Lambeossauro
Capítulo 6
Eles atacaram primeiro. Com suas garras e dentes afiados, eles arrancavam nacos de carne dele, mas ele reagiu, mordendo um deles, partindo -o em dois e engolindo metade inteiro, e sua cauda ,qual uma maça, acertou outros dois em cheio, jogando-os longe.
Eles saltaram-lhe às costas, e de lá ele os arrancava como piolhos. Um massacre. Mas também o Gigatonossauro estava cheio de feridas.
O bando de Camptossauros escutou o barulho do duelo e eles fugiram assustados. De repente, a cauda do gigante girou no ar e derrubou a árvore do grupo de Crys. Eles caíram em um tufo de samambaias gigantes e lá ficaram ,escondidos, vendo os Nanotyranus sendo estraçalhados. Quem teve o azar maior porém, foi Did. Foi o único que caiu na direção errada. Bem acima da cabeça do gigante. Achando que era mais um Nanotyranus, ele sacudiu a cabeça rugindo trovejantemente, com Did tentando se equilibrar nos chifrinhos dele .Por sorte, ele estava em uma posição impossível de ser alcançada pelo predador. Mas uma sacudida mais forte o jogou longe, em um outro tufo de samambaias gigantes. Ainda tonto, Didier levantou-se e saiu da s samambaias.
Lá estava ele, mais alto que um sobrado ,o enorme predador, terrífico, assustador, em meio aos corpos espalhados de Nanotyranus mortos.
Didier ficou branco, pálido, nem tremer conseguia, ficou paralisado de pavor, os cabelos arrepiados. Um urro monumental do gigante não surtiu nenhum efeito adicional de medo, pois Did já estava no limite máximo de apavoramento que alguém podia sentir.
A bocarra foi se aproximando, aproximando, pensamento algum percorria a cabeça de Didier, e aqueles dentes de vinte e cinco centímetros chegando, já se sentia o mau hálito da fera, então...
... O Gigatonossauro percebeu o tropel da fuga dos Camptossauros e foi na direção deles!
Didier caiu desmaiado no chão.
-Did, Did, você está bem? Acorde! Era Crys falando.
-Parece que ele não está respirando!
-Deixe, Pierce, vou fazer uma respiração boca a boca nele!
Did acordou, e agarrou a menina e beijou-a com força, com as mãos nas nádegas dela.
Ela se desvencilhou dele com dificuldade e deu-lhe um tapa que o deixou com uma marca vermelha na bochecha!
Didier cuspiu um dente.
-Nossa, Crys não precisava bater com tanta força! Ele até perdeu um dente...
-Não se meta, não é problema seu,Pierce!
-Crys... eu... eu pensei que você estivesse me beijando, desculpe-me!
-Mas que desculpa mais esfarrapada, seu tarado! Isto é o que você é! Imbecil!
-Gente, gente, calma aí! Vocês não se tocam que nossos gritos podem chamar a atenção de predadores? Aqui aliás já já vai estar cheio deles! Vamos dar o fora logo!
-A chefe aqui sou eu, senhor Pierce! E não vá pensando que eu já não percebi o jeito que você me olha, não, viu? Vamos embora!
-Ah, está certo. Me diga uma coisa, Crys: você tem namorado?
-Não, mas não é da sua conta. E não será você, nem o idiota do Didier!Não me irrite!
-Ah, dá para perceber. Com esta fúria toda, você já deve ter matado qualquer um que já tentou sê-lo, não? E outra coisa: se você não quer que olhemos para você, porque não fecha sua camisa? Um de seus seios está quase aparecendo para fora!
-Splaaaaft! Outro tapão da menina e Pierce caiu sentado .Didier se dobrava de rir!
-Está rindo do quê?Quer apanhar também e fazer compania a ele? O que é tão engraçado?
-O Pierce! Não percebeu, ele caiu sentado em cima de excrementos de dinossauro! Ahahahahahahah! Isto é que eu chamo de deixar pistas! A pista mais malcheirosa que eu já vi! Mas esta predador nenhum vai querer seguir! Só fugir! ahahahahahahahah! Pierce, o escudo humano! ahahahah!
