade!
Disse a cabeça dele, enfim fechando os olhos.
O corpo tombou para trás, ainda esguichando sangue em alta pressão.
-Kareni, ele disse isto porque do ângulo que a cabeça dele caiu, dava para ver suas roupas de baixo...
Disse Fushiko.
-Mas que desgraçado! Porco tarado ordinário pervertido,idiota!Kareni gritou, espezinhando e chutandoa cabeça já morta.
-Calma, calma, ele já morreu, já acabou, calma...
Namya tentou acalmá-la.Kareni, ainda descontrolada, chorou no ombro de sua amiga.Todas as outras se reuniram em volta dela, tentando consolá-la.
Quando ela finalmente se recompôs precáriamente, Namya e Minoko a levaram para seu quarto.
-Fushiko, por favor, pode limpar esta bagunça para mim?Está tudo ensanguentado por aqui,um monte de cacos e coisas quebradas...
-Sim, Sae-san...
Mas na verdade, ela estava com raiva de ter sobrado justo para ela.
Kurumi, Chitose e Sae tentavam a todo custo mover o corpo do morto dali, mas este era muito pesado, e tiveram de chamar vários comerciantes  na rua para ajudar.
Foram necessários seis homens fortes para colocar o corpo numa carroça, para que ele fosse levado dali e enterrado com indigente.Ficou para Chitose a tarefa nojenta e macabra de colocar a cabeça na carroça.
Depois disto, elas foram ajudar a sobrecarregada Fushiko, na limpeza e organização da quebradeira.
Sae tinha ido ver Kareni, mas ao subir as escadas, depois de assistir um pouco o espetáculo da transferência do corpo do morto,deu de cara com Minoko e Namya.
-Finalmente ela conseguiu dormir!Vamos deixá-la em paz !Acho que vou  levar as crianças para um passeio na cidade, para nos distrairmos um pouco.
-Ah, mas não vão querer almoçar aqui conosco,Minoko?Eu ia preparar o almoço agora...
-Ai, desculpe,Sae...depois do que eu vi, nem estou com fome!Você vem com a gente, Namya?
-Não, Minoko, desculpe, eu vou ajudar a Sae com o almoço.
-Então está certo,vou ver as crianças, neste caso.Ah, Sae, vou aproveitar que estarei na cidade para comprar os objetos que a Kareni quebrou, para vocênão ter prejuízos !
-Imagine, Minoko, esquece isto,não pense nestas coisas não.Vá lá com as crianças e divirta-se!
-Tudo bem,Sae, mais tarde estaremos de volta!
E ela foi atrás das crianças, mas só Rei quis ir com ela.Juuchi quis ficar com a mãe ,ajudando na cozinha, e Akasaka e Rukia, agora muito amigas, quiseram continuar brincando de esconde-esconde.
Andando de mãos dadas pelas ruas,mãe e filha passeavam tranquilamente,até que uma senhora, de uns cinquenta anos de idade, as abordou.
-Boa tarde, Rei-san! Se lembra de mim?Lembra da Tia  Akeni?Eu a vi pela última vez quando você tinha seis anos de idade!
-A senhora é tia dela?
-Não.É que, você sabe, as crianças quando pequenas tem mania de chamar todo mundo de tio, tia...mas eu conheci a mãe e o pai dela,enquanto estavam vivos, e até cuidei pela por uns tempos.É uma grande coincidência nos reencontrarmos novamente,numa cidade tão distante, não é, Rei-chan?Ainda se lembra dos tempos em que morava em Osaka?
-Eu não me lembro da senhora, Akeni-sempai.
-Ah, então você vai se lembrar disto aqui! E começou a remexer numa alforge que levava à tiracolo.Enquanto procurava, continuou falando com Minoko.
-Você é...?
-Sou a mãe adotiva dela agora.Meu nome é Minoko.
-Ah, prazer em conhecê-la.Você faz parte das Sete Incríveis, não é?Eu fiquei sabendo das proezas da Rei-san, fico orgulhosa desta menina, que adoro!
-É, agora somos oito,na verdade nove.
-Ah, eu achei.Aqui está!E Akemi tirou o objeto da alforje e o mostrou a Rei.
Quando Minoko olhou para a filha, esta estava de olhos esbugalhados!Logo o espanto deu lugar  a um choro convulso e desesperado, a menina estava em choque!
Minoko ficou sem entender nada, para ela aquele objeto não tinha nada demais.Mas via, condoída, a menina abraçar seu torso e se agarrar à ela como cola, em ondas de agonia e angústia.Na cabeça de Rei todo um passado dolorido e traumático voltou de repente,memórias indesejadas e desagradáveis que ela não queria ter de lembrar, que lhe doíam demais,e com as quais não sabia lidar, e muito menos ousava enfrentar !

Quem seria aquela senhora?O que havia ocorrido de tão triste, tão trágico assim na vida de Rei, para gerar uma reação histérica e apavorada daquela maneira?Quais os grandes mistérios de seu curto passado?
Não perca, saiba no próximo episódio!

(Por continuar)

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Moderado por Cristiano Camargo