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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Série Especial:Autômato- Capítulo 5

 

 

Capítulo Cinco

 

 

 

Dois desconhecidos o rondavam, e o enlouquecia de duvidas; o problema e que não havia um Conhecido para ele se esconder destes dois mundos que procuravam chamar sua atenção. Como não ha Conhecido sem se descobrir e explorar o Desconhecido, a agonia do insolúvel permanente desta parábola torna-se insuportável. Auto partia de uma premissa paradoxal e enganosa, que sempre redundava ao problema inicial: fugir, sem ter achado a rota e o destino da fuga !
Enquanto isto o Criador vagava sem destino pelos corredores: estava profundamente entediado. Gostava de visitar suas criações, abrir as gavetas, vistoriar e dominar todos aqueles seres que as habitavam. Referia-se ‘a si próprio como Criador, mas jamais poderia ter a certeza, sem receio de ser desonesto consigo mesmo, de que ele realmente as tinha criado. Jamais, que se lembrasse, teve algum dialogo com alguém que não fosse sua própria pessoa, em toda a sua existência. Todos ali existiam - não viviam - era assim aquele lugar. Sem qualquer exceção, nem mesmo para a Criatura teoricamente mais privilegiada ali, o Criador. Que não criava! Nada !  Pelo menos não que ele se lembrasse...
Sua memória era curta, se existia. Ali todas as mentes, mesmo as mais questionavelmente superiores, eram nebulosas.
O Criador estacou. Colocou os braços para traz , pousou as mãos na nuca, e abriu uma tampa pouco acima da altura dela. Procurou algo lá dentro, para retirar, mas nada encontrou. Ele não via o que havia em sua mente, e não podia alcança - la. Havia, claro, alguma coisa lá dentro, mas não podia ser vista com os olhos nem sequer sentida com o tato. Alguma coisa que o perturbava que doía , secreta, proibida, insuportável . Ha muito ele vinha tentando acha - la e não conseguia. Ele fechou a tampa, e começou a correr em desabalada carreira pelos corredores, com as mãos na cabeça, alguma coisa que sentia, lhe deixava em agonia, uma crise, ele não sabia, ou sabia, como podia pensar ?
Tropeçou em Auto, caindo estrondosamente, causando-lhe pânico. O Criador estava ali estatelado, ‘a sua frente, a tampa aberta pelo impacto, a gigantesca criatura mais inconsciente do que já o era normalmente. A curiosidade : o que haveria lá dentro?

(Por continuar) 

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