Pierce esboçou uma reação nervosa, mas acabou rindo também, riso que acabou contagiado a enérgica Crys.
Depois de se recompor, Crys disse:
-Não é bem assim. Estas fezes contem pistas químicas que os dinossauros entendem como dados de sexo e territorialidade. E melhor você tomar um banho, Pierce. Não quero que seu “namorado” nos siga, ainda mais por que, pelo formato e tamanho das fezes ,elas pertencem a um predador, e dos grandes. Espere aí, estou ouvindo ruído de água, perceberam?
-Sim, acho que vem de lá!
-De lá onde, Did?
-Direção sul, eu presumo, Crys.
-Então vamos lá. Acho que seja mesmo esta direção também. Aliás, todos nós precisando de um banho!
-Wow!Obaaaa!
-Não se anime, Did, seu taradinho! Vocês dois vão tomar banho primeiro, depois vou eu sozinha, e não quero ninguém me olhando! Ou vocês terão de fazer uma visita ao dentista logo logo para repor uns dentes, ouviram?
-Vamos logo então! Disse Pierce, apressando. O cheiro dele estava insuportável.
Desceram uma pequena ravina, onde encontraram uma clareira, e um simpático (pelo menos à primeira vista), laguinho.
Do outro lado do laguinho, numa praia de dimensões generosas, encontraram uma pequena colônia de Lambeossauros.
Os filhotes mais crescidos brincavam alegremente na água.
-Que gracinha! Exclamou Crys extasiada. Aquela cena, com o jogo de raios do sol refletindo nas árvores e na água, os simpáticos dinossauros bico de pato cor de vinho com zebrados brancos irradiando nas costas, as cristas vermelhíssimas, os olhos de um verde profundo, que expressavam uma docilidade sem par, os filhotes tão engraçadinhos, a água fresca, a brisa suave, tudo refletia um clima poético.
-Eles estão em paz. Será que não vamos perturbá-los?
-Normalmente sim, mas ,esta vendo aquela fêmea enorme no centro da colônia? Ela é a chefe do bando. A mais velha, e ela me conhece. Eu a colocava no colo quando ela era só um filhotinho. Uma das primeiras lambeossauros recriadas. Espere, ela já me viu. E acho que ela me reconheceu. Como eu disse a vocês, este bando conhece gente. Vem, menina, vem! Lamby, Lamby, você me reconhece ainda, depois de todos estes anos? Vem ,Lamby, vem, garota!
E Lamby veio. Como se uma parede viesse à ela. Doze metros de comprimento, quatro de altura nas quatro patas, três toneladas.
É sempre um pouco assustador, ver assim ,um animal tão grande vindo até nós, mas Crys sabia que se tratava de um pacato e manso herbívoro, que não a faria mal.
Ela quis encostar sua cabeçorra no ombro da menina, que vergou com o peso.
Lamby se deixou agradar , e demonstrou seu carinho lambendo os cabelos de Crys, eternecida, de olhos úmidos. Quando pela olhou nos olhos do dinossauro e percebeu uma lágrima, que só podia exprimir uma palavra, saudades, ela caiu no choro de vez, e abraçou a velha cabeça áspera de Lamby.
Didier e Pierce também estavam comovidos.
E de repente, o velho dinossauro levantou a cabeça e deu um mugido trovejante:
-Uuuuuuuuuoooooooooooooooooo!
Todo o bando, uns trinta indivíduos ,vieram até eles, e os cercaram.
Eles se deixavam agradar com simpatia, e os filhotes, sempre curiosos, não se fizeram de rogados e ficaram brincando com os os três adolescentes.
Os três tomaram banho, e a vigilante e esperta Lamby se transformou em uma verdadeira muralha viva, que vedou as cenas de Crys, nua, tomando banho no laguinho e brincando com os filhotes, aos olhos desejosos dos garotos, decepcionados.
Repentinamente, outro mugido trombeteante violou o ar:
-Wuuuwoooooo!
(por Continuar)
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Moderado por Cristiano Camargo