Foto ilustrativa

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Minissérie: Sensibilidade de Viver:Soryu - Episódio 11




Episódio 11




Apavorados e corados de vergonha, os dois tiraram todas as roupas e se ajoelharam de costas para todos. Hayao se aproximou deles, com a chibata na mão. Logo ouviu-se o silvo sinistro, medonho da chibata, e o barulho horrendo dela estalando e arrancando sangue e pedaços de carne das costas dos dois, que gritavam de dor.Lune  não gostava de ver ninguém sofrendo, nem mesmo uma serpente como  Kotomi, mas não podia deixar de sentir um enorme dó dela, e de Ryu também.Takeo cobriu o rosto  e o silvo da chibata parecia assustá-lo tremendamente. Lágrimas escorreram por entre os dedos das mãos dele.
Uma, duas, três, quatro em cada um, até que vi que a senhora Motoko ,que já estava de olhos rasos,completamente  desesperada, corajosamente se levantou e se interpôs entre eles e a chibata, que acertou o rosto dela, rasgando-lhe a bochecha e arrancando parte de uma orelha.
-Saia da frente, mulher, ou vai apanhar também! Disse Hayao ensandescido.
-Não mais uma vez ! Não mais uma vez ! Desta vez não ! Pare com isto, Hayao, pare por favor,pelo amor dos Deuses, eu te rogo !Eu não posso suportar mais ver isto acontecendo outra vez !
O marido dela, porem estava fora de si de tanta fúria, e continuou batendo, rasgando o kimono dela. Ela se despiu até a cintura, e gritou, histérica:
-Bate ! Bate em mim , seu desgraçado, mas não bata no meu filho !
-Saia da frente, sua estúpida, ou vai se arrepender !
-Eu já me arrependi, seu monstro ! Você não é gente, você é um monstro ! Olhe o que você fez comigo, seu demônio ! Você arrancou meu seio ! Esta é a marca da vergonha, da vergonha que você é como marido, do seu fracasso como homem e como pai !Que pai é este, capaz de machucar assim os próprios filhos e à aquela que diz que ama? Que raio de amor é este,me diz, seu ignóbil?Só um monstro horroroso e insensível como você teria coragem de estuprar a própria esposa !Ah, ninguém aqui sabia, não é ? Você, Ryu e você, Takeo,não sabem nem metade do que este verme já fez comigo! Sabem como a Megumi nasceu? Nasceu de um estupro ! De um estupro ! Que seu próprio pai teve a coragem de fazer comigo, com toda a crueldade e violência!Seu estuprador, criminoso, assassino ! Assassino sim, pois você não queria um quarto filho, e  arrebentou minha barriga à pancadas no quinto mês de gravidez, matando meu bebê e quase me matando também !
Todos olharam  para a barriga dela, e ela estava cheia de cicatrizes horríveis !
Hayao continuou batendo nela e nos outros dois furiosamente, gritando:
-Calada! Calada, mulher !Eu a proíbo de continuar falando !
-Você não vai mais me calar ! Eu quero o divórcio ! Eu quero o divórcio e quero já !Eu não te amo mais! Não tem como eu amar um monstro cruel que é incapaz de amar à quem quer que seja !Você nunca quis seus filhos,nunca os amou, sempre se serviu deles como meros objetos para seus próprios interesses, seu cínico, seu hipócrita ! Monstrooo ! Monstroooo !
-Jamais ! Jamais! Você vai ficar comigo até morrer !Nossa família não pode ter a desonra e a vergonha de um divórcio ! Nunca !
Hayao gritou.
-Então é hora de eu ir embora. Não agüento mais sofrer! Não agüento mais, eu não agüento maaaaais ! Gritou Motoko, tirando um punhal da manga do kimono.
-Mãe, por favor, não faz isto !Não faz isto, Okaa-san ! Agora Megumi também estava histérica, e se levantou correndo, tentando tirar o punhal da mão dela, e a chibata acertou as costas dela com tudo!
-Aaaaaiiiiiiiii!
 E Megumi caiu no chão de dor, já com o punhal da mãe nas mãos.
-Filha ! Gritou Motoko, se abaixando para protegê-la.
-O senhor me bateu,Otou-san ! O senhor teve a coragem de me bater, eu , que sou inocente, e não fiz nada, que ao contrário,mostrei a verdade em respeito à família !Minha mãe tem razão, o senhor não é um Ser Humano, é um monstro! Eu me envergonho de você,eu...eu...aiai...eu te odeio !Te odeiooooooo!
O braço de Hayao finalmente parou. A chibata caiu no chão.De seus olhos saiam lágrimas.Ele caiu ajoelhado no chão, com as mãos na cabeça ,e uma expressão de dor e desespero.
-Minha filha, minha filhinha...me odeia ! Me odeia! Ela tem vergonha de mim ! Ela sente vergonha de mim, a minha filhinha...O que foi que eu fiz..oh, pelos Deuses, o que foi que eu fiz...
O senhor Hayao levantou-se,cabisbaixo.
Ele entregou a chibata para Megumi , abriu o kimono até ficar com o torso nu e disse:
-Minha filha, por favor, me castigue...eu, eu não mereço ser seu pai!
-Não ! Nunca ! Não quero mais violência dentro desta casa, Otou-san !Ela só leva à revolta, vingança, mais nada !Se eu lhe batesse, eu seria uma monstra insensível como você!
-Mas eu mereço, filha...
-Não, pai, ninguém merece isto.Todos merecem serem amados, queridos,merecem ter uma infância feliz e não ter de sofrer por você não ter tido uma infância feliz, todo mundo merece uma infância feliz, mas você não, você roubou a minha infância, a do Takeo, do Ryu, e tornou a todos infelizes, você fracassou totalmente como pai e eu..eu tenho vergonha de ter um pai como você !
