Foto ilustrativa

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Minissérie:Antes daquela fria manhã de Outono-Episódio 13



Episódio 13



Aquela manhã em que Maki chegou ao orfanato ela nunca mais se esqueceu.Trazida pela assistente social designada  pelo Juizado de Menores,ela foi entregue para  a temida Senhora Miyasaki,dona e  gerente do orfanato que levava seu nome.
Ela era uma mulher de cinquenta e cinco anos,rígida, ríspida, tradicionalista, exigente, autoritária, insensível, dura como rocha, com um coração de gêlo,que nunca sequer namorou,quanto menos casar,com temperamento imprevisível e tempestuoso, dona de um olhar  tétrico,e de uma severidade e ditatorialidade nazistas, impondo uma disciplina ainda mais rigorosa do que a exigida dos militares.Com ela não havia perdão nem clemência para nada, muito menos compreensão ou tolerância,mas preconceito havia de sobra.Para piorar, era extremamente inteligente, e comandava as garotas do orfanato com mãos de aço.
Só de olhar para aquela mulher altiva, elegante, magra, ossuda ,de cabelos  curtos e negros e olhar feroz, Maki já ficou apavorada!
Parecia que ela estava entrando num presídio, e o prédio cinzento e sem graça em nada ajudava a desfazer aquela imagem.
Porém, aquele lugar tinha seus segredos sagrados, muito bem guardados.
E as crianças e adolescentes, todas do sexo feminino,que ali habitavam,também pareciam cinzentas e sem graça como o prédio.
Na verdade, existia ali dentro uma elite, daquelas que eram as "Preferidas da Senhora Miyasaki": em especial a líder delas,Mei Miyasaki, a sobrinha da dona do orfanato.Esta não estava ali para adoção:a tia dela a colocou lá para que fosse seu "braço direito", e denunciasse todas que saíssem da linha, e com autorização para punir como quisesse quem não fosse do seu agrado.Mei montou, com as outras  três "Preferidas", o chamado "Esquadrão Disciplinar Punitivo", e quem fosse "eleita" para sofrer ainda mais do que se já se sofria corriqueiramente ali,com as punições mais abjetas e absurdas,podia até morrer.Havia até um boato de que uma interna teria morrido na instituição há muitos anos atrás, mas nunca se obteve provas.O caso foi engavetado como sendo suicídio e a menina diagnosticada como esquizofrênica,mas nunca se soube se era esta de fato a verdade.
Havia, na instituição, até uma pequena prisão secreta, no porão, e uma solitária também.
A sra. Miyasaki agradeceu ríspidamente, e com pose arrogante, a assistente social, e pegou Maki pelo pulso, apertando-o com fôrça, arrastando-a para dentro.
A mnina foi levada ao escritório da gerência, onde foi obrigada a responder um breve questionário quase gritado pela Sra. Miyasaki.Depois ela chamou sua assistente, a Senhorita Koyama.Esta conduziu Maki até o quarto das internas: era um imenso quarto coletivo, com uns cinquenta metros de comprimento, por dez de largura, com dezenas de camas de solteiro.Na verdade não eram exatamente o que se podia chamar de camas: eram camas de campanha militares, duras como pedra e extremamente desconfortáveis, e poucas tinham travesseiros, roupas de cama e cobertores.Havia uma hierarquia tipo militar ali, e as novatas mal tinham direito a uma cama, imaginem ao resto.Conforto, só para s veteranas.
As do Esquadrão Disciplinar, honraria máxima, só perdendo em autoridade para a Assistente e a Gerente,tinham quartos separados só para si, e camas de casal com colchões de molas, além de banheiros privativos.Todas as outras tinham que dividir um único  grande banheiro,com apenas quatro chuveiros e uma única bacia sanitária para as necessidades fisiológicas.
Outra ocorrência secreta  ali era a prática do lesbianismo, comandada por Mei.Este fato, porém, era escondido da Gerente e da Assistente, que nada sabiam,e quem sequer sonhasse em denunciar, era advertida de que seria punida com a morte.
Maki chegou ao quartão, e as garotas ali, que tinham entre cinco e dezessete anos de idade,a maioria delas, pareciam serem absolutamente caladas e infelizes, totalmente submissas.Mas as veteranas pareciam mais felizes, com, no entanto, um brilho maléfico nos olhos,olhar de extrema arrogância e prepotência.
Ao  ter a sua cama indicada, e depois ouvir as instruções de que deveria guardar suas roupas e pertences no cesto de vime que havia debaixo da cama, informada dos horários de café da manhã, almoço e janta, e depois que toda a ladainha de descrição de todas as tarefas diárias que teria de se empenhar, Maki esperou a Assistente sair do quarto para finalmente deita-se de bruços e chorar copiosamente.
O ar era abafado, só havia uma única janela pequena com grades,por onde não entrava muito ar,e ninguém sentiu pena dela ou tentou consolá-la.Todas ali pareciam frias e duras como pedras.

(Por continuar)

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