O senhor Hayao cobriu o rosto, vermelhíssimo de vergonha, e as lágrimas agora eram abundantes.
Quando se recompôs um pouco, disse:
-O que fiz a você e a toda a família estes anos todos foi indesculpável, e não ficaria surpreso se não me perdoassem.Mas eu...eu não quero mais ser assim! Não quero mais...nunca mais !Daqui por diante eu queria poder ser o pai que vocês sempre mereceram,queria que vocês se orgulhassem de mim, queria ser amado, querido, não temido, não sentir mais solidão, sentir na pele toda a frieza do mundo...
Megumi levantou-se, saiu dos braços da mãe, abriu os braços e disse:
-Papai...paizinho...eu....eu te perdôo !
Hayao a abraçou com carinho, ainda chorando convulsivamente, enquanto a filha acariciava suas costas  e cabelo com ternura.
Quando ele finalmente se recompôs novamente, ele se levantou, fechou o quimono de volta e disse em tom normal:
-Kotomi, Ryu, saiam já daqui. Vocês estão expulsos daqui. Não voltem nunca mais !Senhorita Lune, em nome de toda a família Soryu,eu lhe rogo seu perdão, lhe peço as minhas mais sinceras desculpas...eu estou muito envergonhado !
E ajoelhou-se, dobrando o torso até o chão, com os braços esticados para a frente e mãos juntas espalmadas, e cabeça baixa.O poderoso Senhor dos Soryu se prostrava diante de Lune, humilhando-se completamente!
-Eu lhe suplico, senhorita Lune, mais uma vez,me perdoe!
Disse Hayao, mal contendo o choro que começava a irromper novamente.
-Não há o que ser perdoado, senhor Hayao.Depois eu sou apenas sua hóspede, e não posso me meter nos assuntos privados da sua família, nem tenho este direito.
Lune respondeu, com objetividade e uma certa frieza,ainda desconfiada se ele realmente tinha mudado mesmo.
-Vejo que a senhorita é nobre e generosa de alma e coração, e peço desculpas mais uma vez por todos os transtornos que lhe causei, além do tratamento inadequado que lhe proporcionei.A Kotomi se mostrou indigna de se casar com meu filho, e a senhorita o tempo todo o respeitou e respeitou a família e a tradição, seu comportamento foi impecável e exemplar o tempo todo, e suportou todo este sofrimento com magnânimidade e nobreza.Estou agora convencido de que cometi um erro  gravíssimo e grosseiro para com a senhorita, que soube tão bem honrar esta casa.Também foi uma grande falta de respeito para com a senhorita, ter trazido a senhorita Kotomi aqui para noivar meu filho na sua frente.Sendo assim, como um presente e como rendenção,torno  e declaro oficial o noivado seu como meu filho Takeo, e permito e abençôo o casamento de vocês. A partir de hoje a senhorita é a prometida do meu filho, e que ele seja feliz com esta consorte de quem seu pai certamente deve se orgulhar muito ! Peço perdão também à minha esposa,e à Megumi, e ao Takeo, pois acabei machucando entes queridos inocentes que nada de mal fizeram...
Quando ouviram isto, uma imensamente intensa alegria tomou conta do  coração de Lune e Takeo,intensamente emocionados, eles  quase não podiam acreditar no que estava escutando, mais parecia um milagre,e os olhos deles logo ficaram rasos novamente, e Lune viu , ao olhar para o rosto de Takeo, as lágrimas descendo  também,assim como dos rostos de Megumi e Motoko, e Lune não suportou mais, foi até ele correndo e o abraçou forte, e ele também, tão forte ele a envolveu que quando ela viu,  os pés dela flutuavam acima do chão!
O beijo então veio ávido e sedento de amor, coroado de alegria, transbordante de felicidade e paixão,o mais puro romantismo de um amor igualmente puro e intenso, enquanto suas lágrimas se misturavam  em comoção!
Megumi então era puro júbilo, e pulou de alegria, ela estava feliz, estava feliz por Lune, e começou a aplaudir, no que os pais de Takeo também o fizeram com entusiasmo!
Ela abraçou  Motoko, profundamente comovida. A raiva desaparecera dos olhos dela da sofrida senhora.
Hayao suspirou fundo,enxugou as lágrimas e continuou, ainda corado de vergonha:
-Estou muito envergonhado do meu passado, e meu comportamento atual, e arrependido também. Eu reconheço, fui um mau pai, mas, fui criado desta maneira pelo meu pai também,e até eu conhecer a Motoko, eu nunca soubera o que é um carinho...Takeo, meu filho, eu estou orgulhoso de você, apesar de não ter me obedecido mais uma vez, mas desta vez você fez o certo.Por favor, senhorita Lune, peço a ti que não sinta ciúmes e perdoe o meu filho, tenho certeza que ele sofreu muito para fazer o que fez, e tenho a certeza de que o fez para conseguir ficar com você.Meu filho, você conquistou o coração de seu pai, vem cá, me de um abraço,eu tenho um imenso orgulho de você!
Pai e filho se abraçaram, chorando um no ombro do outro. Lune , Motoko e Megumi estavam de olhos rasos também mais uma vez, e todas elas se abraçaram, comovidas...

(Por continuar)

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Moderado por Cristiano Camargo